Vou iniciar essas mal traçadas de hoje, amigo leitor, escalando uma seleção com grandes craques brasileiros que me saltam à memória no momento em que sento à minha mesa de trabalho para cometer a crônica do fim de semana. Craques daqueles que encheram os olhos das torcidas em todos os estádios do mundo por onde um dia exibiram a sua técnica.
Vou escalar no sistema 4-3-3, o mesmo usado pela seleção tricampeã em terras mexicanas, em 1970. Um sistema que nenhum louco usa mais. Vou escalar assim porque é um time de sonhos, pura fantasia. Pois então, lá vai: Gilmar; Djalma Santos, Domingos da Guia, Joel Camargo e Nilton Santos; Didi, Zizinho e Sócrates; Garrincha, Vavá e Ademir Menezes.
Alguns desses jogadores chegaram a jogar no mesmo time. Outros sequer jogaram na mesma época. A escalação é só um exercício da minha imaginação. Todos eles tinham, porém, em comum, um futebol extraclasse. Todos foram ídolos, arrastaram multidões para ir vê-los exercer o seu ofício e todos deixaram uma lacuna enorme quando pararam de jogar.
Esse time fictício que eu escalei é todo composto por gente que brilhou em grandes centros do futebol mundial, conforme eu disse algumas linhas atrás. Gente que fazia os comuns mortais, frequentadores habituais das arquibancadas da vida, duvidar que eles pertencessem a esse planeta, tal a sua capacidade de conduzir a bola de um lado ao outro do gramado.
Agora vou escalar um time local, daqui mesmo da aldeia de onde escrevo. Fluxo da minha memória correndo contra o tempo. Vou escalar no mesmo sistema 4-3-3, pelas iguais razões já explicadas acima (lá no segundo parágrafo): Aníbal Tinoco; Grassi, Pedro Louro, Curica e Hélio Pinho; Zé Cláudio, Escapulário e Babá; Bico-Bico, Bebé e Júlio César.
Esses camaradas, em se tratando do futebol regional, também jogavam demais. Alguns, como foram os casos do zagueiro Curica, do meio campista Zé Cláudio e do atacante Bico-Bico, tiveram, inclusive, oportunidade de vestir as camisas de grandes equipes brasileiras. Por razões do coração deles, preferiram não aceitar os convites que lhes foram feitos.
É claro que, tanto em nível nacional quanto local, eu poderia citar muitos outros mais… A lista, se a gente se der ao trabalho de refletir um pouquinho, pode se estender por muitas e muitas linhas. Vejamos mais alguns nacionais: Castilho, Bellini, Everaldo, Fontana, Dener, Dirceu etc. Locais: Rui Macaco, Julião, Hélio Fiesca, João Carneiro, Euzébio etc.
Para finalizar, leitor, imagino que você deve estar se perguntando qual seria a conexão entre os nomes citados no texto. Pois eu digo já: todos já passaram para o plano espiritual. Todos já nos deixaram órfãos da sua presença. Neste dois de novembro, dia dedicado aos mortos, sugiro que fiquemos em silêncio por um minutinho em veneração à memória deles!
Francisco Dandão