Sábado, 24 de abril. O time acreano do Galvez estreou na Copa do Brasil Sub-20, em casa, com uma goleada sobre o paranaense Londrina: 5 a 1. Penso que nem nos prognósticos mais otimistas alguém teria cravado uma vitória por um placar tão elástico. Foi uma grande surpresa. Foi sim senhor!
Os paranaenses, fico aqui dialogando com as negras teclas do meu computador portátil, voltaram para o seu estado sem saber qual o caminhão que os atropelou. E os meninos do Galvez, na opinião de algumas criaturas mais apressadas e imediatistas, ganharam o status de grandes promessas.
De acordo com o noticiário dos dias seguintes à partida, empresários de outras paragens brasileiras cresceram os olhos e se danaram a ligar para gente do Acre querendo saber mais sobre as características dos jovens jogadores do Galvez. Vislumbraram, talvez, uma jazida a ser explorada.
Quarta-feira, 5 de maio. O Galvez entrou em campo para jogar a primeira partida das oitavas-de-final contra o Atlético-MG. Depois da pancada no lombo dos paranaenses, o sonho era despachar os mineiros. Normal, muito normal, esse sonho. Mas agora o buraco era mais embaixo.
E então, como o vento que venta cá, venta lá, e também como “nem todo dia é dia santo”, o Galvez tomou, em Belo Horizonte, um sacode de 5 a 0. De caçador, o Imperador virou caça. Foi abatido mal ensaiou alçar voo. E os projetos de craques passaram a ser vistos por alguns com olhos oblíquos.
Foram muitas as vozes que se ergueram para criticar a bola dos garotos e o trabalho do ótimo técnico Paulo Roberto. Como se tomados de uma súbita amnésia, um grande número de torcedores parece ter esquecido o triunfo sobre o Londrina. Para esses, não existe meio termo entre o céu e o inferno.
Domingo, 9 de maio. Quatro dias depois da goleada sofrida pelo Galvez, acreanos e mineiros fizeram o jogo da volta. A toalha, provavelmente, já havia sido atirada ao chão do ringue, mas o time acreano estava longe de “beijar a lona”: 2 a 2. Uma despedida pra lá de honrosa!
Independentemente, porém, do bom resultado contra o Londrina e da goleada sofrida para o Atlético-MG, e para além do conceito radical de céu num momento e inferno no outro, o que eu acho é que no Acre existe muito menino bom de bola sim. Bons e maus resultados são apenas circunstanciais.
E a propósito dessa minha afirmação aí do parágrafo anterior, cito alguns nomes que nascidos na terra dos seringais seguiram para o mundo. Casos de Adriano Louzada, Rei Artur, Gaúcho Lima, Weverton, Rodrigo Galo, Doka Madureira, Papelim, Careca, Neto Pessoa, Polaco… Muitos!