O ex-goleiro Lauro, aos 64 anos. Foto/Acervo Lauro Fontes

Lauro – Um dos maiores goleiros da história do futebol de salão do Acre

Francisco Dandão

O cidadão Lauro Euclides Viana Fontes, nascido em Rio Branco, no dia 13 de abril de 1956, não chegou a jogar futsal, esporte que substituiu o futebol de salão. Embora ambos sejam praticados numa quadra, existem diferenças marcantes entre um e outro, desde o peso da bola até às dimensões do espaço do jogo. Lauro Fontes brilhou como goleiro no primeiro deles.

Ao contrário de outros meninos, ele jamais se meteu a jogar na “linha”. Desde as primeiras peladas, tanto no meio da rua quanto na quadra do Colégio Acreano ele definiu que a sua posição seria no gol, defendendo os chutes de quem viesse pela frente. E Lauro demonstrou tanta vocação para ser goleiro que aos 16 anos já era titular absoluto de times adultos de salão.

Rádio Difusora Acreana – 1972. Em pé, da esquerda para a direita: Fauzer Ayache, Lauro Fontes e Zezinho Melo. Agachados: Madureira e Paturi. Foto/Acervo Zezinho Melo

Uma foto do time da Rádio Difusora Acreana, em 1972, comprova essa titularidade dele entre os adultos. Na foto aparecem o adolescente Lauro, junto aos experientes Madureira (centroavante do Andirá, no futebol de campo), Zezinho Melo (lateral-esquerdo do Internacional, também no futebol de campo), Fauzer Ayache e Paturi (jogadores de times de várzea).

“Nas minhas primeiras experiências, na quadra do Colégio Acreano e na quadra que ficava em frente ao Palácio Rio Branco, eu tinha a companhia de amigos dos bairros da Capoeira, da Cadeia Velha e do Caxias. Um monte de gente boa de bola, como o Dadão, o Adrian Santos, Neto Thaumaturgo, Carlinhos Bonamigo, Fran, Duda, o Eronilson e o Hermínio”, disse Lauro.

Breve passagem pelo Tricolor de Aço

No mesmo ano de 1972, Lauro participou de uma “peneira” para ingressar no time de futebol de campo do Independência, levado pelo amigo Eró, que estudava com ele na Escola Técnica de Comércio Acreana (ETCA). Corajoso e com muito estilo, ele agradou em cheio ao técnico Eugênio Mansour, virando de imediato titular dos juvenis e reserva do time principal.

Craques do Independência com a faixa do título acreano de 1972, no futebol de campo. Da esquerda para a direita: Euzébio, Lelê e Lauro. Foto/Acervo Lauro Fontes.

Durante dois anos, Lauro permaneceu nessa pegada no Independência. Tempo suficiente para ser duas vezes vice-campeão pelo time juvenil e uma vez campeão (1972) pelo time principal, como suplente do Zé Augusto. Em 1974, Lauro deu um tempo dos gramados. Mas ainda tentou voltar ao campo, embora sem muito sucesso, no Rio Branco, entre os anos de 1976 e 1977.

“No Independência havia uma política de premiação dos atletas que se destacavam na base, relacionando-os para a reserva do time principal. A ideia era preparar esses atletas para serem os titulares do futuro. Eu fui um desses premiados. Só não dava para assumir a camisa um, levando em conta que o titular era o Zé Augusto. Mas foi uma ótima experiência”, disse Lauro.

Mesmo nessas passagens por Independência e Rio Branco, Lauro não abandonou as quadras. Praticava as duas modalidades a um só tempo. Tanto que, nessa mesma época, ele disputou o primeiro campeonato acreano de futebol de salão pelo Vasco da Gama, sob a liderança de Tonho do Almada. “Conseguimos chegar até ao quadrangular final”, contou o ex-goleiro.

Um lance para não sair da memória

Juventus – 1982. Em pé, da esquerda para a direita: Auzemir, Viana, Mundoca, Lauro e Tião Nemetala. Agachados: Adrian, Emerson, Jorge Tijolo, Casquinha e Fugiwara. Foto/Acervo Francisco Dandão.
Juventus – 1983. Em pé, da esquerda para a direita: Lauro, Emerson, Zé Francisco, Curu, Bé, Adrian e Auzemir. Agachados: Luís Ney, Mundoca, Viana, Casquinha e Fugiwara. Foto/Acervo Lauro Fontes.

No futebol de salão, além do time da Difusora e do Vasco, Lauro defendeu outras cinco equipes, até “pendurar o tênis”, em 1988: Amapá, Rio Branco, Juventus, Banacre e Piauí. Mas o lance inesquecível, de acordo com ele, foi jogando pela seleção da Federação de Desportos Universitários Acreanos, nos Jogos Universitários Brasileiros de 1978, em Curitiba-PA.

Banacre – 1986. Em pé, da esquerda para a direita: Lauro, Adrian, Tião Nemetala, Cirênio, Chiquito e Cravo. Agachados: Dô, Jorge Tijolo, Casquinha, Pedrinho e Nelsinho. Foto/Acervo Celso Ronaldo.

“Parei de jogar aos 32 anos, por duas razões: um problema no joelho e a minha atividade como professor. Quanto ao lance inesquecível, foi contra a seleção universitária de Goiás. Eu lancei a bola com força para o Dadão. Ele deu um toque por baixo da bola, encobrindo o defensor e pegando-a na frente, sem deixa-la cair, no ângulo dos caras. Golaço!”, contou Lauro.

Piauí – 1988. Em pé, da esquerda para a direita: Lauro, França, Sapatão, Kalu, Zé Maria, Niltinho, Dinda, Cabral e Domingos Amaral. Agachados: Jamil, Carlinhos Bigu, Léo, Rei Artur, Pedrinho, Chim Popó e Jorge Tijolo. Foto/Acervo Pedro Peixoto.

Modesto, Lauro não quis se incluir na seleção acreana de futebol de salão/futsal de todos os tempos. Para ele, um time perfeito dessas modalidades formaria com o goleiro Azevedo, os alas Adrian e Jorge Tijolo, o fixo Marcos Almeida e o pivô Casquinha. Na condição de melhor treinador ele citou Davi Abugoche. E como maior dirigente ele escolheu Edson Alves.

Pelada Cafezar – 1996. Em pé, da esquerda para a direita. Tião Nemetala, Mustafa, Marquinhos, Carlinhos, Marcos, Mauro, Júnior Maciel e Lauro Fontes. Agachados: Petecão, Cleber, Luís Ney, Jorgean, Tim, Pissica e Henry Zaire. Foto/Francisco Dandão.

Especialista em Gestão Pública, com graduações em várias áreas e mestrados em Sociologia, Ciências Políticas e Direito, Lauro Fontes, agora aposentado, finalizou a entrevista se dizendo um homem feliz, principalmente pelos filhos que gerou, entre os quais o também goleiro de futsal Tharso Fontes. “Todas pessoas de bem, graças a Deus”, garantiu.