Francisco Dandão
Nascido em Rio Branco, no dia 6 de maio de 1961, Marcus Aurélio Peres de Freitas migrou com a família para Manaus com poucos meses de vida. E foi na capital amazonense que ele deu os primeiros chutes numa bola de futebol, primeiro no espaço de uma quadra, no Colégio Benjamin Constant, depois no campo do clube Sul-América, onde chegou em 1979.
A essa altura já conhecido, tanto no meio do futebol como na vida, pelo diminutivo de Marquinhus, não demorou muito para ele ganhar a vaga de zagueiro central no time de juniores do Sul-América. O técnico Wilson Pipira viu de cara que aquele adolescente magrinho e bom de bola poderia ter muito sucesso no esporte, desde que recebesse a orientação adequada.
Várias vezes convocado para as seleções de base do estado do Amazonas, Marquinhus vestiu, entre 1979 e 1981, além do Sul-América, as camisas do São Raimundo e do Nacional. Mas foi no primeiro clube que ele estreou como profissional. “O titular na minha posição se chamava Valdomiro. Eu entrei e ganhamos do América por 2 a 0”, disse Marquinhus.
Depois dessa época nos times amazonenses, onde teve, em dado momento, as companhias dos talentosos meias Berg e Gilmar Popoca, que posteriormente fizeram carreira, respectivamente, nos cariocas Botafogo e Flamengo, Marquinhus migrou para o futebol acreano, onde permaneceu em atividade até o ano 2000, pendurando as chuteiras somente aos 39 anos.
Um vencedor de volta às origens
O retorno ao Acre se deu em 1982, para jogar no Juventus. É que o Clube da Águia, voltando de um Copão Amazônia, em Macapá, fez uma parada em Manaus e o técnico Aníbal Tinoco foi assistir uma partida entre os juniores do Nacional e do São Raimundo. Ao ver Marquinhus em ação, Tinoco não teve dúvidas de que ali estava um futuro zagueiro juventino.
“Mesmo vivendo a época do amadorismo, todo mundo sabia que o futebol acreano pagava bons salários. Além do mais, era uma oportunidade pra mim voltar às minhas origens. Sem contar que me foram prometidas muitas vantagens… Coisas como casa, dinheiro e carro… No fim das contas, não cumpriram quase nada. Mas não me arrependi”, disse Marquinhus.
No final de 1982, depois de passar a temporada no Juventus, Marquinhus foi para o Rio Branco, onde ficou até 1987. Daí começou uma ciranda de camisas e ele jogou, sucessivamente, por São Francisco, outra vez Juventus, Atlético e Vasco da Gama. “À exceção do São Francisco, conquistei títulos em todos os clubes por onde passei”, falou Marquinhus.
A partir da ida para o Rio Branco, Marquinhus passou de zagueiro para lateral. Primeiro, do lado esquerdo, escalado pelo técnico Illimani Suares, numa emergência, para substituir o então titular Ânderson. Depois, até o fim da carreira, do lado direito. “Eu não tinha preferência pelo lugar em campo, mas acho que me dei bem ao me fixar na lateral-direita”, opinou o ex-craque.
Nomes em destaque e planos para o futuro
Marquinhus tece os maiores elogios a três figuras do passado do futebol acreano: o técnico Coca-Cola, o dirigente Sebastião Alencar e o árbitro José Ribamar. “O Coca-Cola transformou o Rio Branco numa grande família. O seu Alencar tinha uma grande visão empresarial. E o Ribamar apitava de forma peculiar, brincando com os jogadores”, disse Marquinhus.
Quanto a uma seleção de jogadores do seu tempo, Marquinhus escalou Ilzomar; Paulo Roberto, Neórico, Paulão e Ley; Emilson, Carlinhos Bonamigo, Mariceudo e Dadão; Roberto Ferraz e Ley. Mas além desses, o ex-atleta citou vários outros nomes. Casos de Artur, Gilmar, Chicão, Merica, Klowsbey, Testinha, Siqueira, Paulinho, Ivo, Dim, Gerson e Venícius.
Com tantos nomes de ótimos jogadores do esporte acreano do passado, Marquinhus garantiu que o futebol da sua época era melhor do que este praticado atualmente. “No meu tempo de bola, o futebol do Acre tinha uma grande oferta de craques e não tinha nenhuma estrutura. Agora, existe uma ótima estrutura, mas não tantos bons jogadores como antigamente”, teorizou.
E no que diz respeito ao futuro, Marquinhus, que é formado em Heveicultura pela Universidade Federal do Acre (Ufac) e presta serviços na Emater-AC, diz que só quer mesmo continuar desempenhando bem as suas funções de funcionário público e se dedicar à família (seus pais e seus filhos). “Conseguindo cumprir essas metas já está de bom tamanho”, finalizou ele.