Durante quatro dias dessa semana que recém passou andei batendo pernas por Manaus e arredores. Flanar pelas ruas da capital amazonense não é, necessariamente, uma novidade para mim. Já estive no local por várias vezes. Em cada vez, porém, eis que sempre surge uma esquina nova.
A esquina nova dessa vez, no caso, eu fui descobri-la nos arredores da cidade, mais precisamente num município chamado Paricatuba. Terra onde se pode nadar e dar comida aos botos do Rio Negro. Com medo de ficar encantado eu preferi não cair na água. Vi os botos, mas meio de longe.
Pra falar a verdade, a ideia inicial da delegação a qual eu integrei na excursão à charmosa Paricatuba era apreciar e tomar banho numa cachoeira famosa que existe no local. Quando chegamos lá, nada de cachoeira. As águas do rio de tons escuros literalmente submergiram a dita cachoeira.
Então foi aí que restou o espetáculo dos botos. Espetáculo mesmo. E como ninguém se lembrou de levar uma bola, eles encenaram um balé acrobático para os turistas embasbacados. Um oriental ao meu lado até tirou a amêndoa dos olhos e os transformou em pupilas de alegria juvenil.
Enquanto isso, eu, que havia me comprometido comigo mesmo de ver o jogo entre Manaus e Fast Club pelas semifinais do campeonato estadual, marcado para a noite de quarta-feira, acabei me perdendo num carteado com vetustos seringalistas encontrados no Largo de São Sebastião.
Também não consegui me programar para ver os promissores espetáculos do festival de óperas que estavam acontecendo no Teatro Amazonas. O meu hotel ficava nas imediações do teatro. E, no entanto, todas as noites eu acabei optando pelas delícias da gastronomia regional.
Não ir ao futebol, nem à ópera, confesso, foi um pecado. Confesso que sucumbi a algumas das tentações do paraíso perdido (não mais assim tão perdido, mas vá lá que seja). Por isso não fui ver os craques (força de expressão, viu?) da bola amazonense. Mas tive sim um momento futebol.
Pra falar a verdade, foi um momento de futebol e memória. Justamente num encontro com dois craques (literalmente falando) do passado do futebol de dois estados: Amazonas e Acre. Ninguém menos do que Valdir Silva e Augusto. Dois sujeitos totalmente íntimos da deusa bola.
Valdir e Augusto cansaram de dar aulas de futebol, tanto no Estádio Vivaldo Lima (AM) quanto no Estádio José de Melo (AC). Jogaram tanto que os torcedores mais antigos têm saudades dos dois até hoje. Voltaram para Manaus, mas não esquecem Rio Branco. Corações que batem lá e cá!