Acabou o sonho dos times acreanos passarem de fase na Copa do Brasil deste ano de 2019. O Galvez e o Rio Branco receberam, respectivamente, o ABC-RN e o Bahia, na Arena da Floresta, numa incomum rodada dupla. Um perdeu e o outro empatou. Ambos saíram.
Não vi os jogos. Fiquei só acompanhando as atualizações pela internet. Mas, pelos placares apertados, posso deduzir que os visitantes não encontraram nenhum mamão com açúcar pela frente. Em vez disso, quero crer que o osso foi bem mais duro do que eles poderiam ter previsto.
Principalmente o Bahia, time de série A, cheio de jogadores rodados e infinitamente melhor pagos do que os do elenco do Rio Branco, time de série D. No final das contas, o empate em 2 a 2 e os quinhentos paus que sobraram para o Estrelão acreano até que ficaram de um tamanho bem razoável.
O Bahia, aliás, foi o time que mais deslumbrou os meus olhos de menino, na segunda metade da década de 1960. Eu recém havia mudado de Brasiléia para Rio Branco e pela primeira vez fui ver um jogo no estádio José de Melo. Jogo não, melhor dizer uma exibição impecável de futebol.
Naquele tempo, era comum times de grandes centros futebolísticos excursionarem pelo Norte do país, para ganhar uns trocados, nos períodos em que não havia jogos oficiais. O calendário era bem mais flexível do que o praticado atualmente. E então sobrava tempo para se exibir por aí.
O detalhe relevante era que os times acreanos costumavam surpreender os visitantes. Nos times do Acre tinha muita gente boa de bola. Cair no “José de Melo” não significava a morte. Mas neguinho tinha que suar sangue para levar a vitória pra casa. Não foi, porém, o caso do Bahia.
Os baianos desfilaram em campo. Parecia que estavam num salão de danças. Ou num palco. Evoluíam pelo gramado como bailarinos. E não demonstraram preocupação em golear. Nunca vi um toque de bola igual. Eles ganharam aquele jogo por 2 a 1. Mas poderiam ter feito muito mais.
Os tempos agora são outros. Os tempos sempre são outros. Desde que Heráclito explicou que não se mergulha no mesmo rio duas vezes, a gente compreendeu que a história não se repete. Nem mesmo como farsa. E assim, nem o Bahia dá mais show, nem os times do Acre são presa tão fácil.
O sonho de seguir na Copa do Brasil acabou para os acreanos, mas a vida continua. A vida sempre continua. Galvez e Rio Branco tem muita coisa pela frente nos próximos meses. Se houve algum erro crasso nesses confrontos nacionais, dá tempo ainda corrigir. A série D está às portas!