Advogado militante (com 40 anos de inscrição na OAB), com especialização em Processo Tributário Administrativo, ex-policial federal e funcionário público aposentado, atualmente residindo em João Pessoa (PB), o ex-atacante Edson Carneiro da Costa foi o meu entrevistado da semana.
Filho de uma das lendas do futebol seringueiro dos anos mais antigos do passado, no caso o lateral Pedro Sepetiba, Edson Carneiro jogou, entre os anos de 1966 e 1975, em três grandes equipes acreanas: o Grêmio Atlético Sampaio (GAS), o Rio Branco e o Juventus. Jogou e fez inúmeros gols!
O pai Pedro Sepetiba, aliás, foi tão importante para o futebol regional que virou até personagem do cronista Armando Nogueira, acreano de Xapuri, que migrou para o Rio de Janeiro em 1944 e se transformou, poucos anos depois, num dos maiores craques da literatura esportiva brasileira.
De acordo com Armando Nogueira, numa crônica publicada na primeira metade da década de 1950, “Sepetiba era o terror dos bolivianos, preto de raça que nunca fugia do jogo, fosse em Rio Branco ou em Cobija, em cujos campos costumava sangrar uma terrível realidade de fronteira.”
Mas voltando ao Edson, que esta crônica é sobre o filho e não o pai, dois detalhes da nossa conversa me chamaram a atenção: o vale tudo que perpassava as atitudes dos dirigentes dos times tradicionais de Rio Branco e a prática do doping que grassava no futebol acreano, na década de 1970.
Sobre o vale tudo, de acordo com o Edson, o mais recorrente era subornar as equipes de arbitragem. Literalmente, ele disse que “naquela época, pra mim, todos os juízes eram suspeitos contra o Juventus”. E até árbitros que vinham de fora apitar decisões, segundo ele, eram comprados.
No que diz respeito ao uso de doping, o ex-atacante disse que presenciou várias vezes jogadores fazendo uso de estimulantes químicos para correrem mais dentro do campo, sendo os medicamentos preferidos uma anfetamina chamada Desbutal e um injetável denominado Glucoenergan.
Esse tal Glucoenergan, cujo finalidade era, ao mesmo tempo, suprimir o apetite e garantir mais energia aos usuários, a propósito, causou estragos inimagináveis. Conta-se que os caras passavam a mesma seringa de braço em braço. E aí, anos depois, a grande maioria foi diagnosticada com hepatite.
Concluímos a conversa com o Edson me dizendo o quanto o futebol acreano já foi pródigo de craques. E aí ele citou uns tantos… “Pedrito, Tinoco, Bolinha, Mustafa, Mauro, Deca, Curica, Palheta, Flávio, Dadão, Boá, Carreon, Euzébio, Elísio, Bico-Bico, Nilson, João Carneiro… Muitos!