Exercício de memória

Rio Branco e Atlético, os dois representantes do Acre na série D do campeonato brasileiro deste ano, ao lado do Juventus e do Independência, ambos atualmente fora dos gramados, são sem dúvida alguma as quatro maiores instituições do futebol acreano. Quatro lendas de tradição e paixão!

Quem acompanha os campeonatos acreanos desde a segunda metade da década de 1960, como é o meu caso, sabe muito bem do que é que eu estou falando. Durante uns bons vinte anos, foram travados confrontos memoráveis entre essas quatro agremiações. Clássicos de raça e emoção!

Esses quatro times abrigavam craques de tantos recursos técnicos que as suas performances permanecem vivas nas memórias de todos os que tiveram a ventura de testemunhar aqueles tempos áureos. As tardes de domingo no estádio “José de Melo” eram ilhas de fantasia para o torcedor!

Qual o adepto do Juventus que não lembra o que o Dadão fazia com a bola? E junto com ele, denominado com razão o “Deus do futebol acreano”, como esquecer o futebol do Emilson, do Mauro, do Julião, do Carlinhos Bonamigo, do Antônio Maria, do Mariceudo, do Nemetala…?

Qual torcedor do Independência, daqueles que acenavam para os seus ídolos com folhas de mangueira, poderia esquecer aquele timaço de 1974, escalado com Zé Augusto; Chico Alab, Deca, Palheta e Flávio; Escapulário, Aldemir Lopes e Augusto; Bico-Bico, Rui Macaco e Júlio César?

Qual fanático atleticano poderia esquecer Fernando Diógenes, Zelito, Maurício Bacurau, Euzébio, Hélio Pinho, Mário Mota, Nirval, Edgar, Bené, Pitico, Paulão, Tidal, Pintão, Carlão, Cidico, Belo, Vanginho, Toinho, Valdir, Gilmar, Chiquinho, Manoelzinho, Targino, Tadeu… Qual?

E, por último, fechando o ciclo, qual riobranquino dos tempos mais antigos poderia esquecer craques como Padreco, Lelê, Evandro, Touca, Espanhol, Bruno Couro Velho, Nino, Eli, Cleiber, Chicão, Antônio Leó, Pedro Feitosa, Fernandinho, Vale, Nostradamus, Illimani, Vute… Qual?

Lamentável e equivocadamente, Independência e Juventus, de tantas histórias e craques, resolveram se retirar de cena nesta segunda década do século XXI. O primeiro, apenas afastado; o segundo, desfiliado da federação. Pode ser que os dois estejam próximos de um melancólico fim.

Quanto ao Rio Branco e ao Atlético, que ambos tratem de botar as barbas de molho, refletindo sobre o tempo presente e projetando o próprio futuro com os pés bem fincados no chão. Os ventos só poderão ser favoráveis se os timoneiros dos barcos souberem onde pretendem chegar!