Francisco Dandão
As primeiras peladas do garoto Ismael Campelo Lima, nascido em Rio Branco, no dia 31 de março de 1992, aconteceram num campinho que ficava nos fundos da casa de um tio seu, na cidade de Plácido de Castro, onde até hoje ele e a família residem. Depois disso, vieram as convocações para os Jogos Escolares. Em seguida, naturalmente, surgiram os times pra valer.
Quem o descobriu para o futebol foi o professor Lima, um dos entusiastas do esporte na cidade às margens do igarapé Rapirrã, na fronteira com a Bolívia. Era 2009 e Ismael estava com 17 anos. De cara, lhe foi dada a camisa de número 2, correspondente à posição de lateral-direito. Mas ele logo demonstrou muito mais vocação para ir à frente do que para defender.
E assim, não demorou muito para ele começar a ser escalado como atacante, ainda na base, onde permaneceu por duas temporadas (2009 e 2010). Quando chegou o ano de 2011, Ismael foi chamado para o time principal do Plácido de Castro. Quem viu naquele jovem atleta as condições necessárias para fazer parte do elenco profissional foi o técnico Neneca.
“A concorrência era pesada. Os dois atacantes titulares eram o Zico e o Nílton Goiano. Dois cracaços que me ensinaram muito. Mas eu encarei o desafio. Já na estreia, contra o Independência, nós ganhamos de goleada e eu consegui fazer uma assistência para o Nilton. Confesso que foi emocionante. Só não chorei mesmo porque não pisquei naquele momento”, contou Ismael.
Outras camisas, gols inesquecíveis e melhores parceiros
Nesses 11 anos de muita bola rolando pelos campos do interior da região Norte do Brasil, além do Plácido de Castro, para onde ele sempre está de volta, Ismael vestiu outras quatro camisas: Amax e Galvez (nas campanhas de acesso desses dois clubes à primeira divisão do futebol acreano), Atlético-AC (2017, 2019 e 2020) e Guaporé-RO (2019 e 2021).
Com tantas camisas diferentes, foram muitas as vezes em que ele balançou as redes adversárias. Ele não sabe quantos gols já fez, mas tem um que ele não esquece. Foi em 2018, pelo Plácido, contra o Vasco, depois de uma tabela com o atacante Marcelo Brás. “Bati de chapa, na saída do goleiro. Dediquei esse gol a um amigo, o Sebão, que havia falecido”, disse o craque.
“O outro gol que também permanece vivo na minha memória foi o primeiro que eu fiz como jogador profissional, em 2012, contra o Alto Acre. O primeiro gol é inesquecível. Fica gravado para sempre. Esses dois gols, mais a emoção da minha estreia como atleta da elite do Acre, eu considero como as maiores alegrias da minha carreira até aqui”, afirmou Ismael.
Ismael não hesitou em eleger os seus dois maiores parceiros em campo. “Eu sempre me entendi à perfeição com o Renan e o Uillian. Era muito entrosamento. Esses dois caras sempre sabiam onde eu estaria no momento seguinte e mandavam a bola exatamente nos meus pés”, explicou. E quanto ao marcador mais chato, esse título ficou para o seu irmão Joel.
Nomes em destaque e projetos para o futuro
Para Ismael, três nomes se destacam no Acre nos quesitos arbitragem, direção e comando técnico. Como melhor árbitro ele escolheu Antônio Marivaldo (“correto e justo nas suas decisões”). Já na condição de melhor dirigente e técnico, o craque citou, respectivamente, Rafaela Escalante (“honrava seus compromissos”) e Júnior Mesquita (“muito motivador”).
Quanto a uma seleção de jogadores que atuaram/atuam no futebol acreano, Ismael escalou o seguinte time: Robson; Tite, Pé de Ferro, João Marcos e Zagalo; Joel, Ângelo Guaqui, Uillian e Júnior Pessoa; Renan Plácido e Ismael. Um time onde ainda caberiam, como suplentes, os craques Zico, Gato, Careca, Rafael Barros, Máximo, Leandro Jucá e Beto Granada.
Aos 30 anos, Ismael ainda não sabe quando vai pendurar as chuteiras, mas já faz planos para o futuro. “Penso em jogar mais uns três ou quatro anos. Estou muito bem fisicamente e creio que dê para jogar até mais tempo do que isso. Mas depois que eu parar, quero continuar dentro do futebol. Minha ideia é fazer um curso para treinador de goleiros”, disse o atacante.
Para concluir, Ismael fez uma análise sobre o futebol acreano. Segundo ele, “antigamente se jogava com mais alegria e a disputa era mais equilibrada. Já hoje, depois de duas rodadas os favoritos já ficam definidos. Mas isso pode mudar para ser alcançado um patamar melhor, bastando os gestores conseguirem dar aos jogadores melhores condições de trabalho.”