Ley com a camisa do Andirá na temporada de 2019. Foto/Manoel Façanha

Ley – Lateral apoiador mostrou sua arte em vários estados brasileiros

Francisco Dandão

As primeiras peladas do menino Francislei da Silva Carneiro ocorreram na sua Sena Madureira natal. Nascido no dia 23 de junho de 1981, ele começou a mostrar a sua classe no campo do Grêmio. Isso até 1994, quando a bola dele ficou muito grande para a cidade interiorana, e ele se mudou para a capital, onde ingressou nas divisões de base do Rio Branco.

Rio Branco (juniores) – 1997. Em pé, da esquerda para a direita: Gilberto, Urlan, Fumaça, Paulinho Pitbull, Giovanni, Tiziu, Adelson, Zé Gilberto, João Paulo Quinari e Venícius. Agachados: Davi Zaire, Wescley, Valci Jucá, Ley, M’Claude, Pelezinho, Davi e Tom. Foto/Acervo Francislei Carneiro.

 

Ley, que jogava de meia-atacante, ficou na base do Rio Branco até estourar a idade, em 2001. Como não havia vaga para ele no time de cima, o Rio Branco tratou de emprestá-lo para jogar pelos profissionais da Adesg de Senador Guiomard. Ele e Rogério, que era seu companheiro no meio de campo do Estrelão. Mas apenas emprestados, só para ganharem experiência.

No ano seguinte, 2002, encerrado o empréstimo para a Adesg, o ainda menino Ley voltou para o Rio Branco na condição de reserva do meio de campo. A ideia era disputar uma vaga no setor. Mas aí, um dia, treinando na lateral-direita, no time suplente, ele foi tão bem, defendendo e atacando com igual desenvoltura, que o técnico Ulisses Torres o efetivou na posição.

“A virada na minha carreira de jogador de futebol começou ali. Tinha muita gente boa no meio de campo. Eu ia ter que ralar muito para conseguir me firmar entre os titulares. Talvez até precisasse ser emprestado outra vez. Quem deu a maior força para isso acontecer foi o presidente Natal Xavier. Foi ele quem sugeriu ao Ulisses Torres me escalar na lateral”, disse Ley.

Rio Branco (juniores) – 1997. Em pé, da esquerda para a direita: Gilberto, Urlan, Fumaça, Paulinho Pitbull, Giovanni, Tiziu, Adelson, Zé Gilberto, João Paulo Quinari e Venícius. Agachados: Davi Zaire, Wescley, Valci Jucá, Ley, M’Claude, Pelezinho, Davi e Tom. Foto/Acervo Francislei Carneiro.

 

Times de sete estados e um ótimo salário

Ley (à esquerda) comemora gol pelo Botafogo-DF, no início de 2010. Foto/Acervo Francislei Carneiro.

Além do Acre, onde também jogou na Adesg, Atlético, Galvez, Andirá, Humaitá e no Plácido de Castro, Ley defendeu times de outros seis estados: Amazonas (São Raimundo, Princesa do Solimões e Grêmio Coariense), Distrito Federal (Botafogo), Minas Gerais (Uberlândia e Comercial), Mato Grosso (Mixto e Operário), Pará (Águia de Marabá) e Maranhão (Sampaio Correa).

Sempre titular por onde passou, Ley revelou que foi no Botafogo-DF que ele ganhou o maior salário da sua carreira. “Era uma grana muito boa a que me pagavam no time do Distrito Federal. O time de Brasília era uma espécie de filial do Botafogo do Rio de Janeiro. Dei até entrada na compra de uma casa com o dinheiro que eu ganhei no Botafogo”, afirmou Ley.

“A partir do Botafogo, bem como de outros times que eu joguei fora do estado”, continuou Ley, “eu até poderia ter ido mais longe no futebol brasileiro. Acho que só não fui porque o meu contrato com o Rio Branco, inicialmente, era longo e eu só saía por empréstimo. Aí, eu tinha sempre que voltar. Com isso o tempo foi passando e eu acabei ficando por aqui mesmo”.

Mixto (MT) – 2012. Ley é o terceiro agachado. Foto/Acervo Francislei Carneiro

 

Independentemente de qualquer coisa, porém, Ley garantiu que viveu grandes emoções no Rio Branco. Emoção como a do gol que ele marcou no último jogo do campeonato de 2010, contra o Náuas. “A gente jogava pelo empate para ser campeão. E eu estava no lugar certo para mandar para a rede o cruzamento do Ananias. O jogo terminou 1 a 1”, falou o ex-lateral.

Atlético Acreano – 2014. Em pé, da esquerda para a direita: Marquinhos Costa, Wilson, Neném, Esquerdinha, Luciano e Máximo. Agachados: Ley, Eduardo, Josy, Araújo Goiano e Juliano César. Foto/Francisco Dandão.
Galvez – 2018. Em pé, da esquerda para a direita: Kinho, Léo Mineiro, Máximo, Rafael, Gilson e Daniego. Agachados: Thaumaturgo, Adriano, Ley, Tonho Cabañas e Ciel. Foto/Francisco Dandão.

 

Família de craques e grandes personagens

Ley não foi o único da sua família que brilhou no futebol. Além dele, também o irmão Neném, jogador de meio-campo, e o primo Doka Madureira, atacante, se projetaram para além das fronteiras regionais. E agora o sobrinho Marlon (filho de uma sua irmã), começa a despontar no Andirá. “Tomara que ele se firme e que siga as nossas raízes”, disse Ley.

No que diz respeito aos grandes personagens do futebol acreano, Ley citou o presidente do Rio Branco Natal Xavier, que ele disse ser um homem de honra, que tanto cumpria a palavra empenhada quanto brigava como poucos pelo clube. E citou também, na condição de técnicos extremamente competentes, os nomes de João Carlos Cavallo, Everton Goiano e Zé Marco.

“A qualquer desses treinadores”, disse o ex-lateral Ley, “eu entregaria o comando de uma seleção acreana, que na minha opinião formaria com os seguintes nomes: Ronaldo; Ley, Marquinhos Costa, Dudu e Ananias; Ismael, Neném, Zé Marco e Doka Madureira; Juliano César e Marcelo Brás. Grandes craques que eu tive o prazer de conviver e jogar. Todos jogavam fácil”.

Prestes a completar 39 anos, Ley não pretende mais jogar profissionalmente. Inclusive porque, segundo ele, apesar de ainda ostentar uma boa forma atlética, chegou a hora de tocar a vida em outra atividade. Quanto ao futuro, o ex-lateral artilheiro disse que pretende cursar uma faculdade educação física e depois, quem sabe, voltar ao mundo do futebol.