Com certeza o grupo de torcedores do Flamengo não está representado em seus jogos, de ingressos caros e fora do padrão da classe majoritária da torcida rubro-negro.
Já se sabe que 20% dos torcedores de futebol no Brasil são flamenguistas. E desses 20%, mais da metade, ou pelo menos 60%, 70% pertencem às classes C, D e E. É gente sem grana, mas muito apaixonada pelo time carioca no Brasil inteiro.
Trata-se de uma massa de torcedores bem visível na festa da chegada equipe de Lima, com a Taça Libertadores embaixo do braço, percorrendo as ruas do centro do Rio.
Ali, sem precisar gastar um tostão, foram curtir alguns minutos do que viram ao longo do ano pela televisão, ouviram no rádio, acompanharam na internet.
É muito pouco provável que a maioria ali tenha ido ao estádio em 2019 torcer pelos seus craques rubro-negros – ou foi no máximo a duas, três partidas.
A gente vendo o governador do Rio de Janeiro com acesso tranquilo pelo Flamengo, a honraria dada ao vice-presidente da república pelo clube, vamos percebendo um certo desleixo com quem a agremiação deve muita gratidão.
E não é de hoje. É dos tempos onde existia geral no Maracanã. Da época em que molambentos frequentavam as arquibancadas.
Hoje, esses mesmos lugares no emblemático estádio têm cheiro de perfume. É a massa cheirosa com grana para pagar pelos caros ingressos por menos três, quatros vezes ao mês.
Duvido que a maioria dos torcedores do Flamengo tenha condições para isso. Ficam mesmo é num modesto cômodo de casa acompanhando as partidas, ou nos botecos sujos da esquina.
Não precisa ser um gênio para descobrir isso. Pela televisão, vê-se claramente na arquibancada um pessoal bem arrumado, camisas rubro-negras última versão e compradas em lojas oficiais.
Acabaram aquelas camisetas do Flamengo toda furadinha adquirida no camelô da Uruguaiana, os lenços preto e vermelho (mas parecem flanelas) para secar o suor, o cordão de ouro falsificado com um pingente do time no pescoço, as mãos calejadas e o rosto precocemente envelhecidos por conta da vida dura.
Flamengo, largue essa massa cheirosa. Ela não lhe representa. Caia nos braços do povo, de onde você se engrandeceu por esse país afora. É nas mãos dela que está o seu futuro.