No início de 1966, quando eu migrei de Brasiléia para Rio Branco, meus pais me matricularam no Grupo Escolar Presidente Dutra, que se localizava nesse lugar onde hoje funciona a Biblioteca Pública da capital acreana. Aos nove anos, eu fui cursar a 4ª série primária na citada escola.
Embora a minha condição de criança me impedisse de frequentar o estádio José de Melo (não podia ir sozinho e não tinha quem me levasse, uma vez que nenhum familiar se ligava nas peripécias esportivas de então), eu acompanhava tudo o que acontecia pelas resenhas e programas de rádio.
E foi justamente pelo rádio que eu fiquei sabendo que naquele mesmo ano de 1966 foi fundado, nas dependências de um colégio dirigido por padres, um time batizado com o nome de Atlético Clube Juventus. Fundado, batizado e campeão estadual no próprio ano do seu nascimento.
Craques lendários do futebol acreano formaram o primeiro time do Juventus. Casos dos atacantes Nemetala (o maior goleador do clube em todos os tempos), Touca (o atacante mais completo que já passou pelo futebol acreano) e João Carneiro (com boa passagem pelo futebol carioca).
Em 1967, eu precisei mudar de escola. Saí do Grupo Escolar Presidente Dutra e fui estudar no Colégio dos Padres, onde permaneci até 1972. Nesse período, o Juventus continuou um clube de ponta. Tanto que venceu o campeonato de 1969 e foi vice-campeão em 1968, 1970 e 1972.
Era impossível que eu não me tornasse juventino. Além do sucesso do time em campo, eu estudava no lugar onde acontecera a sua fundação. Sem contar que o principal dirigente do clube era o meu professor de matemática, Elias Mansour. Eu não podia mesmo torcer por outro time.
De 1966 a 1988, último ano do regime amador no futebol acreano, o Juventus foi campeão em nove oportunidades (1966, 1969, 1975, 1976, 1978, 1980, 1981, 1982 e 1984). Mais vezes do que qualquer um dos seus grandes rivais Rio Branco (seis), Independência (cinco) e Atlético (duas).
Depois que o futebol acreano passou para o regime profissional, em 1989, apesar de ainda conquistar cinco títulos estaduais (1989, 1990, 1995, 1996 e 2009), creio que se pode garantir que o Juventus nunca mais foi o mesmo, alternando períodos dentro de campo com outros de licenciamento.
A última vez que a grande legião de torcedores juventinos, entre os quais eu me incluo, viu o time no gramado foi no ano de 2013. Em 2014 e 2015 o clube pediu afastamento das competições oficiais. Deveria voltar em 2016. Não o fazendo, deixou de ser filiado à federação. Uma lástima!