Goleiros do Acre

O recente sucesso do goleiro Weverton, campeão olímpico e convocado duas vezes para a seleção brasileira principal, me pôs a pensar como o Acre sempre teve ótimos defensores sob os chamados “três paus”. Weverton é o que chegou mais longe, mas a tradição vem de longas datas.

Nos anos da década de 1950, por exemplo, contam testemunhas fidedignas daquele tempo que dois nomes reinaram entre as traves: Pedrito e Tinoco. Dizem que eram goleiros tão espetaculares que quando chamados para a seleção acreana era necessário promover um revezamento entre eles.

Numa seleção acreana que excursionou ao Amazonas, no ano de 1957 foi exatamente isso o que aconteceu. Foram quatro as partidas jogadas contra os amazonenses. Pedrito jogou duas e Tinoco jogou as outras duas. Tanta fazia um como o outro. O paredão atrás era garantido.

Pedrito eu não vi jogar. Ainda muito jovem ele mudou para o Rio de Janeiro. Conta-se que na Cidade Maravilhosa ele até ainda andou treinando nas Laranjeiras. Teria, inclusive, sido aprovado nos testes. Mas, por alguma razão que não chegou ao meu conhecimento, ele acabou não emplacando.

O Tinoco, por sua vez, eu ainda vi, no final da carreira, na segunda metade da década de 1960, defendendo o Juventus. Na primeira vez que o vi em campo, naquela trave próxima do portão de entrada do velho estádio José de Melo, não botei fé. Ele me parecia muitíssimo baixo para a posição.

Ainda no primeiro tempo (se não me engano de um jogo contra o Atlético), eu mudei completamente de opinião. Ágil e sempre bem colocado, aquele baixinho parece que atraía a bola para o seu corpo já um tanto acima do peso. Tinoco tinha um senso de posição como ninguém!

Depois disso, já na década de 1970, sobreveio uma profusão de ótimos goleiros no futebol amador acreano: Zé Augusto, Espanhol, Ilzomar, Xepa, Tidal, Café, Milton, Illimani, Agrícola, Pope, Zezito… Goleiros para todos os gostos. Todos os times tinham um grande goleiro!

Pelo menos três desses goleiros citados viveram experiências fora do Acre: Illimani, Xepa e Zé Augusto. Os dois primeiros, em Manaus, defendendo, respectivamente, Nacional (1978) e Fast (1978 e 1979). Zé Augusto, por sua vez, chegou a jogar nos juvenis do Flamengo carioca.

Weverton é o mais nobre representante da longa lista de ótimos goleiros do futebol acreano. Eu penso que, de certa forma, o referido atleta acaba, por escolha do destino, encarnando todos numa só pessoa. Vida longa ao Weverton. E que os infantes possam se mirar no seu exemplo!