O confuso regulamento do Campeonato Carioca é fruto da permanente preocupação dos dirigentes em tirar a competição do limbo. Daí ficam todo ano confabulando um jeito de torná-la atraente.
No fim, dá chabu. Aquilo que se fez lá atrás com o objetivo de evitar desinteresse e críticas acaba virando um problema maior.
Fico imaginando como as federações trabalham para atender a todo tipo de interesses para estabelecer a competição.
Tem que acomodar conveniências de clubes grandes e pequenos, patrocinadores, apoiadores, fornecedores, televisão e outras forças político-econômicas que orbitam em torno dos campeonatos estaduais.
Gasta-se meses para fazer um grande esforço e arranjo para que a competição não seja mais uma vez apontada com defeitos de organização. Mas aí, dá-se início aos jogos com poucos torcedores e baixa qualidade no futebol. Iniciam-se um pouco depois alguns problemas de arbitragem.
Os clubes grandes que disputam competições paralelas muito mais importantes e onde a grana fala alto, como a Libertadores e Copa do Brasil, vão realizando suas partidas com times mistos e reservas.
Do meio para frente têm-se a fase decisiva. Os olhos do torcedor se abrem à competição. Mais pessoas se juntam em torno da televisão aos domingos. Os estaduais finalmente ganham intensidade e relevância para todo mundo.
Mas aí, aquilo que era um probleminha de arbitragem passa a virar crise por que, afinal, tem se jogos decisivos e erros não podem se repetir. Os estádios até enchem, mas as confusões fora deles revelam mais uma vez a incapacidade de o país dar segurança às pessoas em área pública.
Os clubes que disputam duas competições agora entram em modo máquina: joga aqui, faz uma longa viagem, atua, volta, vai para o tudo ou nada…
Nota-se em meio ao caos que o regulamento é repleto de imprecisões. Mas aí não dá mais tempo para consertar. Já foi assinado.
Agora é esperar que até a final da competição nada de pior acontece dentro e fora de campo.
Entra ano, sai ano, e os campeonatos estaduais têm sempre esse fatídico roteiro. Isso definitivamente não é normal. Saem demais da curva.