Francisco Dandão
Nascido na cidade paraibana de Riachão, no dia 3 de junho de 1972, o cidadão Marcelo Feliciano de Melo, o Marcelinho, migrou com a família para o Acre em 1976. Daí para as primeiras peladas, nos campos do 7º BEC e do Suvaqueira, ambos no bairro Isaura Parente, foi só questão de algum tempo. Em meados da década de 1980, Marcelinho já era famoso na área.
Veloz, habilidoso e driblador, desde os primeiros contatos com a bola Marcelinho optou por jogar como meio de campo, do tipo daqueles que buscava não apenas armar o jogo, mas também procurar o gol adversário, de forma sempre vertical. Por conta disso, ele adotou como maiores ídolos os craques Zico (Flamengo) e Falcão (São Paulo), os quais procurava imitar.
A primeira camisa que Marcelinho vestiu foi a de um time do próprio bairro Isaura Parente, organizado pelo desportista Otávio Louzada. Aí, quando chegou 1988, o craque resolveu participar de uma “peneira” no Rio Branco. Mas foi uma passagem bem rápida. Logo ele encontrou o seu lugar nos infanto-juvenis do Juventus, sob o comando do técnico/jogador Paulão.
“No Rio Branco, cujas categorias de base eram treinadas pelo professor Illimani Suares, havia muitos garotos e as oportunidades eram raras. Já no Juventus tudo foi mais fácil, pois além de ficar mais próximo do bairro onde eu morava, o que me proporcionava ir a pé para os treinos, tinha muita gente conhecida, ajudando no entrosamento”, disse Marcelinho.
Estreia como profissional e dança de camisas
A estreia no time profissional do Juventus aconteceu em 1990. O Juventus tinha um timaço na época, mas lá pelas tantas vários jogadores se contundiram. O técnico Júlio D’Anzicourt, então, requisitou alguns juniores para completar o elenco. Marcelinho, já como atacante, foi no meio do grupo e no primeiro treino marcou logo cinco gols. Nunca mais voltou aos juniores.
A estreia no time principal foi contra o Atlético, no returno do campeonato de 1990. Marcelinho entrou no segundo tempo e o Juventus venceu por 1 a 0. Ele entrou no lugar do centroavante Ivo. Mas depois, por conta da baixa estatura, passou a jogar pelos lados do campo, disputando posição diretamente com os atacantes César Limão e Marcelo Carioca.
Em 1991, após disputar o campeonato brasileiro da série B pelo Independência, Marcelinho viu frustrada a chance de jogar por um grande time do futebol brasileiro. É que depois de destacadas atuações pelo Tricolor de Aço, ele e mais dois jogadores (Artur e Klowsbey) foram sondados pelo Santos-SP. Mas ele tinha contrato com o Juventus e o clube não o liberou.
O fato de não ir para o Santos deixou Marcelinho um tanto desmotivado. Aí ele passou a dividir a atenção entre a bola e os estudos. Mas ainda jogou até 2000, vestindo as camisas dos seguintes times: Atlético Acreano (1992, 1993 e 1999), Juventus (1994 e 1995), Adesg (1998) e Andirá (2000). Em 1996 e 1997 ele não chegou a jogar por clube nenhum.
O jogo inesquecível e os grandes personagens
Marcelinho elegeu como inesquecível o jogo entre Independência e Paysandu, pelo Brasileirão da Série B de 1991, no estádio José de Melo. O Independência venceu por 3 a 0, com um gol dele e outros dois do Rei Artur. “Eu e o Artur, nesse dia, destruímos com o jogo. Só faltou a gente fazer chover. Contribuí com um gol e várias assistências”, garantiu Marcelinho.
Na lista de melhores personagens do futebol acreano do Marcelinho entraram o dirigente Diogo Elias (Juventus), o técnico Toninho Silva (Independência), além dos árbitros Ribamar, Marcos Café e Neuricláudio. Já na sua seleção seriam titulares absolutos Ilzomar; Toninho, Paulão, Neórico e Duda; Gilmar, Paulo Henrique, Jorge Jacaré e Dadão; Artur e Marcelinho.
Quanto a uma comparação entre o futebol acreano do passado e do presente, Marcelinho foi incisivo. “O futebol de hoje, de modo geral, é de mais marcação. Ficou chato. Os jogadores parecem caranguejos malandros: perderam o senso do agudo e jogam para o lado o tempo todo. Os palcos melhoraram, mas o nível técnico caiu. Falta improviso”, disse o ex-craque.
Licenciado em História, com especialização em Educação e funcionário público federal, Marcelinho leva atualmente uma vida tranquila com a família (esposa e filhos). Segundo ele, nos seus planos para o futuro não está incluída nenhuma volta ao futebol. Mas revela que faz parte dos seus sonhos como historiador escrever um livro sobre o futebol acreano.