O ex-craque Juscelanio em foto atual. Foto/Acervo Juscelanio Trindade.

Juscelanio – Capaz de jogar em várias posições, ele defendeu cinco times do futebol acreano

Francisco Dandão

Juscelanio Trindade de Oliveira foi um desses jogadores capazes de se adaptar a quase todos os setores de um time de futebol. Tanto que de 1989, quando estreou no time principal do Atlético Clube Juventus, até 2010, quando pendurou as chuteiras vestindo a camisa do Independência, ele jogou em nada menos do que três posições: atacante, volante e zagueiro.

Nascido no seringal Novo Andirá-AM, em 15 de janeiro de 1971, Juscelanio migrou com a família para Rio Branco ainda na infância. E tão logo ganhou alguma consistência física, começou a sua paixão pelo futebol batendo peladas no campo e na quadra do clube São Francisco, sob os olhares atentos de muitos curiosos e também do lendário presidente Vicente Barata.

Das peladas para o infantil do Atlético, levado pelo técnico Juca, foi só questão de tempo. Ele aportou no Galo em 1985, aos 14 anos. Quando chegou a idade dos juniores, em 1989, ele migrou para o Juventus. E na sequência, aí já como profissional, entre idas e vindas, ele defendeu os seguintes times: Independência, Vasco da Gama, Andirá e Atlético Acreano.

“Na minha primeira partida num time principal, jogando pelo Juventus, eu era atacante e entrei no lugar do Ivo. O jogo foi contra o Atlético e nós perdemos de 3 a 2. Mas eu fiz um dos gols e sofri o pênalti que culminou no outro gol. Só passei a jogar de zagueiro uns anos depois, quando estava no Vasco, por opção do técnico Tenente Messias”, contou Juscelanio.

Juventus (juniores) – 1991. Em pé, da esquerda para a direita: Assis (técnico), Rogério Kiroga, Glauco, Josman, Arthur e Ary. Agachados: Baé, Roberto, Marcelinho, Ramon, Alciney, Glenn e Juscelanio. Foto/Acervo Juscelanio Trindade.

Títulos e momentos especiais

Juscelanio Trindade contabiliza três títulos de campeão profissional de futebol, por três times diferentes: Juventus (1989), Independência (1993) e Vasco da Gama (1999). E contabiliza igualmente muitos outros triunfos no futebol amador, em animados campeonatos disputados nos campos periféricos de Rio Branco, pelos times do Vila Nova e do União do Calafate.

Independência – 1993. Em pé, da esquerda para a direita: Macapá (presidente), Jânio, Marcelo, Ben Johnson, Milson, Rocha, Henrique, Alex, César e Gian. Agachados: Edilson, Juscelanio, Ivo, César Limão, Alan e Kairara. Foto/Acervo Juscelanio Trindade.

A propósito, o ex-craque contou que os dois momentos mais especiais da sua carreira aconteceram justamente em decisões: contra o Rio Branco, em 1993, quando ele formava a dupla de ataque do Independência com o Pitiú; e contra o Independência, em 1999, quando ele já era zagueiro do Vasco e teve que cometer um pênalti para evitar um gol do adversário.

“Nesse jogo contra o Rio Branco, eu estava voltando de uma longa inatividade, depois de ter me recuperado de uma fratura na clavícula e de uma caxumba. Entrei no finalzinho do jogo e consegui marcar o gol da vitória. E no jogo contra o Independência, se eu não cometesse o pênalti a gente teria perdido o título. Saí de campo aplaudido”, afirmou Juscelanio.

Andirá – 1995. Em pé, da esquerda para a direita: Juscelanio, Cacique, Assis, Francisco, Marco Aurélio e Carlinhos. Agachados: Roque, Kennedy, Nadson, Aclaildo e Jairo. Foto/Acervo Manoel Façanha.
Vasco da Gama – 1998. Em pé, da esquerda para a direita: Ben Johnson, Elisson, Chicão, Carlinhos e Carlinhos Magno. Agachados: Michel, Juscelanio, Nadson, Ricardinho, Mamude e Merica. Foto/Acervo Chicão Araújo.
Vasco da Gama/1999. Da esquerda para a direita: Roberto (mordomo), Som (preparador físico), Cláudia Malheiro (auxiliar técnica), Juscelânio, China, Marquinhos Bombeiro, Jean, Airton, Ricardinho, Rol, Odinei, Marquinhos, Mamud, ?, Océlio e Neib. Foto/Arquivo Pessoal Manoel Façanha.
Vasco da Gama – 1999. Em pé, da esquerda para a direita: Railton, Barriga, Juscelâneo, Aírton, China e Rozier. Agachados: Jean, Mamude, Rol, Neibe e Marquinho Bombeiro. Foto/Rose Peres

Em contrapartida, o personagem garantiu que ficou profundamente decepcionado por não jogar a final do campeonato de 1994, pelo Juventus, contra o Rio Branco. “Eu tive um desentendimento no treino de apronto com o zagueiro Marcelão e aí o treinador Aníbal Honorato me deixou de castigo, fora do time. O jogo foi empate e perdemos o título”, garantiu Juscelanio.

Nomes em destaque e melhores parceiros

Juscelanio não teve dificuldades para apontar o melhor técnico com o qual trabalhou: “Ulisses Torres. Ele além de ter muito conhecimento da parte tática, sabia dar instruções para os atletas de forma bem simples”, contou. Quanto ao melhor dirigente, ele elegeu José Eugênio Leão Braga. E os melhores árbitros, segundo ele, foram Marcos Café e Antônio Neuricláudio.

Vasco da Gama – 2002. Em pé, da esquerda para a direita: Aderson (massagista), Messias (preparador físico), Josué, Marcelo Cabeção, Juscelanio, Edilio, Jota Maria e Faísca. Agachados: Marquinhos Calafate, Siqueira, Genival, Ciro e Marquinho Paquito. Foto/Acervo Manoel Façanha.

Da mesma forma, quando lhe foi solicitado escolher os melhores jogadores da sua época, ele não hesitou e escalou o seguinte time: Ilzomar; Paulo Roberto, Chicão, Paulão e Ricardo; Gilmar, Dadão e Papelim; Artur, Marquinhos Bonamigo e Pitiú. Mas relacionou ainda como craques os nomes de Klowsbey, Ananias, Mário Sales, Paulo Henrique, Testinha e Venícius.

Atlético Acreano – 2004. Em pé, da esquerda para a direita: Nego, Alan Dias, Vando, Juscelanio, Índio, Higor e William. Fila do meio: Carpê, Pitiú, Dedé e César Caboclo. Fila da frente: Davi, Ociraldo (massagista), Duane e Maurinho. Foto/Manoel Façanha.
Atlético Acreano – 2006. Em pé, da esquerda para a direita: Marcão (preparador físico), Velasquez, Alex, Yata, Maxwell, Railson, Odinei e Juscelanio. Agachados: Ociraldo (massagista), Nenê, João Paulo, Rogério, Duarte, Duane, Vítor e Buiú. Foto/Acervo Manoel Façanha.

Sobre os melhores parceiros dentro de campo, Juscelanio citou Pitiú e Josué Caqui. “Formei com o Pitiú uma grande dupla de ataque, tanto nos campeonatos profissionais quanto nos amadores. Ele foi um dos jogadores mais inteligentes com quem tive o prazer de jogar. E o Josué, como companheiro de zaga, era fantástico, pau pra toda hora”, disse o ex-craque.

Formado em Matemática, com quatro especializações em gestão escolar e trabalhando como diretor da escola Serafim Salgado, a única ligação de Juscelanio com o futebol hoje é o acompanhamento dos primeiros passos do filho Júlio Cézar como fixo de futsal. No mais, disse que o seu sonho é se aposentar “daqui há alguns anos” e ir morar no Nordeste do Brasil.