Luto por Hermano

O futebol acreano chora a partida prematura do ex-jogador e desportista em tempo integral Hermano Filho. Ele foi, seguramente, o maior entusiasta desse esporte em Sena Madureira, sua cidade natal, promovendo inúmeros eventos em torno de uma bola para pessoas de todas as idades.

Muitos dos seus conterrâneos que viraram craques foram iniciados no futebol pelas suas mãos (Doka Madureira, que fez carreira na Europa, é o exemplo maior disso). Muitos se desviaram do mundo do crime pela iniciativa dele. E muitos simplesmente se divertiram pelas ações dele.

Hermano Filho deixou um grande legado para o desporto, diz Illimani Suares. Foto/Manoel Façanha.

Eu não cheguei a ter uma convivência muito próxima com o Hermano, mas nas poucas vezes em que nos encontramos enxerguei nele um desses homens imprescindíveis, preocupadíssimo com o bem estar da comunidade da qual ele fazia parte. Por conta disso, até fiz questão de entrevista-lo.

Foi a partir da entrevista, basicamente sobre a carreira dele enquanto jogador de futebol, que eu fiquei sabendo que a primeira camisa vestida por elefoi a dos juvenis do Grêmio. Hermano estava com 15 anos e jogava de volante. Isso no ano de 1977. No ano seguinte ele jogaria pelo Comercial.

Hermano Filho entrando em campo com a camisa do Grêmio. Foto/Arquivo Pessoal de Hermano Filho.

Depois disso, em 1979, ele passou a defender as cores do Fluminense. Aí já na condição de ponteiro-direito. Nessa nova posição ele permaneceria até o encerramento da carreira, em 1995, depois de defender as cores do Vasco, do Mixto, da Assincra e da seleção municipal. Dez anos na seleção!

Comercial (Sena Madureira) – 1989. Em pé, da esquerda para a direita: Helder (técnico), Júnior, Hilton, Ney Areal, Cajá, Nelson, Rominha, Wilson e Japonês. Agachados: Chagas, Ferrugem, Barata, Assis, Hermano, Admo e Patinho. Foto/Acervo Francisco Dandão.
Hermano Filho defendendo as cores do Fluminense no final da década de 1970. Foto/Arquivo Pessoal de Hermano Filho.

Hermano viveu muitas histórias nos seus anos como jogador de futebol da sua eternamente querida Sena Madureira. Duas dessas histórias ele gostava de lembrar quando contava as suas memórias. Uma delas, sobre um jogo contra a seleção de Xapuri. A outra, a de uma tarde de artilharia.

Seleção de Sena Madureira – 1987. Em pé, da esquerda para a direita: Zé Vieira, Marcos Wismann, Galvão, Joaci, Araújo, Nelson e Rominha. Agachados: Nenê Diniz, Pejota, Carlos Carimbo, Hermano,Isaac e Adno. Foto/Acervo Francisco Dandão.

A história do jogo entre as seleções de Sena Madureira e Xapuri aconteceu no estádio Góes e Castro, na Princesinha do Acre. Vitória de Sena por 3 a 0. “Nesse dia”, disse-me Hermano, “parecia que nós fomos tocados por um espírito divino. A bola rolava fácil. Fomos aplaudidos de pé”.

Com a camisa da Assincra, Hermano Filho adentra o gramado com a filha Halyne. Foto/Arquivo Pessoal de Hermano Filho.
Assincra/Banacre (Sena Madureira) – 1992. Em pé, da esquerda para a direita: Jorge, Sandro, Alexandre, Carlinhos, José Hamilton e Louzada. Agachados: Neném, Edilson, Hermano, Serginho e Pejota. Foto/Acervo Francisco Dandão.

A outra história aconteceu num jogo entre Comercial e Assincra, pelo campeonato municipal de Sena Madureira. O Comercial, time pelo qual jogava Hermano, fez 5 a 1 na Assincra. Ele fez quatro dos cinco gols. Aí passaram a chama-lo de “Hermandite”, mistura de Hermano com Dinamite!

E tudo isso falando somente do futebol de campo. Hermano também foi um adepto do futebol de salão/futsal, esporte que praticou em nível competitivo até bem depois dos 40 anos. Enfim, como eu disse lá no primeiro parágrafo, o futebol acreano chora a sua partida. Requiescat in pace!