Gersey Pato Rouco em foto atual. Acervo/Gersey Bandeira

Gersey – Lateral de boa técnica que encerrou a carreira precocemente

MANOEL FAÇANHA

Revelado para o futebol pelas mãos do zagueiro Ricardo Lopes, então técnico da base do Atlético Acreano, em meados dos anos de 1980, o lateral esquerdo Gersey “Pato Rouco” ascendeu rapidamente ao time principal do Galo Carijó, com apenas 15 anos de idade (ele nasceu no dia 27 de julho de 1969)

A estreia, segundo ele, ocorreu na temporada de 1985, quando o Atlético Acreano atropelou o Andirá por 5 a 0, pelo Campeonato Acreano. “Fui escalado no meio campo e o nervosismo era grande, mas aos poucos fui ganhando confiança e fiz uma ótima partida, apesar da pouca idade”, recorda o jogador.

No clube celeste, Gersey ficou quatro temporadas (1984-1987), três delas na equipe principal. O ano de maior alegria ocorreu na temporada de 1987, quando o Galo Carijó amargava um jejum de 19 anos sem erguer o troféu de campeão acreano. “Foi um título memorável para os jogadores daquele elenco atleticano. Os nossos nomes estão inscritos na história do clube para sempre, algo que me deixa muito orgulhoso.

Atlético Acreano – 1987. Em pé, da esquerda para a direita: Marcelo Aquino, Gilmar, Gersey, Aníbal, Ricardo e Tidal. Agachados: Tinda, Carlinhos Bonamigo, Raimundinho, Dim e Ley. Foto/Acervo Manoel Façanha.
Rio Branco – 1991. Em pé, da esquerda para a direita: Toninho, Ilzomar, Gilmar, Anderson, Chicão e Gersey. Agachados: Merica, Roque, Tinda, Rol e Cangerê. Foto/Acervo Ilzomar Pontes.

Força na marcação, excelência no apoio e um futebol refinado foram ingredientes suficientes para os cronistas esportivos da Rádio Difusora Acreana apontarem o jovem Gersey como o melhor lateral direito do Campeonato Acreano de 1987. Com o futebol em alta, o atleta recebeu na temporada seguinte uma proposta de transferência para o Rio Branco. Segundo Gersey, a proposta era tão boa que não teve como recusar a oferta e migrar para o clube alvirrubro, onde ficou até a temporada de 1991, quando resolveu encerrar precocemente a carreira. “Eu tinha apenas 22 anos, mas o rebaixamento da equipe do Rio Branco no Brasileirão da Série B/1991, associado à separação dos meus pais, mexeu muito com o meu lado psicológico e não tive mais motivação para continuar a carreira de atleta”, recorda ele.

Seleção ideal e o apelido de Pato Rouco

Seleção Acreana – 1986. Em pé, da esquerda para a direita: Rol, Gean, Marcelo Aquino, Henrique, Francisley, Gersey e Dim. Agachados: Fernando, Sérgio Ricardo, Carlos, Ademir e Artur. Acervo Pessoal/Gersey Bandeira.

Convocado para fazer parte da seleção acreana de futebol júnior na temporada de 1985, em Macapá, Jersey não esconde de ninguém que a sua grande inspiração no futebol veio do quinteto formado por Mariceudo, Dadão, Emilson Brasil, Tadeu Belém e Carioca. “Esses caras eram craques de bola e eu não media esforços para assistir eles jogando no José de Melo”, diz o ex-jogador. A respeito da sua seleção ideal, ele escalou da seguinte maneira: Tidal; Gersey, Paulão, Ricardo e Sabino; Gilmar, Carlinhos Bonamigo e Tinda; Antonio Júlio, Dim e Ley. O técnico preferido apontado por ele diz respeito ao professor Júlio D’anzicourt, mas ressalta o trabalho competente do preparador físico Maurício Generoso. “Essa dupla era sensacional. Eles eram do tipo paizão pra gente”, lembra o lateral, elegendo José Ribamar e Antônio Gadelha como dois grandes árbitros do futebol local.

No requisito melhor dirigente, o lateral direito não deixou nenhuma dúvida em eleger o empresário Sebastião de Melo Alencar, ex-presidente do Rio Branco. “O doutor Alencar oferecia do bom e do melhor aos seus jogadores. Isso ia desde melhores hotéis à política salarial em dia, entre outras vantagens que os atletas reivindicavam”, analisa.

Sobre o apelido Pato Rouco, segundo Gersey Bandeira, ele tem origem familiar. “Esse apelido era do meu saudoso pai e, então, o Gilmar e o Tinda passaram a me chamar de Jersey Pato Rouco e, como eu não gostava muito, pegou. Mas hoje aceito naturalmente e com alegria”, disse sorridente o ex-lateral.

Futebol em decadência e planos para o futuro

Casado e pai de quatro filhos (Jeferson, Jéssica, Jorginho e Anna Carolina), Jersey analisa com preocupação o momento do futebol acreano, explicando que, infelizmente, vive-se uma decadência de bons jogadores, investidores e de público nas arquibancadas. “Na minha época o futebol era mais pulmão. Os jogadores tinham mais vontade, além da boa qualidade técnica, onde a maioria tinha a capacidade de desequilibrar um jogo. Gersey lembra que, naquela época, havia somente uma praça esportiva (Stadium José de Melo) para as competições, mas tinha muita adrenalina dentro e fora do campo. “Hoje temos dois belíssimos estádios, mas o nosso futebol vive um momento de decadência de bons jogadores, investidores e público”, explica Gersey

Fac símile do Jornal O Rio Branco de 1991
Fac símile do Jornal O Rio Branco de 1990.

Mesmo com a carreira de atleta profissional encerrada, Gersey, aos poucos, retornou aos gramados, mas para outra função, precisamente de árbitro. O ex-jogador há quase uma década participou de uma clínica de arbitragem oferecida pela Federação de Futebol do Acre (FFAC) e se identificou tanto com o apito que hoje dirige jogos de competições amadoras para fortalecera renda familiar.

Seis de Agosto – 1999. Em pé, da esquerda para a direita: Agleyson, Assis, Gersey, Altair, Michel e Railson. Agachados: Marquinho Amarelo, Jotinha, Edilsinho, Sálvio e Gerson. Foto/Acervo Sérgio Roberto.
O ex-jogador e árbitro Gersey Bandeira (centro) durante competição amadora na Arena Acreana. Foto/Acervo Gersey Bandeira.

Entre os planos para o futuro está cursar uma faculdade na área de Educação Física. Na vida profissional, Gersey trabalha como agente de portaria na empresa JWC, de propriedade do empresário Jebert Willyans. “Meus planos é um dia me formar na área de Educação Física e, pra isso, conto com o apoio do meu patrão, o qual considero como um verdadeiro pai”, disse o ex-lateral.

          Fac símile do Jornal Opinião de 02 de agosto de 2020.