Futebol brasileiro parece não ter técnico

Desde que terminou a Copa do Mundo o movimento do futebol brasileiro não indicou grandes mudanças, apesar de se apontar pela necessidade de algo mais consistente em campo.

A permanência de Tite no comando da seleção brasileira pareceu mais pela ausência de um técnico capaz de substituí-lo do que pela sua capacidade de fazer o Brasil retomar o rumo da vitória – como ganhar a Copa América ano que vem, que se realiza em território nacional.

Já antes do Mundial a CBF tratava de adiantar a permanência de Tite, mas a principal virtude do técnico, de ser um grande aprimorador e incentivador de grupo, falhou fragorosamente. Seu principal atleta, Neymar, conseguiu jogar menos que na Copa anterior – quando se esperava o craque alcançar o auge na Rússia.

A falta de comando de um bando de bons jogadores, mas absolutamente absorvidos pela valorização de si próprio, também foi outra deficiência – sabe-se há alguns anos da necessidade de se mostrar influência sob os atletas nacionais que atuam no exterior, um exercício básico para se pensar num projeto de time competitivo.

Chama a atenção a volta de Felipão ao futebol brasileiro, mas especificamente ao Palmeiras. Isso também é um sintoma da falta de novos nomes capazes de implantar estratégias técnicas e táticas aos clubes e da própria seleção.

Definitivamente o Brasil não dá certo com técnicos estrangeiros. A história comprova isso, mas por aqui as apostas são escassas. Não se sabe muito bem o que se esperar de Felipão à frente do Palmeiras, o quanto se aprimorou nos últimos anos e o que pode contribuir à boa equipe palmeirense.

Do Tite já se sabe o que deve acontecer se não conseguir aplicar o que o levou à seleção brasileira – como excelente motivador e da busca do melhor desempenho. Ressalto que o discurso do técnico, para mim, sempre foi confuso. Ele não tem clareza na narrativa, mas curiosamente funciona bem no futebol – comprovado pelos resultados conquistados ao longo da carreira por clubes brasileiros.

Ficou a ideia passados poucos dias do Mundial de que a reação da derrota na Rússia foi ainda pouco assimilada no sentido de se transformar em algo positivo a curto prazo. Por outro lado, a CBF pouco se manifestou, mostrando falta de iniciativa em propor novos rumos e incapacidade de liderar um projeto diferente.

Sinceramente se esperava palavras e ações mais fortes para se acreditar numa nova direção ao futebol brasileiro, depois de mais uma decepção.