O futebol está cheio de histórias pitorescas. Histórias que a maioria de nós jamais fica sabendo. O que acontece dentro de campo, aquilo que é visto pelos frequentadores dos estádios, é só a ponta do iceberg. Um tantinho assim. Quase nada mesmo, em relação aos fatos dos famosos bastidores.
A gente só sabe dessas histórias quando algum personagem indiscreto dá com a língua nos dentes. Naturalmente, quem resolve relatar um fato “escondido” muitas vezes dá uma enfeitada na narrativa, acrescenta tintas e pincéis. Motivo pelo qual as criaturas atingidas tratam logo de desmentir.
Por esses dias, nesse sentido dessas historinhas, eu fiquei sabendo do caso de um ex-jogador, então titular de um time grande do Rio de Janeiro (se não digo o nome é porque não tenho certeza do fato) no início do século XXI, que ao tentar fazer um crediário lhe exigiram um comprovante de residência.
Aí, de acordo com a lenda, ele foi em casa, que aliás era muito longe da loja onde ele queria fazer o crediário, e fez uma selfie, junto com a mulher e os dois filhos, em frente à sua residência. Na volta à loja, como o vendedor não aceitou a foto como comprovante, quase que os dois saem na porrada.
Numa outra ocasião, sempre de acordo com a lenda, esse mesmo jogador viajou em excursão do seu time para a África do Sul. Viagem longa, sem escalas, tempo infinito de voo e em horas idas da madrugada. E como o sujeito morria de medo de avião, não pregou os olhos nem por um minuto.
Eis que, então, logo depois de a delegação descer no aeroporto de Joanesburgo, um repórter de televisão se dirigiu ao dito cujo perguntando-lhe se ele poderia conceder uma entrevista. Apesar do cansaço e do sono, não querendo ser descortês, o jogador atrapalhado resolveu atender ao pedido.
A primeira pergunta foi sobre o que ele sabia do futebol do país africano. Como o sujeito não sabia nada, deu uma de Rolando Lero, se desfazendo em elogios e dizendo que tinha consciência do valor do adversário e que, certamente, o seu time ia precisar suar sangue para vencer.
Nada fora do normal do que a maioria dos craques costuma responder nas entrevistas. Tudo tranquilo até essa hora. Mas aí, eis que na segunda pergunta o bicho pegou. É que o repórter enveredou pelo caminho da política, indagando o que o jogador “pouco letrado” achava do apartheid.
Resposta da criatura. “Não tenho muitas informações sobre esse cara. Mas, já que você está perguntando, imagino que ele deve ser o cracaço do time local que nós vamos enfrentar. Então, se for o caso, a gente faz marcação individual nele. Basta não deixar ele andar em campo. A gente anula ele!”