História de um passeio

“Santos passeia na Arena da Floresta e elimina o Galvez: 3 a 0”. A manchete criada pelo jornalista Manoel Façanha, meu afilhado, para o texto sobre a eliminação do acreano Galvez da Copa do Brasil de 2016 me fez espremer a cabeça entre porções inexatas de reflexões e preocupações.

No principal ponto das reflexões o fato de que qualquer um time visitante agora se dá ao luxo de passear na Arena da Floresta. E não se trata de um fenômeno assim tão recente. Desde 2013, quando o Rio Branco fez uma campanha ridícula na Série C, que isso acontece de forma rotineira.

Só neste ano já são duas as eliminações de times acreanos dentro da Arena. No mês passado, a pancada foi até maior. O Rio Branco, cuja estrela já brilhou com intensidade singular no universo futebolístico regional, tomou de 5 a 2 do Paysandu, pela Copa Verde. Uma surra humilhante!

Dessa vez, na eliminação do Galvez, o time adversário ainda se deu ao luxo de entrar em campo cheinho de reservas. Tudo bem que eram os suplentes de um dos times mais tradicionais do país, o Santos da Vila Belmiro, ex-casa do rei Pelé. Mas, ainda sim, tratava-se apenas de reservas!

Eu vi o jogo pela televisão, ora no Sport TV, ora na ESPN Brasil, e a minha percepção é que foi um “passeio” mesmo. Os reservas do Santos desde o início passaram a impressão que ganhariam quando bem entendessem, tocando a bola de um lado para o outro, sem forçar a barra.

Passaram a impressão que ganhariam quando bem entendessem e executaram o plano à risca. Não fosse o goleiro Máximo defender dois pênaltis, o prejuízo teria sido maior. Máximo fez jus ao nome. Tem lugar garantido na Banda da PM quando pendurar as chuteiras. Vai ser maestro!

No que diz respeito às preocupações que eu falei lá no primeiro parágrafo, elas dizem respeito ao futuro do futebol acreano. Se os nossos times continuarem deixando que os visitantes “passeiem” na Arena da Floresta, em breve o Estado começará a despencar o ranking da CBF.

As consequências de uma queda no ranking são as mais nefastas possíveis, a começar, só pra citar uma delas, pela fuga do público (que já é diminuto) dos estádios locais. Ninguém gosta de pagar ingresso para ir a um estádio sabendo que o seu time não tem a mínima chance de ser feliz.

É isso, meus caros amigos. Tem um sinalzinho amarelo piscando no futebol acreano, alertando para a incerteza de um futuro próximo, caso a Arena da Floresta continue um calçadão de “passeio” para os visitantes. A série D já está bem aí. Tomara daqui pra frente tudo possa ser diferente!