O ex-jogador Magide Anute em foto atual. Foto/Danto Freitas

Magide – Polivalente, craque brilhou em várias modalidades do esporte acreano

Francisco Dandão

Nas décadas de 1970 e 1980, cada bairro de Rio Branco tinha o seu campinho ou a sua quadra esportiva (alguns tinham as duas opções) para a diversão e a iniciação esportiva dos meninos e adolescentes dos respectivos locais. E por conta dessa profusão de espaços para a prática das diversas modalidades, muitos craques foram revelados nesses campinhos e quadras.

O campinho Maracutaia, na Estação Experimental, por exemplo, teve o poder de revelar para o futebol regional craques como César Limão, Rei Artur, Delcir, Renísio, Sabino e Antônio Júlio. Sem contar as promessas que ficaram pelo caminho, como foram os casos de Manoel Façanha, Rômulo e Zé Alício, que preferiram seguir para outros rumos.

O atacante (futebol de campo), pivô e fixo (futsal) e goleiro (handebol) Magide da Silva Anute, natural de Sena Madureira (nascido no dia 13 de março de 1964), é um nome que merece ser incluído na lista anteriormente mencionada. Baixinho, bom de bola, ele começou sua trajetória aos 13 anos, num time chamado Nacional, fundado e dirigido pelo senhor João Barbosa.

Do Nacional, ainda na Estação Experimental, Magide passou para o Santa Cruz. O detalhe nesse time era o de que não havia limite de idade para vestir a sua camisa. A exigência era a de que nenhum atleta deveria medir mais do que 1m 60cm. Misturavam-se, dessa forma, adolescentes e adultos. Jogava o Magide, com 16 anos, e um goleiro que já havia passado dos 40.

Na infância, Magide já mostrava intimidade com a bola. Foto/Acervo Magide Anute
Santa Cruz – 1981. Em pé, da esquerda para a direita: Zé Alício (técnico), Afrânio, (…), Chiquinho, Magide e Kátio. Agachados: Ary, Jarmes, Rômulo e Manoel. Foto/Acervo Rômulo Afonso

A chegada ao poderoso Rio Branco

Em 1981, o craque Magide e o goleiro Afrânio brilharam com a camisa do Santa Cruz. Foto/Acervo Magide Anute

Em 1979, aos 15 anos, o bairro da Estação Experimental ficou pequeno para o futebol de Magide. Vinha gente de longe ver os prodígios que ele fazia com a bola. Ele e outro baixinho de nome Leco eram, inclusive, chamados de “capetinhas”. E aí ele foi jogar em campeonatos do bairro do Bosque, no time do Rodoviário, cujo técnico era o professor Rivaldo Melo.

No ano de 1979, o professor Illimani Suares entrega medalha para Magide, então jogador do Rodoviário, equipe do professor Rivaldo Melo. Foto/Acervo Magide Anute
No ano de 1980, Magide Anute (o terceiro agachado) assiste as primeiras aulas de futebol do professor Nino. Foto/Acervo: Manoel Façanha.

A estada no time do professor Rivaldo Melo durou somente um ano. Estava encerrado o ciclo de Magide nos campinhos periféricos. Quando chegou 1980, mais uma vez por conta das suas ótimas exibições, ele foi convocado para jogar nas divisões de base do Rio Branco, sob o comando do treinador Illimani Suares. O estádio José de Melo passou a ser o seu palco.

“Sair dos campinhos de bairro e chegar ao [estádio] José de Melo era o que todo menino da minha geração queria. Era um tempo em que a gente ia ver os jogos do campeonato acreano e tinha os jogadores dos times adultos como nossos ídolos. A convocação do professor Illimani Suares para vestir a camisa do Rio Branco me encheu de energia e sonhos”, afirmou Magide.

Rio Branco – 1981. Em pé, da esquerda para a direita: Illimani Suares, Tonho, Zenon, Eco, Richard e Chicão. Agachados: Roberto Ferraz, Magide, Leco, Pintinho e Carioca. Foto/Acervo FFAC
Seleção Acreana de Juniores – 1982. Em pé, da esquerda para a direita: Klowsbey, Bolinha, Denilson, Fran, Mauricinho e Kiko. Agachados: Magide, Waltinho, Richard, Vidal e Ericsson. Foto/Acervo Magide Anute

Ao lado de outros garotos que depois se tornaram famosos no mundo do esporte (Klowsbey, Bolinha, Paulo Henrique, Jorge Luís, Zenon etc.), Magide permaneceu no Rio Branco até 1982. No ano seguinte, o promissor atleta teve que largar o Estrelão para prestar o serviço militar. “Ficou impossível conciliar a atividade no Exército com os treinos”, disse Magide.

Santa Cruz – 1985. Em pé, da esquerda para a direita: Fran, Vavá, Magide e Manoel. Agachados: Pinto, Mustafa e Curió. Foto/Acervo Magide Anute

Passagem pelo Floresta e os outros esportes

No futebol de campo, Magide vestiu ainda a camisa de dois outros clubes: o Floresta e o Tiradentes. Pelo Floresta, ele disputou o campeonato estadual de 1983, a convite do presidente José Carlos.

“Não havia muita exigência de treinos e por isso dava pra levar numa boa”, explicou Magide. E o Tiradentes era o time da Polícia Militar, onde Magide entrou em 1984.

Tiradentes  – 1988. Em pé, da esquerda para a direita: Col. Padrão, Justino, Mariomar, Louzada,  Roberval, Mário e Omar. Agachados: Magide, Mota, L. Cruz, Eugênio e Carlos. Foto/Acervo: Magide Anute
Tiradentes – 1991. Em pé, da esquerda para a direita: Tibúrcio, Antrobus, Cláudio. A. Teixeira, Mariomar, James, Jabá, Ernandes. Magide, Proraska, Louzada (técnico) e Roberto “Boca de Cantor” (massagista). Agachados: Mota, Marcílio, Juraci, Oziel, Sena, Generoso, Loló, André Louzada (mascote) e Jonas. Foto/Acervo Pessoal Loló
No final da década de 1980, Magide e jogadores do Piauí comemoram mais um título. Foto/Acervo Magide Anute
Sindicato dos Bancários-AC – 1996. Em pé, da esquerda para a direita:  Francisco Leitão (técnico), Agamenon, Nande, Fausto, Sérgio Vargas e Alcides. Agachados: Altair, Ley, Magide, Rômulo, Wesley, Biraba (torcedor), Manoel Façanha (diretor), Junior Anute e Marcos Paulo (mascotes). Foto/Acervo Manoel Façanha.
AABB (futsal) – 1997. Em pé, da esquerda para a direita: Rômulo, Marquinhos Bombeiro, Roney, Ismael, Audiney, Fabrício, Mustafa Anute (técnico) e Djalma (diretor). Agachados: Jamerson, Magide, Casquinha, Ney, Dênis e Elias. Foto/Acervo: Casquinha
Volta Redonda (futsal) – 1999. Em pé, da esquerda para a direita: Morcego, Nadson, Deise Leite, Ialey e Demir. Agachados: Cássio, Manoel Carlos e Magide. Foto/Acervo Manoel Façanha

Paralelamente à sua experiência como jogador de futebol de campo, Magide praticou com destaque duas outras modalidades: futebol de salão/futsal e handebol. Na primeira, entre 1980 e 2002, ele vestiu as camisas dos seguintes times: Cruzeiro, Tarauacá, Piauí, Volta Redonda e AABB. E no handebol ele jogou, de 1980 a 1983, pela Escola Natalino Brito e pelo CSU.

No início dos anos de 1980, os irmão Magide (goleiro) e Mustafa Anute (armador central) era os principais jogadores de handebol do CSU. Foto/Acervo Magide Anute
No handebol, Magide é premiado como o melhor goleiro na temporada de 1982. Foto/Acervo Magide Anute

A seleção acreana do seu tempo, Magide escalou com Klowsbey; Bolinha, Kiko, Denílson e Luís César; Richard, Paulo Henrique e Mauricinho; Magide, Álvaro Miguéis e Vidal. Técnico: professor José Aparecido (Nino). No que diz respeito ao futsal, ele escolheu Dinda; Paulo Henrique, Ney, Jamerson e Casquinha. Técnico: professor Davi Abugoche.

No que diz respeito ao futuro, Magide disse que depois de passar vários anos fazendo parte dos quadros da Polícia Militar do Acre, só quer saber agora de sombra e água fresca nas praias de João Pessoa, cidade que escolheu para morar com a família depois de reformado. Seus bons tempos de atleta, as vitórias e as derrotas, figuram apenas na parede da memória.

Fac Símile do Jornal Opinião de 22 de agosto/2020