Francisco Dandão
Duas quadras (uma nas dependências da escola Neutel Maia e outra na frente da Churrascaria do Oscar) no bairro do Bosque e vários campinhos de terra (o da Funbesa, por exemplo) viram o nascimento para o futebol do craque Jamerson do Valle e Silva. Isso em algum momento de 1982, quando ele passava dos 10 para os 11 anos (ele nasceu em 21 de julho de 1971).
Destro e com capacidade para atuar em vários setores (meia, volante e lateral-direito), Jamerson teve a sua primeira experiência num time oficial em 1983. Ele procurou o Rio Branco para participar de uma peneira. Mas apesar de aprovado pelo técnico Illimani, ele passou um tempo só treinando, por não ter idade nem tamanho para jogar “entre os grandes” do time infantil.
Jamerson ficou no Rio Branco até 1985. No ano seguinte se mudou para o Juventus e foi campeão infantil justamente em cima do Estrelão. Mas a estada no Clube da Águia durou pouco e em 1987 ele já estava integrando os juniores do Independência. Daí voltou para o Rio Branco, onde jogou nos juniores de 1988 a 1991, sagrando-se campeão em todas as temporadas.
No primeiro semestre de 1991, Jamerson foi convocado pelo técnico Paulo Roberto para integrar o time principal do Rio Branco. A estreia foi contra o Atlético. Ao final, o placar de 2 a 2 deu o título do returno ao Galo. Mas Jamerson se comportou como um veterano e permaneceu entre os titulares, conquistando os títulos estaduais de 1992 e 1994 pelo Estrelão.
Chuteiras penduradas e brilho no futsal
A carreira de Jamerson como profissional de futebol durou apenas seis anos (de 1991 a 1996). Mas tempo suficiente para que ele conquistasse quatro títulos estaduais. Os dois já citados pelo Rio Branco e mais dois pelo Juventus, em 1995 e 1996. “Eu parei aos 26 anos. Eu precisei trabalhar e estudar e, assim, ficou difícil comparecer aos treinos”, disse o ex-craque.
Mas no futsal (atividade que ele exercia paralelamente ao futebol de campo, desde 1988), cujo regime de treinos era mais ameno, Jamerson continuou jogando até 2004. Nessa modalidade, onde o seu primeiro time, ainda na base, foi o Piauí, os títulos foram tantos que Jamerson nem lembra quantos. “Foram vários títulos, pelo Piauí, AABB e Bem-te-vi”, garantiu ele.
Os muitos troféus conquistados deixaram em Jamerson uma sensação de felicidade. Tanto que ele garante não ter decepções guardadas. “Se eu tive dificuldades, considero que elas só serviram de aprendizado”, disse. Já as alegrias foram inúmeras. “Ganhar uma Copa Norte de Futsal em Porto Velho foi uma delas. Ser campeão no ano da despedida foi outra”, afirmou ele.
Sobre adversários complicados de enfrentar, Jamerson só listou o pessoal das quadras. “No campo, como eu era mais atacante, não me preocupava muito em marcar. Já nas quadras, eu sempre tinha que me virar para marcar caras como o Casquinha, o Artur, o Artêmio, o Pitiú, o Dênis…”. E quanto ao melhor parceiro, ele citou o Ney. “Parceiro e irmão”, garantiu.
Grandes nomes do esporte acreano e a vida no presente
Diferentemente da maioria dos ex-jogadores quando são entrevistados, Jamerson não quis escalar uma seleção de todos os tempos. Para ele houve tantos bons jogadores no Acre que seria injusta essa escolha. Mas concordou em citar alguns. Casos de Klowsbey, Marquinho Amor, Paulão, Chicão, Sabino, Gilmar Mariceudo, Dadão, Dim, Paulinho, Ley etc.
Já no futsal, ele não se incomodou em formar duas seleções. A primeira formaria com Dinda; Pedrinho, Leo, Casquinha e Magide. A segunda seria formada por Hudson; Marcinho, Ney, Pitiú e Joel. “Esses dois times, tendo como técnico o Davi Abugoche e como dirigente o Domingos Amaral, certamente poderiam chegar a grandes feitos”, opinou Jamerson.
Outros personagens de destaque do esporte acreano lembrados por Jamerson foram os técnicos Paulo Roberto e Illimani Suares, ambos do Rio Branco, que segundo ele foram essenciais na sua formação como atleta; o dirigente Sebastião Alencar, também do Rio Branco, que honrava seus compromissos; e os árbitros José Ribamar Pinheiro (campo) e Bé (futsal).
Formado em administração e funcionário do Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco (Saerb), Jamerson, aos 49 anos, leva uma vida pra lá de tranquila, dividindo-se entre os cuidados com a família e umas peladinhas de futevôlei. Os bons tempos de atleta profissional ficaram para trás. Vivem agora na lembrança dos inúmeros triunfos, nos relatos e nas fotos de época.