O Brasil é um país estigmatizado pelos maus costumes, principalmente no que se refere à questão de se tomar na marra para si o que pertence a outrem. Coisa antiga. Eu diria que isso vem desde o ato fundador da nação, naquele dia em que um português gritou “terra à vista!”
Os compêndios históricos dão conta de que a esquadra do gajo Pedro Cabral veio bater nas bandas da Bahia por causa de uma ausência de vento que a foi afastando de um destino diferente, supostamente traçado antes da aventura. E aí, como faltou “aire”, os caras acabaram chegando por aqui.
Azar dos nossos ancestrais, habitantes primeiros da terra dos papagaios, que tiveram que mudar seus hábitos, desde a questão da indumentária, que ninguém por aqui usava nada, passando pelas crenças oriundas da Europa católica, até a usurpação da língua mater, inculta e bela.
Mas então, voltando ao fio da meada, o que eu “estava mesmo a dizer” (acabei de abolir o gerúndio e aderir à expressão no melhor estilo luso) é que os maus costumes de se apropriar das coisas alheias começaram lá atrás, com a chegada das caravelas que formavam a tal frota cabralina.
O roubo virou uma instituição em verde e amarelo. Claro, eu sei que se rouba em todos os lugares do mundo. Mas aqui em pindorama, muito mais do que uma situação ocasional, por algum desvio ou necessidade, prolifera a ladroagem, que tanto pode ser organizada quanto desorganizada.
Naquele tempo do Brasil colônia, o que os galeguinhos de olhos azuis do lado de cima do Equador inventaram de malandragem para levar as riquezas daqui pra lá não está no gibi. Tinha até imagens de santos feitas de pau oco para carregar diamantes. Uma roubalheira só. Coisa de louco!
São quinhentos anos de esbulho. Quinhentos anos onde o roubo foi se aperfeiçoando, ficando mais refinado e abrangendo maiores quantias. A tal ponto que nos dias que correm tem um monte de sujeitinhos com as calças na mão em pleno Congresso Nacional. Mas de cem na lista do Janot!
No Brasil, se a gente for olhar os registros históricos, dá pra se dizer que o roubo é endêmico. Uma doença crônica. Eu conheço um sujeito que gosta tanto de roubar que num dia em que ele não acha ninguém para afanar alguma coisa, ele tira do próprio bolso esquerdo e põe no direito.
E digo mais. A coisa está tão séria que até a polícia está sendo roubada. O Galvez foi a última vítima. O time da Polícia Militar do Acre foi a Belém e teve sua carteira batida por um soprador de apito. O repórter Alberto Casas viu tudinho. E a TV mostrou. Malditos (maus) costumes!