Mago na área

Marcelo Altino, 73 anos bem vividos e devidamente rodados pelo mundo do futebol, carioca de sangue pra lá de bom, está de volta ao comando técnico de um time. Será da prancheta dele que sairão as estratégias para a postura do Humaitá no campeonato acreano de 2017.

A história da paixão do Marcelo Altino pelo futebol, que começou nas divisões de base do Fluminense do Rio de Janeiro e veio bater no interior do Acre, daria um ótimo romance, caso caísse nas mãos de algum autor atento. Para uma novela, folhetim ou minissérie seria mais que perfeita!
Pra começar, quando o tal sujeito veio ao mundo, em 6 de julho de 1943, rolava o genocídio mais cruel que se tem notícia nos tempos modernos, com milhões de judeus executados nos campos de extermínio nazistas. O roteirista já teria aí material para uma ótima contextualização.

Malandro, como só ele sempre soube ser, um dia, numa das nossas conversas, ele me disse que era para ter nascido uns dezoito anos antes, mas deu um jeito de atrasar a vinda à luz para não ser convocado para a luta nos campos da Itália. Só não explicou foi como ele realizou a proeza.

Malandragens à parte, porém, o certo é que desde cedo Marcelo Altino se interessou pela teoria do futebol. “Em todos os clubes que eu passei como jogador, muito mais do que cumprir os meus compromissos, eu sempre prestei atenção ao comportamento dos técnicos”, contou-me ele.

Ressalte-se que não foram poucos os técnicos que dirigiram Marcelo Altino como atleta, em cinco times (Fluminense-RJ, Náutico-PE, Vila Nova-MG, Remo-PA e Libermorro-AM), até aos 26 anos dele, quando uma grave lesão no joelho o forçou a abandonar prematuramente os gramados.

Mas ele passou a ser chamado de mago foi depois que resolveu virar treinador. A sua capacidade de extrair o máximo de equipes modestas, bem como de mudar um resultado no intervalo entre um tempo e outro de uma partida, é que justifica o seu apelido. O cara enxerga o jogo como poucos!

Nessa cota de magia se pode creditar a Copa Norte que Marcelo Altino conquistou com o Rio Branco, em 1997. A decisão foi contra o Remo-PA, em partidas de ida e volta. O primeiro jogo, no Acre, foi empate. O Remo dormiu quase campeão. Pois deu Rio Branco em Belém!

A última vez que eu vi o Marcelo Altino, ele subia os degraus do clube Sborba. Disse-me que ia passar a noite bailando e fazendo as damas rodopiarem em torno dele. Estava vestido de preto, com um enorme cordão de ouro no pescoço. Era o próprio Zorro, pronto para deixar a sua marca!