Estaduais

Aos poucos vão começando os campeonatos estaduais de 2020. Uns aqui, outros ali, alguns com mais times, outros com menos times, os estaduais, entre outras coisas, servem de aquecimento para os torneios regionais e nacionais que vêm em seguida, na sequência da temporada.

Existe uma grande massa de críticos que defende o fim dos campeonatos estaduais. Para estes, os jogos, na sua maioria, são deficitários e não servem para muita coisa, do ponto de vista relativo às questões táticas e técnicas. E ainda sobrecarregam as pernas dos jogadores mais qualificados.

Mas existe, na mesma proporção, muita gente que defende a permanência desse tipo de competição. E as razões desta parcela de palpiteiros/comentaristas também são as mais variadas, sendo, talvez, a principal delas a oportunidade de empregar um grande número de atletas.

Eu faço parte do segundo grupo. Isso porque, além de tudo, muitas são as equipes que só existem por causa dos estaduais. Equipes que estão na estrada há muito tempo, batalhando para manter os respectivos nomes vivos, na base da força de criaturas abnegadas, praticamente sem estrutura alguma.

Esses caras que carregam nas costas os seus times do coração são, eu diria, verdadeiros heróis da resistência. Não ganham nada, financeiramente falando. Ao contrário disso, até metem a mão no bolso só pelo prazer de ver o seu time em campo. Vivem com o “pires na mão”, em busca de um trocado.

E para esses que eu chamo de heróis da resistência, os campeonatos estaduais são a única oportunidade de manter acesa a mística das cores dos seus clubes, levar o nome para a frente, não deixar que o esforço daqueles que os antecederam seja jogado na lata do esquecimento da história.

Além do mais, alguns clássicos, levando em conta que muitos clubes não conseguem vaga nas competições regionais ou nacionais, só podem acontecer mesmo nos campeonatos estaduais. Aí é quando as rivalidades locais são exercidas e a lembrança do passado aflora viva e plena de cores.

E mais outra coisa: para muitas (mas muitas mesmo) equipes fortes em nível regional a única chance de levar um título para sua história e um troféu para suas vitrines é o campeonato estadual. Essas até jogam competições nacionais, mas só mesmo como, digamos, figurantes de luxo.

É isso. Eu sou favorável aos campeonatos estaduais, ainda que a arte, como disse o ex-secretário nacional de cultura, de postulações nazistas, como queria Goebbels, não seja heroica, nem romântica, nem muito menos nacionalista. O futebol é arte, mas só tem a ver com o lúdico e com o sonho!