As suspeitas de compra da candidatura dos Jogos do Rio 2016, que fez a Polícia Federal ir à casa de Carlos Arthur Nuzman, eram esperadas alguma ação. Porém, o suposto delito do presidente do COB comparado com o caso de Ricardo Teixeira têm diferenças de tratamento inquietantes, o que faz parecer que o Ministério Público optou pela conveniência.
O Comitê Olímpico Brasileiro (COB), o qual Carlos Nuzman dirige, possui menos força econômica do que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), presidida entre 1989 e 2012 por Ricardo Teixeira. Ressalta-se que Nuzman também se perpetua no poder do COB faz tempo – desde 1995.
O primeiro escândalo grande que surgiu na vida como dirigente à frente do Comitê foi muito parecido com que implicam cartolas da CBF: operações suspeitas com fornecedores.
Agora, tem a suspeição em torno da venda da candidatura da Rio 2016. Juntando esses dois casos, que são pontos importantes a serem apurados com rigor pela Justiça, vale lembrar que o último partiu de uma investigação feita na França envolvendo a Associação Internacional de Federações de Atletismo, cooptada para apoiar os Jogos no Rio.
Já Ricardo Teixeira é acusado pela justiça norte-americana de corrupção desde 2015. De outro país, a Espanha, também foi acusado de corrupção e pedido ajuda ao Ministério Público brasileiro para apurar os fatos. Os Estados Unidos tiveram depois de escândalo FIFA dificuldade de pedir intercâmbio de informação com o Brasil por conta de embargo de documentos feito pelo poder judiciário brasileiro – o similar espanhol também suspeita de boicote aqui na ação daquela país contra Teixeira.
O fato é que Ricardo Teixeira já deveria ter tido uma investigação dura pelas autoridades brasileiras antes de Nuzman pelo que já se apurou lá fora das ações ilegais do ex-presidente da CBF. Mas por que isso não ocorreu?
Essa é a pergunta que não tem resposta clara, mas aponta uma justiça brasileira de atuação conveniente e que dá a impressão de proteger um lado em detrimento do outro – ou sem igualdade de tratamento. As suspeitas da seletividade indicam para um vespeiro muito maior e poderoso no problema da CBF do que do COB.
O fato é que Nuzman foi engolido por que, apesar de tudo, é peixe menor para os interesses maiores das autoridades. Ou a Justiça muda ou sentiremos eternamente inseguros com essa seletividade que recrudesceu no poder judiciário nos últimos anos.