Rio Branco, AC – Há exatos 10 anos o esporte acreano perdia um dos grandes baluartes de história. Naquele 27 de junho de 2004, precisamente no Hospital Jardim América, parava de pulsar o coração de Pedro Paulo Menezes de Campos Pereira, vítima de um enfisema pulmonar.
Natural de Rio Branco (AC), Campos Pereira nasceu dia 29 de junho de 1936 e, ainda criança, conhecia a sua primeira grande paixão: o futebol. Torcedor do Fluminense das Laranjeiras, SC Corinthians e ainda Rio Branco FC, Campos Pereira iniciou sua vida futebolística nos anos 1950 na quarta zaga da equipe do América FC, extinta agremiação da capital acreana. Logo depois, apareceria no Rio Branco FC e, posteriormente, no Grêmio Atlético Sampaio (GAS), AC Juventus e Independência, encerrando a carreira no próprio Rio Branco FC, em 1968. No campo de jogo, a força física e garra prevalecia.
Com o fim da carreira futebolística, o então zagueiro trocou o par de chuteiras pelos microfones, mas nada que o afastasse dos gramados. Na companhia de Edmir Gadelha, Zé Lopes, José Xavante e tantos outros, passou a transmitir jogos na Rádio Difusora Acreana, usando para isso um grande gravador que, após as partidas, era conduzido ao estúdio para a gravação ser levada ao ar. Ainda na década de 1970, Campos Pereira, juntamente com Valdemar Canizo, Albertino Chaves, Delmiro Xavier, Joaquim Ferreira, Chico Pontes, Raimundo Fernandes , M. Costa e Antonio Carlos Batista criaram o primeiro programa esportivo do rádio acreano, na extinta Rádio Novo Andirá, “ENCONTRO COM ESPORTE”.
Professor
Outro dom desse cronista era revelar talentos. Foi através deles que dezenas de anônimos atletas de nosso futebol passaram a ser celebridade, ganhando espaço na mídia escrita e falada.
Campos Pereira também teve papel importante no esporte amador. Foi ele que alavancou o pedestrianismo acreano, assim como o futebol de várzea, criando o intercolonial, o interbairro e a tradicional Corrida Sebastião Dantas. Outros dois grandes eventos criados por Campos Pereira diz respeito ao “Torneio do Povo” e “Torneio da Imprensa”. Campito, assim como era chamado pelos mais próximos, teve participação importante na criação da Associação dos Cronistas Esportivos do Acre.
O bom trabalho levou à presidência da Federação Acreana de Desporto (FAD), hoje Federação de Futebol do Acre (FFAC), onde por quase dois anos ficaria à frente da entidade. Logo depois perderia as eleições para o advogado Antonio Aquino Lopes, hoje presidente da entidade.
Na época de sua morte, Antonio Aquino Lopes lamentou a morte do amigo, segundo ele, Campos Pereira deixou um legado no contexto histórico do desporto local, além disso, foi o pioneiro do esporte acreano em uma emissora de televisão (A Bola é Nossa).
Dinâmico
Além de jornalista esportivo, Campos Pereira também fez belas cobertura na área de política e polícia e ainda foi o responsável pela criação do programa “Vigilante Andirá”. Segundo o jornalista Raimundo Fernandes, o famoso piripiri, noticiário plantonista, que era acionado quando alguém era levado a óbito na cidade. O trabalho tinha importância tão grande, que o empresário Wilson Barbosa, falecido no início deste ano, sabendo das dificuldades que o jornalista tinha para correr atrás da notícia, resolveu presentear com um carro.
Guru
Pragmático, Campos Pereira sempre tentou resolver os problemas de forma imediata. Foi assim na direção da Rádio Difusora Acreana, quando segundo o jornalista Raimundo Fernandes, após ausência de um profissional da notícia, resolvia o assunto promovendo um técnico de som em repórter. Exemplo, Fernandes, acontece com os jornalistas Demóstenes Nascimento e Ronaldo Guerra.
Multidões
Sempre entre a multidão, Campos Pereira foi um dos idealizadores do Festival de Praia da Base, onde além de conhecer e ajudar ao hoje famoso cantor Zezé de Camargo, ainda comandou programa de auditório.
Frustração
Na política, o cronista tentou no início da década 1980 uma cadeira na Câmara Municipal de Rio Branco, mas não obtendo sucesso, com 60 votos.
Solidário
Como administrador público, o cronista esportivo Campos Pereira tinha a admiração de todos e, por três vezes, foi diretor da Rádio Difusora Acreana. Segundo Raimundo Nonato, o Pepino, o cronista tratava todos com igualdade, independentemente da função exercida na rádio, sem falar no espirito de solidariedade e ainda do coração grandioso do cronista.
Na década de 1990, Campos Pereira, comovido, resolveu fundar a Federação Acreana de Ciclismo, inclusive, por várias vezes, tirou dinheiro do próprio bolso para ajudar no deslocamento dos atletas para competições nacionais.
Manoel Façanha