O goleiro Máximo durante treino do Galvez na temporada 2015. Foto/Manoel Façanha

Máximo – Goleiro defendeu times de duas regiões em 20 anos como profissional

Francisco Dandão

Desde as peladas de infância, em Plácido de Castro, município no interior do Acre, que o cidadão Máximo Pereira da Silva, nascido no dia 24 de julho de 1980, sabia que a sua missão no futebol seria a de evitar gols, jogando na posição de goleiro. E ele ganhou mais certeza disso quando, já na adolescência, atingiu a estatura de 1,90m. Um destino escrito nas estrelas!

Poucos meses antes de completar 19 anos, Máximo foi convidado pelos amigos Zico e Vanilson, ambos moradores de Plácido de Castro, para fazer um teste no Atlético Acreano. Devidamente aprovado pelo técnico Aníbal Honorato, o goleiro passou a fazer parte do time de juniores e, ao mesmo tempo, ser relacionado para o banco de reservas da equipe principal.

Atlético Acreano – 1999. Em pé, da esquerda para a direita: Vanilson, Jean, Emerson, Marcelo, Marinho, Máximo e Carlinhos Santos. Agachados: Merica, Marcelinho, Maguila, Jânio, João Paulo. Biroca e Carlinhos. Foto/Acervo Francisco Dandão

Lá pelas tantas, num impedimento do goleiro titular do Galo, ele foi convocado para assumir a camisa número um. E não decepcionou. “A minha estreia como profissional de futebol se deu em 1999, numa vitória sobre o Independência. O dono da posição era o Carlinhos Santos, que depois se tornou árbitro. Ele se machucou num treino e eu assumi”, afirmou Máximo.

Quando acabou a temporada de 1999, Máximo voltou para sua cidade. Mas ele logo retornou à capital. Dessa vez para defender o Vasco da Gama, na Copa Norte de 2000. Numa chave com quatro times, os acreanos ficaram em terceiro, não passando para a fase seguinte do torneio, mas as exibições do goleiro o levaram a assinar contrato com o amazonense Rio Negro.

Uma carreira de muitas camisas

Vasco da Gama – 2002. Em pé, da esquerda para a direita: Marco Antônio Tucho, Serginho, Evilásio, Máximo, Alan e Romilton. Agachados: Adelcio (massagista), Siqueira, Marquinho Paquito, Ananias, Ciro e Edílio. Foto/Acervo Manoel Façanha.

Além do Atlético Acreano, do Vasco e do Rio Negro, Máximo viveu uma espécie de ciranda de camisas, jogando, até o final da carreira, em meados de 2019, nos seguintes times: Cacoal-RO, Mineiros-GO, Rioverdense-GO, Goianésia-GO, Princesa do Solimões-AM, Rio Branco, Plácido de Castro, Juventus, Adesg, Humaitá e Galvez (o último clube).

“Eu permaneci em campo durante vinte anos. Quando resolvi parar, eu ainda estava muito bem, do ponto de vista técnico. Mas eu cansei. O trabalho de goleiro é muito puxado e eu comecei a sentir muitas dores. Sem falar do stress mental. Além disso, eu estava começando a me aborrecer com o amadorismo dos dirigentes. Aí me retirei de campo”, disse o ex-goleiro.

Rio Branco – 2003. Em pé, da esquerda para a direita: Ismael, Diogo, Máximo, Marcão e Dudu. Agachados: Wallace, Ley, Rozier, Juliano César, Ananias e João Paulo. Foto/Manoel Façanha.
Rio Branco FC, campeão Estadual de 2000. Em pé, da esquerda para a direita: Célio (roupeiro), Ismael, Tangará, Rozier, Davi, Diogo, Ananias, Marcão, Luís Carlos, Maurício. Segunda fila: Getúlio Pinheiro (presidente), Papelim (técnico), Máximo, Dudu, Acosta, Ben Jonson, Norton (médico), Manoel (massagista) e Natal Xavier (vice-presidente). Sentados: Diogo Elias (supervisor), Ley, Duarte, Miquinha, Ricardinho, Léo, Juliano, João Paulo, Marcelo Cabeção e Wallace. Foto/Manoel Façanha.
Rio Branco – 2004. Em pé, da esquerda para a direita: Marquinho Costa, Nego Cajazeira, Máximo, Erismeu, Acosta, Dudu, Vítor, Ismael, Rozier e Ananias. Agachados: Doka Madureira, Wilsinho, Babá, João Paulo, Marquinhos Calafate, César, Ley e Juliano César. Foto/Manoel Façanha.
Rio Branco – 2004. Em pé, da esquerda para a direita: Ismael, Dudu, Doriva, Marcão e Máximo. Agachados: Babá, Ley, Ananias, Nando, Juliano César e Zé Rebite. Foto/Manoel Façanha.

Desse tempo todo defendendo os chutes dos diversos adversários, Máximo confessou uma frustração e uma tristeza. “A frustração foi ganhar poucos títulos de campeão acreano. Fui campeão estadual apenas duas vezes, ambas pelo Rio Branco. E a tristeza foi uma falha jogando pelo Atlético, contra o Rio Branco, na decisão do campeonato de 2014”, confidenciou ele.

Plácido de Castro – 2010. Em pé, da esquerda para a direita: Adriano (treinador de goleiros), Diego, Silvão, Rogério, Caio, Rafael, Anderson e Máximo. Agachados: Uilian, Maciel, Ciel, Babá e Paulista. Foto/Manoel Façanha

Já no que diz respeito a um momento de alegria, o ex-goleiro lembrou um jogo pela Copa do Brasil de 2016, quando ele atuava no Galvez, contra o Santos. “Nós perdemos, na Arena da Floresta, por 3 a 0. Um resultado que determinou a nossa eliminação, de forma precoce. Mas eu peguei dois pênaltis. Acho que foi a maior exibição da minha vida”, especulou Máximo.

Atlético Acreano – 2012. Em pé, da esquerda para a direita: Marquinhos Costa, Ceildo, Alfredo, Máximo, Gessé e Tidalzinho (treinador de goleiros). Agachados: Aílton, Geovane, Joel, Eduardo, Jonas Xavier e Tragodara. Foto/Francisco Dandão.
Atlético Acreano 2013. Em pé, da esquerda para a direita: Selsimar Maciel (prep. físico), Tidalzinho (prep. de goleiros), André, Ceildo, Marquinhos, Máximo, Afonso, Fábio, Wanderson e Ângelo Paiva (prep. físico). Agachados: Alcione, Gessé, Nuna, Zé Marco, Guajará, Vilson, Jeferson, Sandro, Gege, Jackson e Matheus. Foto/Manoel Façanha.
Atlético Acreano – 2014. Em pé, da esquerda para a direita: Marcos Rocha (treinador de goleiros), Esquerdinha, Ceildo, Diego, Josy, Máximo e Wilson. Agachados: Juliano César, Neném, Araújo Goiano, Sandro e Eduardo. Foto/Francisco Dandão.
Atlético Acreano – 2014. Em pé, da esquerda para a direita: Marquinhos Costa, Wilson, Neném, Esquerdinha, Luciano e Máximo. Agachados: Ley, Eduardo, Josy, Araújo Goiano e Juliano César. Foto/Francisco Dandão.
O goleiro Máximo durante treino do Atlético Acreano na temporada 2014.Foto/Manoel Façanha
Galvez – 2015. Em pé, da esquerda para a direita: Diego, Tom, Tiago, Neném e Máximo. Agachados: Rick, Hamilton, Zagalo, Esquerdinha, Chumbo e Juliano César. Foto/Francisco Dandão.
Humaitá – 2016. Em pé, da esquerda para a direita: Luan (diretor de futebol), Professor Rosauro (preparador físico), Carlinhos Portela (prefeito de Porto Acre), Cristiano, Gilberto, Kássio, Branco, Máximo e Faísca (técnico). Agachados: Jonildo Reis, Ley, Zagalo, Ciel, Thiaguinho, Uiliam e Soldado. Foto/Manoel Façanha.
Adesg – 2017. Em pé, da esquerda para a direita: Máximo, Marcos, Diego Brasília, Alexandre, Renner e Paulinho Pitbull. Foto/Manoel Façanha.
Galvez – 2018. Em pé, da esquerda para a direita: Kinho, Léo Mineiro, Máximo, Rafael, Gilson e Daniego. Agachados: Thaumaturgo, Adriano, Ley, Tonho Cabañas e Ciel. Foto/Francisco Dandão.

Grandes nomes e projetos para o futuro

Depois de parar de jogar, Máximo voltou para as suas origens, em Plácido de Castro, às margens do igarapé Rapirrã, na fronteira com a Bolívia. Agora, longe da rotina de treinos, viagens e jogos, o ex-craque ganha a vida como proprietário de uma distribuidora de bebidas. E, sempre que aparece alguém interessado, ele não se faz de rogado para desfiar as suas memórias.

Foi do fundo dessas memórias que ele lembrou de um mineiro de nome Zé Humberto, garantindo ter sido o melhor técnico que o comandou. “O cara sabia tudo de tática”, disse Máximo, que também não hesitou em escalar uma seleção acreana, formada por ele próprio e mais Lei, Diego, Gato e Zagallo; Ismael, Joel, Neném e Josy; Juliano César e Ismael Campelo.

O ex-goleiro tem uma opinião ácida a respeito do futebol acreano do presente. Para ele, o futebol que se praticava no estado era muito bom entre os anos de 2010 e 2015. Mas depois desse período deu uma caída. De acordo com ele, esse período de decadência se deve ao fato de que falta profissionalismo tanto a determinados dirigentes quanto a alguns atletas.

Essa é uma realidade a qual o ex-craque parece estar disposto a ajudar a mudar. “Eu larguei a carreira de atleta há dois anos, mas pretendo voltar ao esporte dentro de mais algum tempo. Para isso é que estou me preparando, fazendo um curso de treinador de goleiros. Enquanto esse momento não chega, eu sigo a vida cuidando da minha família”, finalizou Máximo.

Fac símile da página de Esportes do Jornal Opinião de 22 de maio-2021.