MANOEL FAÇANHA
Na temporada de 1995, o militar Francisco Lima do Nascimento, o Loló, então com 27 anos (ele nasceu no dia 26 de julho de 1968, na capital do Acre), realizou o sonho de criança ao vestir a camisa do Atlético Clube Juventus. Atacante de lado e exímio finalizador, Loló surgiu para o futebol em competições amadoras ocorridas nos bairros Nova Esperança, Estação Experimental e Calafate, além de torneios internos organizados pela Polícia Militar do Acre.
Os gols, dribles curtos e o futebol veloz chamaram a atenção do técnico juventino Gualter Craveiro, companheiro de farda de Loló, iniciando assim o contato para sua primeira passagem pelo Clube do Povo. Entre idas e vindas, o término da carreira de futebolista desse militar ocorreria somente na temporada de 2011, quando, aos 43 anos, retornou aos gramados e deu sua parcela de contribuição na campanha do vice-campeonato do Imperador Galvez na segunda divisão do futebol acreano.
A carreira futebolística de Loló, irmão mais novo do saudoso jornalista Ilson Nascimento, ainda incluiria outros três clubes: Grêmio de Sena Madureira, equipe formada por militares (1996), Atlético Acreano (2003/2006) e Imperador Galvez (2011).
Entre as dificuldades para se firmar como jogador, Loló confidenciou que, além da exaustiva atividade de agente público de segurança, onde muitas vezes precisava deixar os treinos para ir às ruas de Rio Branco para combater o crime, estava o fato de ter iniciado a vida futebolística profissional de forma tardia. “Muitas vezes eu deixava o treino já exausto, mas ainda encontrava fôlego para encarar, não os zagueiros adversários, mas, sim, o combate à criminalidade nas ruas de Rio Branco”, lembrou Loló.
Título e artilheiro do Torneio Início de 1995
Loló estreou no profissionalismo com o pé direito. Reserva da dupla Sairo e Venícius, ele explicou que em alguns momentos deu sua contribuição para o Juventus conquistar o título de 1995. Segundo o próprio, apesar das poucas chances, ele contribuiu com a conquista do título de campeão por parte do time juventino. Também foi no Juventus que Loló encontrou o melhor parceiro de ataque: o artilheiro Sairo. “O Sairo era um atacante muito inteligente, clássico e com boa presença de área e, as vezes que jogamos juntos, só tenho elogios ao seu futebol e a amizade”, resumiu Loló.
Um ano depois de vestir a camisa juventina, Loló recebeu o convite para jogar pelo Grêmio, equipe militar comandada pelo capitão PM Marcus Wisman. No clube militar, Loló era peça importante no comando do ataque. Na estreia com a camisa gremista, de corres vermelho e branco, Loló deu show. Marcou gols importantes e ajudou sua equipe a vencer o Torneio Início, marcando três gols, o suficiente para garantir a artilharia da competição, inclusive fazendo o gol do título na vitória contra o Atlético por 1 a 0. Na disputa do estadual, o time militar não teve o mesmo desempenho, mas Loló, com faro de gols, fechou à competição como artilheiro do clube militar.
A respeito da sua seleção da época que atuava no futebol profissional, Loló não fez muita cerimônia e escalou o seguinte time: Weverton (hoje no Palmeiras); Dema, Josman, Hélio e Cesinha; Ico, Jacaré e James; Venícius, Sairo e Loló.
Vitória surpreendente e derrota elástica
Um convite do amigo de farda, ex-jogador e técnico Mário Sales fez o atacante Loló, após seis anos afastado dos gramados, retomar a carreira no futebol profissional pela equipe do Atlético Acreano, em 2003.
O retorno de Loló aos gramados, aos 34 anos, era visto com desconfiança, mas aos poucos o artilheiro da segurança pública e então cabo da Polícia Militar, calou os críticos e passou a ser um dos principais jogadores do elenco celeste naquela temporada, marcando nove gols.
Dois fatos marcantes da sua carreira ocorreram exatamente naquela temporada com a camisa do Galo Carijó. O primeiro, no dia 22 de maio, quando, até os 45 minutos do segundo tempo o time celeste perdia para o Juventus por 2 a 1. No entanto, em noite iluminada, Loló empatou e virou o jogo em dois lances cruciais ocorridos aos 45 e 46 do segundo tempo, explodindo a massa atleticana presente em bom número nas arquibancadas do Stadium José de Melo. Já o segundo fato não traz boas recordações para ele. No clássico contra o Rio Branco, válido pelo returno do estadual, ocorrido dia 24 de junho, o time celeste caiu pelo placar elástico de 10 a 0 para o Estrelão, cinco gols em cada tempo da partida. O responsável direto pela derrota celeste naquela noite terrível para o clube teria sido o descontrole emocional do goleiro Lala, que, além das falhas, foi expulso ao cuspir no árbitro Carlos Ronne, após o quinto gol estrelado, no final do primeiro tempo. “Estávamos mal no returno e nesse jogo, contra o timaço do Rio Branco, entramos muito desconcentrados em campo e o Lala, realmente, perdeu o controle emocional e mereceu ser expulso”, justificou Loló a elástica derrota do Galo, lembrando ainda da expulsão do lateral esquerdo Serginho, companheiro de equipe.