Explicações

Tenho procurado explicações para as sofríveis atuações da seleção brasileira de futebol masculino nos Jogos Olímpicos de 2016. Foram dois jogos até aqui contra seleções sem nenhuma tradição e, no entanto, nenhuma vitória. Pior do que isso, nem um golzinho nas redes adversárias.

A expectativa da maioria dos torcedores, inclusive eu mesmo, antes do começo da competição, era a de que o Brasil passearia na primeira fase. Jogando em casa contra África do Sul, Iraque e Dinamarca, e com a vocação ofensiva dos seus atacantes, esperava-se uma enxurrada de gols.

Já li a opinião de muita gente sobre o que poderia estar ocorrendo. As explicações variam de acordo com o humor do sujeito que opina e vão desde uma suposta incompetência do treinador até a soberba de alguns jogadores que estariam achando que jogariam mais do que de fato fazem.

As arquibancadas indignadas, seguindo esse raciocínio da deficiência técnica e do salto alto de alguns craques olímpicos, já até compara a Marta, da seleção feminina, ao Neymar, do time dos marmanjos. Compara e diz que a moça joga muito mais do que a super estrela do espanhol Barcelona.

Quando a indignação fala mais alto, o raciocínio fica atrapalhado. Não se pode comparar um e outro. Marta está mesmo jogando o fino da bola. Ela une espetáculo e eficiência, enquanto Neymar anda errando jogadas que não costuma errar. Mas não existe comparação entre os dois.

Ouvi até de um comentarista de televisão que a classificação da seleção brasileira para a Copa do Mundo de 2018, na Rússia, estaria correndo risco, levando em conta as más atuações da seleção olímpica. Para mim a criatura misturou tudo. Uma coisa é uma coisa, e não outra coisa.

É verdade que o Brasil já não joga o melhor futebol do mundo. É verdade que a diferença entre o Brasil e os outros países sofreu uma perigosa aproximação. Mas daí a dizer que tudo está perdido vai uma distância enorme. Uma vitória contra a Dinamarca e o sol voltará a brilhar.

Não creio que tudo esteja assim irremediavelmente perdido. Tá certo que o Brasil precisa arrumar um jeito de furar os bloqueios adversários. Não pode viver indefinidamente de empates. Mas se deve lembrar que as outras seleções metem onze sujeitos no gol quando jogam contra o Brasil.

Sobre as minhas explicações para os dois resultados pífios, eu estou tentado a apostar que o problema foi o local das partidas. O clima de Brasília anda pesado. Ninguém confia em ninguém. Os telefones estão todos grampeados. Se eu tiver razão, tudo será diferente na Bahia. Oxalá!