Memorialistas

Estive no decorrer dessa semana que passou nas casas de dois sujeitos que marcaram época no esporte acreano. Um deles, o ex-jogador de futebol de salão/futsal Casquinha, que mora desde sempre no bairro José Augusto. O outro, o ex-dono de clube Alberto Buldogue, que mora na Cadeia Velha.

O Casquinha, cujo nome na Certidão de Nascimento é Celso Ronaldo de Paiva, foi simplesmente o jogador acreano mais vitorioso dentro das quadras. Canhoto e muito habilidoso, ele foi campeão estadual 15 vezes, vestindo as camisas de oito times diferentes, entre os anos de 1979 e 2008.

Uma trajetória pra lá de vitoriosa já vislumbrada desde a infância, quando ele estreou num time infantil chamado Corinthians. Pequenino e magrinho, quem via aquele moleque gastando a bola, no meio de outros mais velhos, não tinha dúvida de que ali estava um craque que iria muito longe.

Pra se ter uma ideia, aos 14 anos, em 1979, ele já virou titular do time adulto da Associação dos Servidores do Incra (Assincra), sagrando-se vice-campeão estadual daquele ano. Depois disso, todos os anos choviam propostas para o craque se transferir. E ele mudava para onde pagavam mais.

E o Casquinha (apelido dado por um vizinho, antes dele completar dez anos), ressalte-se, também brilhou no campo. De 1980 a 1982, ele jogou nos juniores do Juventus. Em 1982, ele disputou até um campeonato brasileiro de seleções. E depois disso, ele jogou no time principal do Atlético, em 1985.

No que diz respeito ao Alberto Buldogue (cujo sobrenome verdadeiro é Lima), esse camarada foi simplesmente um dirigente dos mais vibrantes do futebol amador do Acre, desde que um dia, ainda menino, fundou, nos barrancos do bairro da Base, um time infantil de nome Brasil Esporte Clube.

Pouco habilidoso com uma bola nos pés e sem grandes oportunidades para jogar nos times infantis da época, o Alberto resolveu comprar umas camisas, distribuir entre os amigos e vizinhos, sendo que a de número um, a do goleiro, ele reservou para si mesmo. O time era ele próprio e mais dez!

À medida em que o tempo foi passando, o time do Brasil foi mudando a faixa etária dos seus atletas. Até que um dia, na década de 1980, passou a disputar campeonatos abertos e suburbanos, além de muitos amistosos, reunindo, inclusive, nos seus elencos, vários jogadores de times “federados”.

Afastados das lides esportivas, por vontade própria, tanto o Casquinha quanto o Alberto adoram cultivar as memórias das suas respectivas trajetórias. Ambos tem acervos fotográficos e hemerográficos valiosíssimos. Duas pedras preciosas do esporte amador acreano. Vida longa aos dois!