Quando Nils Petersen chutou o último pênalti da Alemanha, da série de cinco, na final do torneio olímpico do Rio 2016, o silêncio nervoso e tenso da torcida brasileira parecia prenunciar uma nova tragédia no país do futebol. Mas enquanto a bola chutada pelo alemão se dirigia para o lado direito do gol, o goleiro Weverton se atirava para o mesmo canto para fazer história.
Em centésimos de segundos, o arqueiro acreano substituiu momentaneamente a pátria de chuteiras pela pátria de luvas: defendeu o petardo para dar vantagem ao Brasil que, com os pés, na bola seguinte, garantiria o ouro inédito da competição em casa – e o fim da agonia que parecia eterna.
Não se sabe o que seria se Weverton não tivesse impedido que aquela bola fosse para o fundo das redes. Mas se tem clareza do que aquele ato heroico do goleiro revelado no Juventus-AC significou para o Brasil humilhado na Copa do Mundo. Hoje, no Atlético-PR, ele fez o Brasil voltar a sonhar.
Foi a redenção, ainda que parcial pelas intermináveis discussões do valor de uma disputa de pênaltis. Porém, nessas horas, só o goleiro tem a primazia de não entrar nesse debate, já que a sua tarefa é infinitamente mais difícil do que aquela dos que se comprometem a colocar a bola dentro do gol.
Esta aí a grandeza de Weverton. Naquele ambiente solitário, debaixo da trave, fez a parte mais árdua dos últimos tempos no futebol brasileiro, carregando nas costas um Maracanã ensandecido por uma vitória salvadora, em meio ao lastro de decepções recentes que parecia não ter mais fim.
Neste ano, não foram os craques Gabriel Jesus, Philippe Coutinho nem tampouco Neymar, autor do gol de pênalti que deu o ouro ao Brasil, que nos fizeram ter a esperança de que em breve voltaremos ao topo do mundo no futebol – eles são as reais promessas de que poderemos chegar lá de novo. Em 2016, porém, quem de fato e de direito, de forma concreta e objetiva, sem mais delongas e infames desculpas, pôs as coisas no seu devido lugar, foi Weverton.
Nada mais nada menos que isso. Naquela difícil final contra a poderosa Alemanha nos Jogos Olímpicos 2016, em que a eficiência conhecida dos rivais quase colocou o Brasil de novo de joelhos, foi debaixo da trave (e não da linha de ataque) que surgiu o nosso mais importante jogador desse ano.
Weverton foi o mais brilhante jogador brasileiro nesse ano difícil, de nuvens e tempestades. O Acre e o País devem se orgulhar de ti. Sem aquela defesa, por certo, estaríamos chegando ao final dessa complicada temporada ainda mais desesperançados.