Goleadas

As goleadas tem um poder incrível de mexer com as emoções, tanto faz se do ponto de vista do vencedor quanto do derrotado. As goleadas, ao mesmo tempo em que humilham as vítimas, também levam ao paraíso os algozes. E quando falo de goleadas, me refiro a todos os aspectos da vida.

Os placares apertados, do tipo um a zero e assemelhados, acabam deixando margem de dúvidas sobre a certeza do resultado. Nas inúmeras discussões que se seguem a um placar apertado, sempre se pode dizer que o derrotado jogou mais, que o destino foi cruel, que não foi feita justiça, etc.

Já nas goleadas, não. Nas goleadas, por mais que se procurem justificativas, nenhum argumento parece ser suficiente ou plausível para explicar o acontecido. Uma goleada é como um atropelamento. A vítima se descuidou e já era. No instante seguinte o fato está consumado. Acabou!

As goleadas são tão emblemáticas que se uma equipe perder dez partidas por um placar mínimo, no momento em que vencer um só joguinho com folga, todo mundo vai lembrar com mais ênfase, quase que pela eternidade afora, essa única vitoriazinha. As goleadas são redentoras!

Enveredo por esse raciocínio por conta da goleada desferida na noite de segunda-feira (12) pelo Fluminense sobre o Atlético Mineiro, por 4 a 2. Capenga na maior parte do campeonato brasileiro deste ano, eis que o Tricolor das Laranjeiras resolveu jogar bem contra o glorioso Galo mineiro.

E vejam só com os humores mudam, de um instante para o outro, ao sabor de uma goleada. No início desse jogo do Flu contra o Galo, o parceiro Manoel Façanha me liga furibundo, ante o gol dos mineiros, na abertura do placar. No final, entretanto, nova ligação. Essa de plena alegria!

Nas palavras do Façanha, na primeira ligação, o Flu estava a um passo do descenso e o técnico do time não passaria de um reles entregador de camisas. Ao final, apesar de não haver dito, eu penso que ele já achava que o time ficou a um centímetro do título e que o técnico deve ir à seleção.

Como eu também sou torcedor do Fluminense (desde criancinha, viu?), acho que o meu afilhado Façanha está absolutamente certo. Agora que sobreveio essa goleada contra Atlético Mineiro, não importa quantos pontos foram deixados para trás. Agora vai ser uma escalada rumo ao topo.

É isso, por enquanto, meus prezadíssimos e fiéis camaradas de linhas tortas e ideias embaraçadas. Lembrando que a noite de segunda-feira teve outra goleada pra lá de emblemática. Esta desfechada pela Câmara Federal contra o então deputado Eduardo Cunha. Fora, Cunha. Fora todos (e todas)!