Nada é por acaso, tão pouco mera coincidência.
E, infelizmente, ao que tudo indica, a evolução de alguns dos nossos principais profissionais da imprensa esportiva é algo muito discutível.
Não creio que seja alienação.
Talvez haja algo pior atrás disso tudo.
Tomara que não, mas o quadro é desolador.
Permitam me retroagir um pouco no tempo.
Em 1° de setembro de 2012, tive a oportunidade de participar, como convidado, do 21° Congresso Internacional de Jornalistas Esportivos em Manaus, evento organizado pela AIPS (International Sports Press Association) América.
Entidade fundada em 1924, a AIPS abriga jornalistas esportistas de todo o mundo e no Brasil, todos os estados brasileiros estão representados.
O evento em Manaus contou com a participação de profissionais de 32 diferentes países, e 25 dos 27 estados brasileiros estão aqui representados.
Após dois dias de encontros de ordem interna era grande a expectativa quanto a participação do ministro Aldo Rebelo.
O ministro Aldo Rebelo falou durante 30 minutos.
Logo no começo tranquilizou a todos que não havia qualquer atraso nas obras para a Copa do Mundo.
A seguir o que se assistiu foi uma apresentação historicamente perfeita, indicando fatos que apenas alguém que acompanha o futebol já faz muitos anos poderia fazer.
Sinalizou que o Brasil fez muito pelo futebol, pois disputou de todas as edições de Copa do Mundo, venceu esta competição em 5 oportunidades, tem o maior artilheiro de todas as Copas e o maior jogador de futebol de todos os tempos.
Em seguida explicitou nomes de grandes craques do futebol brasileiro ao longo de toda história, com direito a palavras elogiosas a Fausto, Preguinho, Garrincha, Tesourinha e muitos outros.
Não há como negar, ao que parece, o ministro que já escreveu livro sobre futebol, sabia do que estava falando.
Foram 23 minutos de lembranças históricas.
A interrupção aconteceu para que indicasse problemas que teve, durante as Olímpiadas de Londres, para ser entrevistado, uma vez que o sistema de telefonia britânico, segundo ele, não era eficiente.
Mas foram apenas 4 minutos sobre isso.
E…. só.
Pois bem, ao final o que se viu foi uma grande festa com jornalistas nacionais e internacionais se confraternizando, batendo fotos e trocando lembranças alusivas à Copa do Mundo.
Sem palavras!!!
Não houve qualquer questionamento dos jornalistas.
Um encontro perfeito… para o ministro.
Gol do Governo Federal.
Quase dois anos depois, em maio de 2014, a presidente Dilma Rousseff convocou 10 jornalistas esportivos para um encontro.
Certamente aqueles considerados os maiores pelo Governo Federal.
Ausências notadas, cabíveis de destaque, embora tenham sido convidados, Galvão Bueno e Milton Neves.
Obviamente, não estive presente, quem sou eu para isso.
No entanto, pude ler o relato de três deles que lá estiveram (em artigos publicados em alguns dos principais jornais brasileiros).
A cada linha, uma agonia me invadia.
Um gigantesco encontro entre lobos, ovelhas e alguns que, apenas, marcavam presença.
Confesso, não tenho condições de saber quem são cada um deles.
Desconfio apenas a quem cabe o papel de lobo.
Se a uma presidente que, as vésperas das Eleições Presidenciais e da Copa do Mundo, tem visto seus índices de popularidades caindo, e convoca, pela primeiras vez, os mais famosos jornalistas brasileiros da área esportiva.
Ou se alguns daqueles jornalistas que se intimidaram com o local, ambiente, pessoas e se limitaram a falar banalidades sobre movimentos, importantes, como o Bom Senso e a Universidade do Futebol, e/ou sobre suas agonias egocêntricas com o atual presidente da CBF, mas que certamente não possuem qualquer relevância as vésperas da realização de uma Copa do Mundo, ainda mais, próximo as Eleições, e depois de anos de pleno silêncio sobre os assuntos em questão.
Ainda assim, certamente, nos próximos atos veremos alguns deles fazendo parcerias comerciais com estes movimentos, assim como alguns deles já fazem com entidades esportivas, incluindo clubes profissionais, sobre as quais comentam em seus artigos semanalmente publicados em jornais de grande circulação, programas de rádio e de televisão, e em seus blogs na Internet.
Claros exemplos de conflitos de interesse que, infelizmente, domina os nossos dias.
Quem são os lobos?
Quem são as ovelhas?
Tudo isso acaba por nos fazer dignos de ouvir o chavão: Sabe de nada, Inocente!
O governo não nos representa de forma digna.
E aqui não é uma questão partidária, pois a dissimulação é algo comum a todos eles.
Todos eles têm sua Petrobras, Metrô, Porto de Suape, Museu do Futebol e muitos outros.
No meio de tantas manifestações e críticas aos gigantescos abusos exercidos pelo Poder Público em suas mais variadas esferas, muitos destes jornalistas se mostraram, de acordo com os artigos escritos por eles mesmos, abençoados com fotos, livros e, principalmente, pela vaidade devidamente massageada.
Se bem que sempre haverá aquele que, sabiamente, informará: ‘Entre os dez jornalistas presentes, três não usavam gravatas, uma usava saia e sempre um de óculo ficava ao lado da presidente, e que sempre que isso ocorreu, o Brasil ganhou a Copa e o Presidente foi reeleito.’