Está para ser inaugurada no Brasil uma arena que pode pôr em prática o modelo de multifuncionalidade sustentável tão questionada no País, principalmente por conta dos estádios construídos para a Copa do Mundo. Mas, contraditoriamente, o time que a utilizará enfrenta nova crise que o ameaça ao rebaixamento à segunda divisão do Campeonato Brasileiro.
A Arena do Palmeiras tem fácil acesso e fica em área central da mais rica cidade do país. Além disso, oferecerá multifuncionalidade em uma região com potencial enorme de ter um empreendimento desse tipo.
Não à toa que antes mesmo de ser aberta já se especula os grandes shows que local irá receber além de jogos – o Rolling Stones é um deles. Trata-se do palco de futebol que poderá ter o melhor rendimento multiuso entre todas as arenas inauguradas no Brasil nos últimos anos.
Há mais de um ano que o naming right (direito de dar o nome ao local) foi fechado na arena sem ela estar pronta – fato inédito no Brasil. A seguradora Allianz pagou R$ 300 milhões por 20 anos de uso.
O dinheiro que ergueu a arena, a ser inaugurada em setembro, é privado, ao contrário das construídas para a Copa do Mundo que recorreram aos generosos financiamentos públicos para saírem do chão. Só o Grêmio, entre os grandes clubes, fez estádio de porte totalmente privado nos últimos anos no País – mas a localização, distante da região central de Porto Alegre, é fator que tira alguns pontos da chamada autossustentabilidade.
A construtora WTorre, dona do empreendimento, apostou no negócio acreditando que nos próximos anos o espaço, super bem localizado, se tornará um dos maiores centros de entretenimento e empresarial de São Paulo, com capacidade de realizar encontros, feiras, espetáculos e eventos esportivos diversos.
São Paulo, por incrível que pareça, ainda carece de espaços desse tipo, principalmente no coração da cidade. O Morumbi é de difícil acesso e terá um competidor de peso na realização de shows, uma atividade que gerou bons recursos nos últimos anos ao clube São Paulo com o aluguel do estádio. Já o Itaquerão é um equipamento dedicado à Zona Leste da capital paulista.
Porém, o Palmeiras anda mal no futebol. Está ameaçado de voltar para a Segundona. Mas ainda assim o público na arena nova não deverá ser decepcionante pois o clube dispõe de enorme torcida.
A despeito das pendengas que a construtora e o clube estão definindo com relação principalmente a ressarcimento financeiro com a arena (e também dos atrasos na obra), o local, se tudo der certo, deverá se tornar exemplo de padrão multiuso no Brasil nesse tipo de empreendimento. Simplesmente por que foi construída com a preocupação número um de dar lucro.
Augusto Diniz