IVAN MAZZUIA
O jornalista esportivo Manoel Façanha, 49 anos, 25 deles dedicado à coberturas do jornalismo esportivo, é o entrevistado do mês de fevereiro. Na matéria, ele conta sobre seus afazeres e a grande missão de perpetuar o futebol acreano através de seu acervo histórico.
Entre os afazeres do nosso entrevistado do mês estão os registros futebolísticos realizados pela sua câmera inseparável, assim como textos e produção de livros que retratam o cotidiano esportivo local.
Sempre organizado e atualizado, Manoel Façanha escreve atualmente para o Jornal Opinião, mas o grande prazer desse cronista esportivo, com formação em História (Ufac/1991-1994) e Jornalismo (Iesacre-Uninorte/2006/2009), está na produção de matérias, assim como na edição do site de sua propriedade, denominado Na Marca da Cal, que somente no mês de janeiro chegou à marca de 7.000 acessos. A expressão do portal e a fidelidade de seu público alvo consolidaram durante seis meses de existência mais de 33 mil acessos.
Apaixonado por futebol, mas amante de filmes épicos, assim como por coleções de imagens e documentos antigos, Manoel Façanha estima que seu acervo particular conta com mais de um milhão de imagens digitalizadas. Na busca de conhecer um pouco mais da sua história e sonhos, o site Mazzuia.com fez um bate-papo com o personagem.
Mazzuia – Manoel Façanha, a estimativa de registros fotográficos ultrapassam 1 milhão de imagens. Quando começou essa paixão por esse tipo de trabalho?
Manoel Façanha – Comecei ainda criança e a partir da minha formação no curso de História da Universidade Federal do Acre (1991/1994) cresceu essa vontade de guarda imagens, textos, peças, entre outras, somente cresceu.
Mazzuia – Acreditava que conseguiria se tornar uma das maiores referências da crônica esportiva acreana?
Manoel Façanha – Sem falsa modéstia, sempre acreditei que poderia me tornar uma referência, não pelo meu talento, mas sim pela força de vontade e senso organizacional que trago de berço. Veja só: colecionar mais de um milhão de imagens de forma organizacional, textos, revistas, livros e recortes de jornais, não é para qualquer um. Também outra boa referência desse trabalho de acervo futebolístico acreano diz respeito à figura do professor Francisco Dandão, uma referência não somente por essa qualidade, mas também pela genialidade de desenvolver textos bem explicativos e com boa dose de humor para prender seus leitores na frente do computador ou folha de impresso.
Mazzuia – Seu acervo possui arquivos de 2003 a 2020 e também registros históricos do futebol acreano. Esse conteúdo ajuda a reconstruir momentos históricos do futebol? De qual maneira?
Manoel Façanha – Sim. A partir do momento que buscamos contar a história de algum personagem, seja nos sites ou nas páginas de jornais, estamos produzindo aspectos de memórias de nosso futebol, assim ajudando a eternizar personagens da história futebolística acreana.
Mazzuia – Todo bom colecionador, definição essa citada em matérias sobre seu trabalho, tem imagens que guarda com mais carinho. Quais são seus registros fotográficos preferidos?
Manoel Façanha – Gosto muito de guardar imagens de finais campeonatos ou de algum personagem interessante do meu ponto de vista, como o professor Marcelo Altino. Esses tipos de imagem sempre são solicitadas. Vou aqui citar dois exemplos: Weverton (goleiro do Palmeiras) e Tiago Nunes (atual técnico do Corinthians). O primeiro, ano passado, entrou em contato comigo para usar uma foto quando ele, aos 16 anos, iniciava sua carreira futebolística com a camisa do Juventus-AC. Já o segundo personagem, antes de ser campeão pelo Athletico-PR, foi campeão acreano em 2010 dirigindo o Rio Branco. O pessoal do GloboEsporte.com/ac solicitou imagens dele à minha pessoa para lembrar o fato.
Mazzuia – Também é possível enaltecer os livros que escreveu. Poderia comentar sobre essas obras?
Manoel Façanha – Claro. O meu primeiro livro (Jornalismo esportivo no Acre na era do futebol profissional) é uma adaptação da minha monografia do curso de jornalismo. Os outros três (Entrevistas e memórias do futebol, Personagens do futebol acreano e Três cronistas na Grande Área.net) são antologias de matérias especiais, em parceria com Francisco Dandão e Augusto Diniz.
As obras buscam retratar a realidade do futebol local e buscam resgatar a memória de algumas personagens, além de aspectos de cobertura jornalística esportiva, como retrata bem o meu primeiro livro.
Nota: Manoel Façanha em breve lançará o livro Na Marca da Cal, previsto para Junho/2020. Dessa forma, a Coluna que completou 19 anos em 18 de Janeiro, terá uma espécie de coletânea com os respectivos momentos históricos.
Mazzuia – A tecnologia evoluiu bastante nas últimas décadas, dentre todas essas melhorias, qual das modernidades ajudam e otimizam o trabalho em seu cotidiano da melhor forma possível?
Manoel Façanha – A fotografia digital foi algo excepcional, mas a chegada de computadores modernos, associados a programas de computações dinâmicos e a rede mundial de internet, foi uma mão na roda na aceleração das informações e também na produção das pautas. Lembro-me que nos dias de plantão, chegava ao estádio José de Melo, na maioria das vezes, às 18h, e retornava a redação somente às 22h30. E como ainda neste período – final da década de 1990, boa parte da produção ainda era realizado manualmente, isso sem falar da ausência da máquina digital à redação do Jornal O Rio Branco, matutino que trabalhei 18 anos, geralmente a edição do plantão era finalizada somente após a meia noite.
Mazzuia – O futebol também pode ser considerado um hobby para você?
Manoel Façanha – Sim. Eu, particularmente, ainda milito no futebol mais por paixão do que por dinheiro. Só ainda não parei de realizar coberturas pelo fato dos gastos ainda não ter superar o ganho financeiro com o trabalho realizado, mas falta pouco (risos…)
Mazzuia – Há alguns times no Acre que durante esses tempos ficaram marcado na sua memória pelo bom futebol apresentado?
Manoel Façanha – Como profissional da imprensa gostava muito do Rio Branco/2008. Testinha, Ley, Marcelo Brás, Zé Marco, Ismael, Juliano César, Rodrigão, Ronaldo, Ananias e entre outros, tinha tarde que nos encantavam de prazer de assistir um bom futebol, além de “massagear” a nossa autoestima pelos bons resultados. O Atlético Acreano (2016/2017/2018) também era uma equipe de muita qualidade técnica e organizada taticamente pelo professor Álvaro Miguéis. O Rafael Barros sempre foi o craque do time. O cara que era destemido, além da qualidade do Polaco e do oportunismo do Eduardo, isso sem falar da segurança do volante Leandro, um atleta que tinha não somente a boa marcação, mas tinha um bom passe e fazia bem a leitura do jogo. Ressalva também para a qualidade do maestro Josy Braz e segurança do zagueiro Diego.
Mazzuia – Para finalizar, acreditamos que o site namarcadacal.com.br, reunirá grande parte desse conteúdo que você cuida zelosamente. “O céu é o limite” para o seu portal?
Manoel Façanha – O jornalismo on-line sempre está evoluindo. A rapidez da informação hoje é algo extraordinário. Os equipamentos a cada dia nos surpreendem mais (máquinas fotográficas, programas de computação e entre outros). No entanto, todo negócio necessita de investimentos, algo muito difícil hoje, principalmente no jornalismo esportivo. Porém, isso não pode superar a força de vontade, a criatividade e o trabalho.
Mazzuia – Desde já agradecemos a oportunidade da entrevista, assim como toda a ajuda para conhecer o futebol local de todos os tempos através do seu material.
Manoel Façanha – Nós que agradecemos o espaço e sempre estamos à disposição para contribuir de uma maneira ou outra.