O fim do sonho do Atlético de levar o Acre para a Série B foi interrompido por outro desejo (que me parece mais próximo): o de um time do Mato Grosso ir não somente à Segundona, mas para a Série A. Nos anos recentes, se tem um Estado trabalhando para quebrar a hegemonia das tradicionais federações na elite do futebol brasileiro, este é o Mato Grosso.
Nessa trilha andou também o Paysandu, do Pará. Em anos recentes do Campeonato Brasileiro da Série B, diria que o clube paraense passou perto de subir ao topo da competição, como se vê pelas suas classificações recentes no certame. Hoje, porém, já se identifica os mato-grossenses começando a tomar a dianteira para assumir seu posto na elite do esporte, ainda que nesse ano não tenha nenhuma equipe do Estado disputando a Segundona.
O Luverdense, de Lucas do Rio Verde (MT), não foi bem na Série C ainda na fase de grupos desse ano, mas no passado não distante andou se firmando na Série B. O Cuiabá agora sobe à Segundona, numa demonstração de força daquele Estado.
São times jovens, criados pós-ano 2000. Eles têm feito boas campanhas em competições regionais e nacionais. E, aos poucos, vão caminhando para ocupar espaço no cenário nacional a passos mais largos do que a maioria dos clubes que frequentam as séries B, C e D – e não fazem parte daqueles times que já tiveram na Série A, ou pertencem a conhecidos centros de futebol.
A médio prazo um time do Mato Grosso pode enfim entrar na restrita lista das regiões que concentram a elite do futebol, como a do Sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná), a do Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais) e os Estados de Goiás, Bahia, Pernambuco e Ceará.
O Mato Grosso é um dos poucos lugares do País onde a aguda crise econômica foi menos atingida. É que o Estado tem uma economia baseada na agricultura de produtos para exportação – o que a faz ser menos dependente do consumo interno.
Por certo, essa dinâmica econômica diferente facilitou – ou prejudicou menos – investimentos nos clubes locais, e o próprio andamento do dia-a-dia das equipes e seus compromissos com jogadores, comissão técnica e funcionários. Isso pode estar fazendo enorme diferença agora.
Causa muito curiosidade também o fato de uma agremiação de futebol jovem estar já atraindo muito torcedores ao estádio, conforme se observa no público em seus jogos em casa.
Isso tudo é para dizer para não se ter tanta estranheza assim do Cuiabá chegar aonde chegou. Por trás há questões favoráveis em relação a outros times.