Lendas vivas

Da minha caixa postal virtual emergiu uma agradabilíssima surpresa na manhã dessa recente terça-feira, 27 de fevereiro: uma fotografia com três lendas vivas do futebol acreano. Sorridentes, olhando direto para mim através da câmera, se materializaram Chico Alab, Edson Carneiro e Elísio.

A visão desse trio teve o poder de remeter a minha lembrança aos memoráveis anos da década de 1970, quando o velho estádio José de Melo esgotava a lotação em todas as rodadas. Quatro times movimentavam as energias da galera: Atlético Acreano, Juventus, Rio Branco e Independência.

Na outra metade dos times que disputavam o campeonato acreano, a dos chamados clubes pequenos, destacavam-se o Andirá, o Floresta, o Internacional e o Vasco da Gama. Eram denominados pequenos mas, de vez em quando, enfrentavam os bichos papões de orelha em pé e cabeça erguida.

Das instalações do estádio, as lembranças são as piores possíveis: gramado ruim (careca em alguns lugares, buracos em profusão e com tufos de capim alto em determinados setores), sem banheiros e com arquibancada sofrível (em um dos lados, apelidado Vietnã, feita de pranchas de madeira).

A competência do trio de antigos craques que me sorriu de dentro da fotografia que eu falei lá no primeiro parágrafo, porém, independentemente de todas as carências nas instalações do estádio, compensava qualquer desconforto. Esses caras eram três dos heróis das minhas tardes de domingo.

O Edson Carneiro, centroavante tipo rompedor, era desses três o que possuía menos intimidade com a bola. Em compensação tinha um faro apuradíssimo para fazer gols. Para efeito comparativo, guardadas as devidas proporções, ele era uma espécie de Dario da região Norte. Goleador nato!

Enquanto isso, o Elísio, que jogava pelas extremidades do campo (tanto na esquerda quanto na direita), além de habilidoso com a bola nos pés, fazia da velocidade a sua principal arma na batalha semanal contra os laterais adversários. Foi ele quem marcou o primeiro gol da história do Juventus!

Já o Chico Alab, esse é tido como um dos maiores laterais-direitos entre os que passaram pelo futebol acreano. Que eu saiba, ele só vestiu a camisa de três times na vida: Grêmio Atlético Sampaio, Independência e São Francisco. Mas foi no Independência que ele viveu a sua melhor fase.

Ah, sim, antes que acabe o espaço que me compete escrever a crônica da hora, devo esclarecer que a tal fotografia me foi enviada pelo maestro Zacarias Fernandes, acreano que mora em Manaus há bons 40 anos. O Zacarias mora em Manaus mas não larga o Acre. Grande maestro Zacarias!