FRANCISCO DANDÃO
Nascido em Rio Branco, no dia 30 de setembro de 1963, numa família de seis irmãos (quatro homens e duas mulheres), o acreano Ericson Costa Gomes passou a infância e parte da adolescência dividido entre os bancos escolares e as brincadeiras nas inúmeras ruas de tijolos do bairro do Bosque. Dessas brincadeiras surgiu a bola de futebol como companheira inseparável.
Ericson cresceu batendo peladas em todos os campinhos do bairro onde morava. Mas o principal local que viu a sua habilidade com a perna esquerda ir aumentando dia a dia foi um pequeno espaço de pouca grama e muita terra batida, em frente à Maternidade Bárbara Heliodora, num terreno baldio onde todas as tardes se reunia um grupo de outros jovens bons de bola.
“Tinha muito garoto ‘fera’ que frequentava o campinho da maternidade. As peladas de todos os finais de tarde eram bem concorridas. Com o tempo, o local passou até a ser visitado por olheiros dos clubes para ver a pelada. E muitos garotos, como eu, o Mariceudo e o Paulinho acabaram sendo convidados para jogar nos principais times do estado”, contou Ericson.
Foi por conta de um desses olheiros que Ericson, um belo dia de 1979, foi levado para o Rio Branco, cuja base era dirigida pelo técnico Illimani Suares. “Fui muito bem recebido por todos no Estrelão. Tanto que fiquei por lá até 1982, quando comecei a ser convocado para partidas no time principal. Nesse período, eu ganhei tudo nas divisões de base”, falou o ex-craque.
Convite para jogar no Paraná
Aos 19 anos, ainda com idade para jogar nos juniores, Ericson começou a ser relacionado para o time de cima do Rio Branco. Os diversos técnicos que passaram pelo clube à época entendiam que ali estava um jovem de futuro promissor no futebol. Tanto que, embora não fosse titular absoluto, lá pelas tantas ele foi convidado para um período de testes no Londrina-PR.
“Quem quis me levar para o Londrina foi o técnico Ticão. Mas aí aconteceram duas coisas. Primeira: minha mãe se opôs de forma categórica. Não teve jeito de convencê-la a me deixar ir. Como eu era menor, só poderia viajar com o consentimento dos pais. Segunda: logo em seguida eu passei num concurso para o funcionalismo público”, explicou o canhoto Ericson.
Foi esse ingresso no mercado de trabalho, aliás, que brecou a carreira de Ericson como jogador de futebol. É certo que ele ainda permaneceu em campo até 1988, jogando sucessivamente por Internacional, Amapá, Vasco da Gama e SNFC. Mas tudo de maneira, digamos, bem descompromissada, praticamente sem treinar e quase só se apresentando para os jogos valendo.
“Eu tinha a consciência que o futebol era só uma fase na vida da gente. Assim, eu não podia negligenciar as minhas atividades como funcionário público para me dedicar aos treinos. Fiz a minha opção e não me arrependo disso não. Eu tinha potencial para chegar longe como jogador, mas eu sabia que podia dar certo ou não. Acho que fiz a escolha certa”, afirmou Ericson.
Grandes nomes do futebol acreano
Ericson, que chegou a frequentar várias seleções de juniores, no começo da década de 1980, não hesitou em escalar um time dos melhores jogadores do futebol acreano do seu tempo. Para ele esse time formaria com: “Klowsbey; Mauro, Neórico, Paulão e Duda; Emílson, Dadão, Mariceudo e Carlinhos Bonamigo; Antônio Júlio e eu, claro”, garantiu o ex-atacante.
Quanto às figuras dos mais competentes dirigente, técnico e árbitro, Ericson escolheu, respectivamente, Sebastião Alencar, Illimani Suares e José Ribamar. “O seu Alencar era um dirigente muito humano e gostava dos meninos da base. O Illimani era muito amigo e excelente profissional. E o Ribamar, além de saber tudo de arbitragem, apitava brincando”, disse ele.
Uma dessas brincadeiras do árbitro José Ribamar até causou a única expulsão da carreira do Ericson. Foi num jogo entre Amapá e Rio Branco. O então atacante defendia o Amapá e, lá pelas tantas, ficou “numa roda” de jogadores do Rio Branco. O árbitro chamou ele de “pato” e o mandou “sair da roda”. Ericson revidou com um xingamento. Foi expulso na mesma hora.
Por último, o ex-atleta não se omitiu a dar dois conselhos. Um deles para os meninos que pretendem se firmar na profissão de jogadores de futebol: “Ter muita humildade e foco. Sem isso, nada acontece”. O outro para os dirigentes do futebol acreano: “É primordial investir e cuidar com carinho das divisões de base. É na base que está o futuro”, finalizou Ericson.