Lado B

Por esses dias eu estava matutando sobre o quanto a gente não sabe do que acontece nos bastidores do futebol, aquela parte submersa do iceberg, aquilo que antecede ou sucede o jogo propriamente dito, os detalhes que não costumam sair nos espaços dedicados pela mídia, as tais histórias ocultas.

Existem nessas referidas histórias ocultas fatos dos mais diferentes feitios: alguns engraçados, outros dramáticos, uns que ficam no meio termo etc. O certo é que praticamente apenas os personagens e as pessoas próximas destes é que ficam sabendo, sofrendo ou se deliciando, dependendo do caso.

Vou passar aqui pra vocês nessa crônica de hoje duas dessas histórias, uma jocosa e outra “deprê”. A primeira, tendo como personagem o ex-lateral Marquinhus Freitas, também conhecido como “Amarelo” ou “Amor”. A segunda, tendo como protagonista o preparador físico Selcimar Maciel.

A história do Marquinhus (“Freitas”, “Amarelo” ou “Amor”, como queiram chama-lo”) ocorreu numa Copa do Brasil, jogo da volta, aí nos primeiros anos da década de 1990, quando o Atlético Acreano viajou para Belo Horizonte, onde entraria em campo para enfrentar o Atlético Mineiro.

Viagem tranquila, voo em céu de brigadeiro, o Galo acreano chegou à capital do feijão tropeiro, do pão de queijo e da cachaça de alambique (entre outras iguarias) numa nice. Chegou e foi alojado num confortável hotel, um edifício tão alto que quase chegava a tocar as nuvens, em plena Savassi.

Ao time do Acre foi destinado o 25º andar. E aí falaram para o Marquinhus que ele deveria ir à recepção, no térreo, pegar o ticket do almoço. Ele foi, mas não precisava de ticket algum. Detalhe: o almoço era servido no 30º andar, o elevador pifou e o lateral teve que subir na pernada!

A história do Selcimar, preparador físico de competência reconhecida, faz parte da lista daquelas que ninguém quer viver. Foi a experiência de um drama. Melhor dizendo, de um calote. Uma confusão que foi parar na justiça e que o Selcimar acabou perdendo por negligência do advogado dele.

O Selcimar trabalhava no Fast de Itacoatiara (AM), não descuidava um minuto das suas tarefas e mantinha o elenco, como se diz na gíria do futebol, “na ponta dos cascos”. Depois de várias semanas de trabalho, porém, nenhum dinheiro caiu na sua conta. E até hoje o profissional não recebeu!

É isso, por hoje. Me dá muito prazer resgatar pedaços das memórias alheias. Principalmente quando se trata de fragmentos dessas memórias que não chegam ao conhecimento do público. Qualquer dia eu conto outras dessas histórias. Dizem que o homem é o único animal que ri (e chora)!