Em um mundo machista, os fatos acabam por reforçar uma triste realidade

Ana Paula de Oliveira foi uma grande auxiliar, vulgo, bandeirinha.

Suas atuações dentro de campo, em sua grande maioria das vezes, foram acima da média.

Na sua época, também havia outros profissionais no mesmo patamar de eficiência.

Certamente o fato de ser uma bela mulher fez com que ganhasse maior destaque que qualquer outro profissional que tivesse competência similar.

Ela não tem culpa disso.

Também cometeu erros, como todos os outros.

Sua atuação na partida válida pela Copa do Brasil entre Botafogo e Figueirense, em 2007, acabaram por dar o fim a sua carreira.

Cabe lembrar que não houve erros clamorosos naquela partida.

No entanto, as ofensas dos dirigentes da equipe carioca, eliminada naquela ocasião, amplificaram, e muito, as consequências daquele dia.

Ana Paula foi injustamente afastada.

Creio que isso tenha a motivado a partir para outros voos.

A revista Playboy foi um deles.

Estava selado o fim de sua carreira.

Tentou voltar a ser auxiliar pela Federação Paulista de Futebol.

Não conseguiu.

Reprovada inúmeras vezes, sempre nos exames físicos.

Foi atrás de uma formação acadêmica.

Conquistou o diploma de jornalista.

Ainda assim foi vitima de preconceito em encontro realizado no Museu do Futebol.

“Como uma mulher que posou para a Playboy pode vir aqui falar sobre futebol.”

Particularmente, presenciei este lamentável episódio.

Como diria Juca Pirama: “Meninos, eu vi”

Também tentou o mundo das celebridades.

Participou de duas edições do Reality Show da Rede Record de Televisão, a Fazenda.

Em ambas as ocasiões, sua participação se resumiu a poucos dias.

De qualquer forma, esta experiência resultou em novas oportunidades no ramo televisivo.

Em 2012, passou a ser comentarista esportiva em Minas Gerais.

Possui uma agência que desenvolve sites e aplicativos WEB.

Também faz participações em jogos comemorativos e em empresas.

Está na luta como qualquer outra pessoa.

Eis que esta semana, me surpreendo com a seguinte notícia no site da CBF:

Ana Paula Oliveira é a nova diretora-secretária da Escola Nacional de Arbitragem de Futebol. A ex-árbitra assistente FIFA – de 2004 a 2008 – será responsável por organizar a reciclagem e atualização dos árbitros de cada federação: esses árbitros serão selecionados pela Comissão de Arbitragem…

Pois é.

Uma história, difícil, de engolir, para quem ainda achava que ela, realmente, estava na luta como qualquer outra pessoa.

Me fez lembrar outra história… de uma jovem que em 2010, ao visitar a sede da Federação Paulista de Futebol para saber sobre um curso de arbitragem, foi convidada a fazer um teste para gravar pequenas matérias para o site da entidade e em breve será a Primeira Dama…

O machismo saiu vencendo novamente.

As mulheres perdem, e muito…

Infelizmente.

um grande abraço