Janeiro

Começou movimentado o ano de 2015. Mesmo com os principais campeonatos parados aqui nesse nosso tão falado país do futuro (ainda há quem acredite nisso, depois desse poço sem fundo denominado Petrobras?), é certo que não se pode reclamar de falta de emoção. Tem a “copinha”, tem o mundial de handebol, tem o Flu e o Coringão descobrindo a América…

A copinha, como em quase todos os anos do passado, segue o seu roteiro normal: os times do centro-sul passam da primeira fase com a maior tranquilidade do mundo e mandam pra casa a periferia delirante. Os clubes do Norte, de modo geral, participam apenas na condição de figurantes. Levam três lapadas e voltam pra origem esperando melhor sorte amanhã.

Essa melhor sorte amanhã que tanto almejam os times do Norte do país que participam da copinha fica só mesmo na esperança. Nada muda de um ano para o outro. A penúria e a falta de investimento nas divisões de base por aqui permanecerão iguais. E se surge alguma promessa de craque nestas paragens, logo em seguida migra para o tal centro-sul dominante.

Em nível planetário o modelo perverso se reproduz. Onde tem mais capital, aí se formam os times mais fortes, aqueles aos quais se destina a disputa dos diversos troféus. Veja-se, com respeito a isso, o campeonato mundial de handebol, onde o Brasil estreou na quinta-feira (15) tomando uma pancada do anfitrião Catar, país sem qualquer tradição no esporte.

Pois é isso mesmo. Trata-se da mesma lógica. A seleção de handebol do Catar não tem praticamente ninguém nascido por aquelas bandas. Os caras do petróleo, donos de verdade da grana (lá eles cortam a mão dos ladrões, seja de colarinho branco ou sujo, viu?), trataram de levar para defender as cores deles uma verdadeira legião estrangeira. A peso de ouro!

E assim, deram um passeio nos nossos conterrâneos. O Brasil, potência dos baixos trópicos, posava de favorito antes da competição, mas dançou foi miudinho na estreia do campeonato mundial de handebol. Não foi páreo para os meninos do deserto (o goleiro dos sujeitos era tão grande que parecia que a trave era ocupada por dois camelos!). Não passava nada!

Enquanto isso, Fluminense e Corinthians veraneiam nos parques temáticos da Flórida e tomam outro chocolate dos alemães. Tá certo que estava fazendo um friozinho invocado, temperatura ideal mesmo para um chocolate quente, à beira de uma lareira, com um vinhozinho etc. e tal. Mas precisava perder os dois de uma vez? E logo para os famigerados alemães?

É isso, então, galera… Fracos são os ventos do Norte do Brasil no futebol, que desde décadas passadas a canção popular garante que não são capazes de mover moinhos. Fortes são os sheiks catarenses (gentílico de quem nasce no Catar, viu?), que compram uma seleção inteira de handebol. E quanto aos alemães, eu prefiro não fazer maiores comentários. Affe!

Francisco Dandão