Francisco Dandão
Morador do bairro da Base, em Rio Branco-AC, onde nasceu no dia 20 de janeiro de 1961, era natural que os primeiros chutes numa bola de futebol do menino Francisco Fontenele de Medeiros, o Medeirinho, acontecessem na praia e nas ruas do local. Tudo dependia do humor do rio Acre. Com o rio seco, o jogo era na praia. Quando enchia, jogava-se na rua.
“No nosso bairro sempre teve muita gente boa de bola. Da minha geração, pelo menos três outros meninos jogaram nos principais clubes do Acre. Casos do Gilmar Sales e dos meus irmãos Océlio e Pistolinha. Nós chegamos a jogar juntos em dois times infantis locais: o Brasil, do Alberto Buldogue, e o Escrete de Ouro, do Campos Pereira”, explicou Medeirinho.
Em 1976, aos 15 anos, Medeirinho foi levado pelo irmão Paulo para fazer um teste no time juvenil do Rio Branco, que na época era treinado pelo sargento Jones. O ex-atacante contou que teve problemas para se adaptar por causa da obrigação de calçar chuteiras, uma vez que só jogava peladas descalço. Mas foi só uma questão de tempo e ele foi aprovado no Estrelão.
Medeirinho permaneceu nos juvenis/juniores do Rio Branco até 1979. Mas no ano anterior (1978) teve a oportunidade de estrear no time principal, num jogo contra o Independência (1 a 0 para o Estrelão), substituindo o titular Ely, que se encontrava machucado. Jogou tão bem que no ano seguinte foi até convocado para fazer dois jogos pela seleção acreana de adultos.
Abandono precoce dos campos
Pouco depois de completar 18 anos, em 1979, Medeirinho tornou-se funcionário do Banco do Estado do Acre (Banacre). E aí sobreveio uma rotina que começou a dificultar a sua participação nos treinos. Mesmo assim, ele ainda jogou até 1985, passando por Independência, Atlético, Amapá e São Francisco. “Nesses dois últimos bem rapidamente”, disse o ex-craque.
Ao mesmo tempo, convidado por amigos, ele começou uma meteórica carreira como jogador de futebol de salão, defendendo o time da própria instituição bancária. Rápido, driblador e exibindo uma técnica primorosa, também nas quadras Medeirinho foi muito bem sucedido, chegando a disputar, nas férias do trabalho, um campeonato brasileiro de seleções.
Embora não tenha sido uma carreira longeva, Medeirinho disse guardar na memória ótimos momentos do seu tempo de bola. Um deles, jogando pelo Atlético, contra o Juventus. “A gente foi para o intervalo perdendo por 4 a 1. Aí voltamos para o segundo tempo decididos a mudar a história do jogo. Acabamos empatando em 4 a 4, com um gol meu”, contou.
Outro momento inesquecível que o ex-craque fez questão de destacar aconteceu no Campeonato Brasileiro de Seleções de Futebol de Salão de 1980, em São Paulo, no jogo entre Acre e Amazonas. De acordo com Medeirinho, esse “foi um jogo pegado, disputado palmo a palmo, decidido mesmo nos detalhes. No final, ganhamos por 3 a 2 e eu fiz o gol da vitória”.
Técnicos competentes e outros nomes
Medeirinho elegeu três técnicos como os melhores com quem trabalhou: Walter Félix (Té), Gualter Craveiro e Álvaro Curu. “O professor Té foi quem mais me ensinou quanto ao meu posicionamento em campo. E o Gualter era o cara de melhor proposta de jogo. Isso no futebol de campo. Já no salão, o meu destaque vai para o Álvaro Curu”, falou o ex-atacante.
No tocante aos nomes para compor as seleções acreanas de campo e de salão, Medeirinho não teve nenhuma dúvida. Na seleção de campo estariam Zé Augusto; Mauro, Cleiber, Neórico e Duda; Gilmar, Tadeu, Carlinhos Bonamigo, Mariceudo e Dadão; Manoelzinho. Já o time de salão formaria com Lauro; Cirênio, Marcos Almeida, Jorge Tijolo e Casquinha.
O ex-craque também teceu comentários sobre o adversário que melhor lhe marcava, bem como os seus grandes parceiros no futebol. “O Neórico foi o zagueiro mais difícil que eu enfrentei. Ele aliava ótimos recursos técnicos a um bom vigor físico. E os meus melhores parceiros no campo foram o Litro, no Independência, e o Manoelzinho e o Gilmar, no Atlético”, disse.
Por último, Medeirinho não se furtou em dizer a fórmula para o futebol acreano subir de nível. “O caminho para isso passa pelo incentivo à criação de escolinhas, pelo investimento nas divisões de base, pela construção de centros de treinamentos para oferecer boas condições aos atletas e, sempre que possível, pela realização de peneiras nos diversos bairros, afirmou ele.