Francisco Dandão
De 1995 a 2019 (salvo algumas interrupções, às vezes por estar machucado, outras vezes simplesmente por desmotivação) foi nada menos do que 24 anos que o atacante Marcelo Lopes Souza, o Marcelo Cabeção, correu atrás da bola e marcou gols de todas as maneiras. Ele começou aos 15 anos, na Escolinha do Paulão, e terminou no Vasco da Gama, aos 39.
Nesse tempo todo, Cabeção vestiu onze camisas: Vasco-AC (2000, 2002, 2006, 2007, 2014 e 2019), Rio Branco (1999, 2000, 2001, 2003 e 2011), Juventus (2004, 2009, 2010 e 2012), São Raimundo-AM (2001), Crac-GO (2001), Independência (2008), Holanda-AM (2009), São José-TO (2013), Hispano (Honduras, 2008), Platence (Honduras, 2010) e Andirá (2013). Isso contando só os times profissionais.
Se forem acrescentados os dois clubes que o artilheiro defendeu só nas categorias de base, o número sobe para 13: a Escolinha do Paulão, no Acre, onde ele aprendeu os fundamentos da posição, em 1995; e o Internacional de Porto Alegre, entre os anos de 1997 e 1998, onde ele teve a oportunidade de aperfeiçoar a habilidade de chutar com ambos os pés e a técnica do cabeceio.
A estreia como profissional foi no Rio Branco, em 1999, depois da experiência no extremo sul do país. Mas não se diga que foi fácil não. Marcelo, que já estava com 18 anos (ele nasceu no dia 21 de dezembro de 1980), jogou algum tempo no time de juniores. Só foi entrando no time principal aos poucos. O titular do ataque do Estrelão na época era o Palmiro.
Os títulos e os gols inesquecíveis
Os mais de 150 gols marcados durante o seu tempo de artilharia ajudaram na conquista de quatro títulos estaduais acreanos: três pelo Rio Branco (2000, 2003 e 2011) e um pelo Juventus (2009). “Nesses dois clubes, eu tive a oportunidade de jogar ao lado de grandes craques do futebol regional. Tanta gente boa num lugar só tinha que dar títulos”, disse Marcelo.
Desses gols todos ele lembra de quatro como absolutamente especiais. Os dois marcados na vitória por 4 a 2 do Rio Branco contra o Flamengo do Piauí, pela Série C do ano 2000, num estádio José de Melo lotado pela torcida do Estrelão. E os dois de uma virada do Platence sobre o Vitória, pelo campeonato nacional de Honduras, no coração da chamada América Central.
“Esses dois jogos são inesquecíveis. No primeiro, o do Rio Branco contra o Flamengo do Piauí, além da importância da competição, eu tinha apenas 19 anos. Estava ainda no processo de afirmação entre os titulares. E no segundo, lá em Honduras, foi uma atuação de especial brilho, não apenas da minha parte, mas de toda a equipe. Um show”, explicou Marcelo Cabeção.
Quanto ao zagueiro mais difícil de enfrentar, Marcelo citou o nome do Zidane. “Fizemos bons duelos. Ele era muito chato. Marcava em cima. Não dava espaço”, afirmou. Em contrapartida, no que diz respeito ao parceiro de ataque que mais se entendia com o aposentado artilheiro, ele lembrou de Ricardinho. “A gente se entendia à perfeição”, garantiu Marcelo Cabeção.
Os melhores do futebol acreano e planos para o futuro
Embora o ex-artilheiro tenha escolhido Ricardinho como o seu melhor parceiro de ataque, este não figura entre os onze jogadores que, na opinião dele (Marcelo), formariam a seleção acreana de todos os tempos. Ele escalou o seguinte time: Sampaio; Ley, Romildo, Marquinhos Costa e Bertoldo; Mamude, Cairara, Mundoca e Rosier; Marcelo Cabeção e Palmiro.
Além da seleção de todos os tempos, Cabeção não hesitou também em eleger o melhor dirigente, o melhor técnico e o melhor árbitro com os quais ele conviveu. Dirigente: Sebastião Alencar, “homem muito sério”. Técnico: Ulisses Torres, “extremamente preparado”. Árbitro: Marcos Café, “educado no trato com os atletas e profundo conhecedor das regras do futebol”.
Sobre a sua volta ao futebol, depois de quatro anos parado, ele disse que não pretendia mais jogar profissionalmente depois da passagem pelo Vasco em 2014. E que somente voltou por conta do apelo de dois amigos. “Eles entenderam que eu ainda podia contribuir com o time da Fazendinha, apesar dos meus 39 anos. Acabei aceitando, mas agora já deu mesmo”.
Atualmente ganhando a vida como funcionário público estadual, Marcelo, diversamente da maioria dos ex-jogadores, não pensa em um futuro relacionado a algum trabalho dentro do futebol. Ele disse que a intenção é se aventurar numa atividade econômica como empresário. Se o futebol acreano pode melhorar? “Pode sim. Para isso, basta que haja investimento”, concluiu.