O ex-atacante Edson Carneiro em foto atual. Foto/Acervo Edson Costa.

Edson Carneiro – Três times e muitas vitórias na carreira de um atacante goleador

Francisco Dandão

O primeiro jogador da família Costa a fazer sucesso no futebol acreano foi o patriarca Pedro Sepetiba, lateral do tipo de não levar desaforo pra casa, nas décadas de 1940 e 1950. Dois filhos seguiram os passos dele e marcaram época nas pelejas dos finais de semana no estádio José de Melo: João Carneiro e Edson Carneiro, ambos atacantes e de faro apurado para o gol.

Edson, o personagem desta matéria, nascido em Rio Branco, no dia 28 de agosto de 1947, vestiu a camisa de três times, entre os anos de 1966 e 1975: Grêmio Atlético Sampaio – GAS (equipe ligada à 4ª Companhia de Fronteira), Rio Branco e Juventus. Nos dois primeiros, ele jogava como centroavante. No terceiro ele foi deslocado para jogar na extrema-direita.

Antes de vestir as camisas de equipes “federadas”, porém, na adolescência, segundo contou, ele foi goleiro de um time organizado pelo saudoso jornalista esportivo Albertino Chaves. “Havia tanta gente boa no time do Albertino que não me sobrou outra opção que não fosse jogar no gol. Eu até que me saí bem, mas logo que possível fui ser atacante”, disse Edson.

A convocação para assumir o comando de ataque do juvenil do GAS se deu quando Edson Carneiro entrou no Exército. O técnico se chamava sargento Assis e o atacante se deu bem logo na estreia, com o seu time batendo o Vasco da Gama por 2 a 0. Vários jogadores daquele time fizeram história no Acre. Casos, além dele, de Palheta, Asfury, Romeu e Hélio Pinho.

Grêmio Atlético Sampaio – GAS (juvenil) – 1966. Em pé, da esquerda para a direita: Rosimar, Arthur, Asfury, Palheta, Romeu, Hélio Pinho e Sargento Assis (técnico). Agachados: Vasconcelos, Edson Carneiro, Abelardo, Arivaldo e Aldo. Foto/Acervo Edson Costa.
Rio Branco – 1969. Em pé, da esquerda para a direita: Alício Santos (técnico), Lourival Marques (presidente), Danilo Maia, Jones, Stélio, Valentim, Zé Carlos, Marcondes, Viana, Barrinho (diretor), Adonay Santos (diretor), José Ferraz (diretor) e Álvaro Ferraz. Agachados: Ivo Neves, Bira, Ernane Petroleiro, Bruno Couro Velho, Grassy, Woston e Edson Carneiro. Foto/Acervo Francisco Dandão.
Juventus – 1972. Em pé, da esquerda para a direita: Deca, Mustafa, Pope, Hermínio, Pingo Zaire e Antônio Maria. Agachados: Edson Carneiro, Carlitinho, Elísio, Nilson e Carlos Mendes. Foto/Acervo Elísio Mansour.
Juventus – 1972. Em pé, da esquerda para a direita: Vute Vilanova, Hermínio, Mauro, Deca, Elias Mansour (presidente), Milton, Mustafa, Pingo Zaire, Eliézio, Carlos Mendes, Filogônio e Joaquim Cruz (diretor). Agachados: Nilson, Bina, Walter Prado, Wagner, Carlitinho, Edson Carneiro, Laureano e Antônio Maria. Foto/Acervo Francisco Dandão.
Juventus – 1974. Em pé, da esquerda para a direita: Antônio Maria, Pingo Zaire, Zé Maria, Milton, Mustafa e Mauro. Agachados: Laureano, Nilson, Edson Carneiro, Walter Prado e Hermínio. Foto/Acervo Francisco Dandão.

Adversários chatos e um gol para não esquecer

Edson Carneiro listou dois adversários como os que mais lhe causavam dificuldades dentro de campo: Flávio e Stélio, ambos laterais-esquerdos, respectivamente do Independência e do Rio Branco. O primeiro, por ser muito técnico e antever o lance, procurando chegar à frente dos ponteiros. E o segundo pela extrema violência com a qual ia em cada jogada.

“Travei bons duelos com o Flávio e com o Stélio. Mas acho que me saí bem tanto contra um quanto contra o outro. Contra o Flávio, que era do Independência, o Juventus, meu time, ganhou boa parte dos confrontos. E contra o Stélio, no início dos anos de 1970, titular do Estrelão, apesar dos pontapés que ele desferia, jamais me mandou para o estaleiro”, disse Edson.

Fac símile do Jornal O Rio Branco de 1972.

Adversários à parte, Edson falou também dos seus maiores parceiros dentro de campo. De acordo com o ex-ponteiro/centroavante, “no Juventus nós formávamos uma verdadeira família, mas eu posso afirmar que os meus mais chegados eram o Mustafa, o Carlos Mendes, o Pingo Zaire e o Hermínio. Tudo gente boa e caras que tratavam a bola com intimidade”.

No tocante ao seu gol inesquecível, ele afirmou que foi jogando pelo Juventus, em 1972, num amistoso contra o Mixto de Cuiabá. “A gente jogava nos sistemas 4-2-4, para ir ao ataque, e 4-4-2, para se defender. Atraíamos o adversário e saíamos rapidamente quando roubávamos a bola. Numa dessas o Hermínio me lançou em velocidade e eu não desperdicei”, disse Edson.

Nomes importantes e árbitros suspeitos

Edson não quis escalar uma seleção acreana de todos os tempos. Ele disse que a memória poderia traí-lo. Mas não se omitiu a citar os nomes de um monte de craques. Casos de, entre outros, Zé Augusto, Pedrito, Tinoco, Pope, Mustafa, Mauro, Antônio Maria, Deca, Curica, Palheta, Flávio, Dadão, Boá, Carreon, Euzébio, Elízio, Bico-Bico, Nilson, João Carneiro…

Curso de Direito – 1974. Em pé, da esquerda para a direita: Cláudio, Walter Prado, Nilo Maia, Wandenberg, Oscar Fecury, (…), Luís Carlos e Pedro Paulo. Agachados: Zé Bezerra, Guiomar, (…), Damásio, Edson Carneiro e João Aguiar. Foto/Acervo Francisco Viana.

Quanto ao maior dirigente e ao melhor treinador com os quais trabalhou, Edson cravou os nomes de, respectivamente, Elias Mansour Simão Filho e José Aníbal Tinoco. “O Elias, mais do que dirigente, era um educador por excelência. E o Tinoco tinha capacidade de ensinar e ensaiar jogadas, bem como de mudar um jogo no intervalo”, garantiu o ex-atacante.

Já dos árbitros, Edson Carneiro não guarda boas lembranças. De acordo com ele, “naquele tempo todos os árbitros eram suspeitos contra o Juventus. Inclusive quando vinham de outros estados. Teve uma decisão nossa apitada pelo árbitro paulista Oscar Scolfaro em que ele não nos deixou jogar. O jogo ficou empatado e acabamos perdendo na disputa de pênaltis”.

Ex-policial federal, advogado de carreira (40 anos de inscrição na OAB), especializado em Processo Tributário Administrativo, e funcionário público aposentado, o ex-atacante Edson Carneiro mora hoje em João Pessoa, com a esposa Diana e a filha Elisa. Planos para o futuro? Ele disse que só quer mesmo cuidar da família e desfrutar de “uma velhice airosa”.

Fax símile da página de Esportes do Jornal Opinião de 21 de fevereiro-2021.
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