Meu casamento com a crônica esportiva completou bodas de hematita

Neste mês de maio completei 28 anos como profissional da crônica esportiva – essa somatória de anos é batizada de bodas de hematita, pedra que representa solidez e resistência. E lembrando dessa minha trajetória de quase três décadas de atuação na área do jornalismo esportivo veio na memória da época de minha infância um aparelho de rádio (Motoradio), de cor amarela, seis faixas e de propriedade da minha saudosa mãe. Lembro-me ainda que, naquela época, a minha emissora esportiva preferida era a Rádio Nacional, cuja equipe era composta pelo narrador Jose Carlos Araújo (Garotinho), o comentarista Luiz Mendes (comentarista da palavra fácil) e os repórteres Denis Menezes e Washington Rodrigues (Apolinho).

Nessa viagem de quase meio século no tempo, lembro, ainda, que o meu primeiro jogo marcante com o rádio colado no meu ouvido (ou próximo dele), ocorreu na temporada de 1977, quando o narrador esportivo Osmar Santos (Rádio Globo) narrou a vitória do Corinthians sobre a Ponte Preta por 1 a 0 (gol de Basílio), com público de quase 150 mil espectadores presentes ao Pacaembu. O triunfo corintiano pôs fim a um jejum de 23 anos sem um título de Campeonato Paulista por parte da equipe do Parque São Jorge.

Vasquinhos – campeão infantil da Funbesa -1984. Em pé da esquerda para a direita: Zequinha (presidente), Grande, Gil, Carlos, César Limão e Mustafa (técnico). Agachados: Jonas, Nabor Sales, Reginaldo, Manoel Façanha e Augusto. Foto/Acervo Pessoal Manoel Façanha

A partir daí, o meu interesse pelo mundo esportivo somente cresceu. Em menos de duas décadas fui de colecionador de figurinhas de Copa do Mundo/Futebol Brasileiro (Futebol Card e tampinhas de Coca-Cola) a cronista esportivo. Porém, antes disso tudo, eu pratiquei várias modalidades esportivas e ainda cheguei à função de dirigente esportivo – tesoureiro da Federação Acreana de Futsal (Fafs) e diretor de Esportes do Sindicato dos Bancários do Acre, isso sem falar da função de diretor de Esportes, aos 14 anos, do grupo de jovens “Liga Juvenil Experimental”, onde entre os militantes faziam parte os professores José Alício Martins e Afrânio Moura.

Manoel Façanha, então tesoureiro da Fafs, com o presidente do Volta Redonda, Renato Mota, quando do pagamento da taxa de inscrição para a Taça Brasil de Futsal/1997. Foto/Acervo Pessoal Manoel Façanha

“Cheguei a relutar um convite pra ser cronista esportivo”

Em 1996, na redação do Jornal O Rio Branco, O cronista esportivo Manoel Façanha, então estagiário do matutino e flagrado na redação ao lado do saudoso jornalista Fé em Deus. Foto/arquivo pessoal de Manoel Façanha.

O tempo passou e por força do destino em meados dos anos de 1990, eu passei a escrever uma página de esportes na edição do jornal O Manifesto Bancário. Lembro-me que os exemplares eram distribuídos pelos dirigentes sindicais nas unidades bancárias, mas a minha forma inquieta me levava a deixar alguns exemplares na Rádio Difusora Acreana. O cronista esportivo Raimundo Fernandes, um amigo do bairro da Estação Experimental e membro da equipe esportiva da rádio estatal e ainda editor de Esportes do jornal O Rio Branco, acompanhava o meu trabalho e, quando resolveu concorrer a uma cadeira de vereador pela cidade de Rio Branco-AC (1996), me fez o convite para um estágio no diário. Confesso que relutei para aceitar aquele convite, pois não me achava capacitado o suficiente para assumir uma função importante num dos principais jornais da cidade, apesar de já ter uma graduação no curso de História da Ufac. Porém, o Fernandes não se deu por vencido e me convenceu a assumir a função.

Os cronistas esportivos Raimundo Fernandes e Manoel Façanha, juntos, somam mais de três décadas na editorial de Esportes do jornal O Rio Branco. Foto/Acervo Pessoal de Manoel Façanha

Cheguei ao jornal O Rio Branco para ficar um verão e acabei ficando por quase duas décadas (1996-2015). É algo que jamais irei me arrepender, isso pelo aprendizado, maturidade, produção/dedicação e reconhecimento da comunidade esportiva.

Também não poderia deixar de registrar que a minha sólida permanência de quase duas décadas na editoria de Esportes do jornal O Rio Branco fez de mim o jornalista esportivo da área da comunicação impressa com mais tempo numa única empresa e sempre atuando como setorista esportivo. Um imenso orgulho para qualquer profissional que labuta nesta área.

Quando cheguei para escrever sobre Esportes na redação do jornal O Rio Branco, eu, com meus 1m60cm, com pouco mais de 50 quilos, uma belíssima cabeleira e pertinho de completar meus 26 anos de idade (maio de 1996), trazia no sangue a força de vencer na vida, o espírito coletivo de transformar o mundo para melhor e ainda a fome de aprender jornalismo esportivo. Essa junção, aos poucos, colaborou, diretamente, na minha indicação para a cadeira de presidente da Associação dos Cronistas Esportivos do Acre (Acea).

“Minha carreira como dirigente da Acea começou nos anos 2000”

Os cronistas esportivos Alberto Casas, Manoel Façanha, Francisco Dandão e Campos Pereira (in-memória) . Foto/Acervo Pessoal Manoel Façanha
O então presidente da Acea, o jornalista Manoel Façanha, avaliando mais uma disputa do Torneio Início do Campeonato Acreano, no inicio dos anos 2000. Foto/Acervo Manoel Façanha.
Na temporada do futsal de 2004, a Acea fez várias parcerias de apoio bilateral com a Federação Acreana de Futsal (Fafs). Foto/Acervo Manoel Façanha.

Com formação no curso de história da Ufac e há alguns anos já atuando como dirigente sindical, com frequência livre para representar os funcionários do Banco Itaú, na cidade de Rio Branco-AC, passei também a dedicar parte do meu tempo livre para reorganizar a categoria de cronistas esportivos em nosso estado, isso nos primeiros anos do século XXI. Lembro-me ainda que o meu primeiro trabalho duro foi a elaboração de um novo estatuto para a entidade e, posteriormente, a inscrição da associação na Receita Federal para a criação de um CNPJ. Outro passo importante  foi o retorno da entidade aos congressos organizados pela Associação Brasileira de Cronistas Esportivos/Abrace (2003). Num segundo momento, criamos o site da crônica esportiva local e ainda passamos a incentivar a realização de inúmeras atividades, muitas delas ocorridas em parceira com a Acea. Somando tudo isso, a nossa Acea, aos poucos, passou a ser uma das referências políticas no meio esportivo, não faltando convites para prestigiar eventos, seja das federações/associações esportivas ou ainda aqueles eventos organizados pelo poder público estadual/municipal.

Em 2003, o jornalista Manoel Façanha – o terceiro da esquerda para a direita, então presidente da Acea, participou da solenidade de assinatura de ajuda aos clubes e federações esportivas do Acre. Foto/Acervo Manoel Façanha.
O então presidente da Acea, jornalista Manoel Façanha fala da tradição do Torneio Início do Campeonato Acreano, competição que era organizada pela crônica esportiva. Foto/Acervo Manoel Façanha.
Em 2005, a Acea contou com o seu primeiro site institucional e cheio de notícias do esporte local. Card/Acervo Manoel Façanha
Em 2006, o cronista esportivo Manoel Façanha fala da importância da fomentação de recursos para o futebol acreano. Foto/Acervo Pessoal Manoel Façanha

Também neste mesmo período, precisamente no ano de 2005, a Acea criou o Prêmio Destaque Esportivo Campos Pereira. O projeto teve apoio do Governo do Estado, através da Lei de Incentivo ao Esporte, com os bônus financiados pela rede Arasuper. O prêmio ganhou notoriedade e o trabalho realizado não foi mérito apenas da minha gestão, mas de cada cronista esportivo que abraçou aquela causa.

Em 2003, quando da visita ao Acre do jornalista Armando Nogueira (in-memória) para um bate papo com os desportistas. Na imagem aparecem José Alicio Martins, Manoel Façanha, João Petrolitano, Lucy Queiroz, Sérgio Florido, Nino, Francisco Dandão e Senildo Melo. Foto/Acervo Manoel Façanha
Congressistas posam para foto de encerramento do congresso de Joinville-SC/2006. Foto/Acervo Manoel Façanha.
Os cronistas esportivos Francisco Dandão e Manoel Façanha pelo terceiro ano seguido representaram o Acre no congresso da Abrace. Foto/Acervo Manoel Façanha
Manoel Façanha (presidente da Acea) prestando contas das atividades da Acea durante congresso da Abrace em 2006, na cidade de Joinville. Foto/Francisco Dandão

E, falando em Prêmio Campos Pereira, certa vez, numa plenária de congresso da Abrace – na cidade de Joinville-SC/2006, durante a apresentação de relatórios de atividades das entidades filiadas, resolvi apresentar um vídeo do prêmio (2005) como parte das atividades realizadas pela Acea no ano anterior. Os congressistas, em peso, aplaudiram, de pé, aquela atividade desenvolvida pela nossa associação. Eu e o professor Francisco Dandão, então presidente e vice da Acea, respectivamente, ficamos não somente surpresos, mas emocionados pela atitude dos colegas congressistas, tanto que, após aquele congresso, já em solo acreano, o professor Dandão fez uma belíssima crônica para registrar aquele fato.

Manoel Façanha fala durante a solenidade de abertura do Torneio Início do Campeonato Acreano 2007. Foto/Odair Leal
Em 2007, o cronista esportivo Manoel Façanha coordenou mais uma edição do Prêmio Destaque Esportivo Campos Pereira. Foto/Acervo Pessoal Manoel Façanha
Em 2010, a colunista social Rubedna Braga e o empresário Narciso Mendes entregam ao jornalista Manoel Façanha troféu do Prêmio Destaque Ano. Foto – Adonay
Em 2014, a colunista social Rubedna Braga entrega ao jornalista Manoel Façanha troféu do Prêmio Destaque do Ano. Foto – Adonay
Em 2016, o jornalista Manoel Façanha esteve entre os homenageado na Aleac pela passagem do dia do profissional da Educação Física. Foto – Acervo Manoel Façanha.
Parlamentares, educadores físicos e presidente da Associação dos Cronistas Esportivos do Acre, jornalista Manoel Façanha, posam para foto oficial da sessão solene. Foto/Assessoria ALEAC.

“Cheguei a ser um dos vice-presidentes da Abrace”

O então presidente Aderson Maia com cronista esportivo/presidente Manoel Façanha (Acea) em 2004. Foto/Francisco Dandão.

Nesta área de dirigente associativo, não tardou muito para eu receber um convite do então presidente Aderson Maia (in-memória) para fazer parte da direção da Abrace. O cargo foi oferecido e, prontamente aceito, para exercer a função de delegado da entidade nacional em solo acreano (2004-2012). Os anos se passaram e fui indicado e conduzido a fazer parte do Conselho Fiscal (2013-2016) e, por último, a convite do saudoso presidente Kleiber Beltrão, passei a responder como um dos vice-presidentes regionais (2017-2021). Nos últimos anos, por questões particulares, resolvi me afastar de cargos associativos ligados a crônica esportiva, isso pelo fato de entender que nestes 20 anos de militância já havia contribuído o suficiente e que outros colegas precisavam fazer o mesmo.

No congresso de Corumbá-MS, ocorrido em 2005, o cronista esportivo Manoel Façanha ficou emocionado com o convite do presidente Aderson Maia para ele prestar uma homenagem para o saudoso narrador esportivo Fiori Gigliotti. Foto/Acervo Manoel Façanha
Alberto Casas, Zezinho Melo e Manoel Façanha na plenária do congresso de Aracaju-SE. Foto/Acervo Manoel Façanha
Em 2013, o congresso da Abrace ocorreu em Goiânia-GO. Na foto, da esquerda para a direita: Alberto Casas, Manoel Façanha (presidente da Acea), Aderson Maia, Raimundo Afonso e Gabriel Rotta. Foto/Antônio Assis.
Congresso Aips-América 2012. Os cronistas esportivos Carlos Alves (AP), Dudu Monteiro (AM), Manoel Façanha (AC) e Antônio Carlos (MT). Foto/Antônio Assis
O presidente Aderson Maia, aos olhares do cronista esportivo Manoel Façanha, entrega uma caneta da Aips/América para o jornalista Gabriel. Rotta. Foto/ Antônio Assis
Os cronistas esportivos Manoel Façanha e Erick Castelhero, editor chefe da Gazeta Esportiva, durante visita as obras da Arena Amazônia. Foto/Manoel Façanha.
Aos olhares do pernambucano Aldeci Lima, os cronistas esportivos Francisco Dandão e Manoel Façanha entregam obra para Gabriel Cazenave (Aips/América). Foto/Antônio Assis
A bandeira da Acea marcou presença no congresso de Brasília-2016. Da esquerda para a direita: Aldeci Lima (PE), Manoel Façanha, Francisco Dandão, Wellington Leite (PI) e Alberto Casas. Foto/Acervo Manoel Façanha.
Os cronistas esportivos Manoel Façanha e Juca Kfouri posam para fotografia momentos antes da abertura do congresso de Maceió-AL. Foto/Manoel Façanha.
Os cronistas esportivos Manoel Façanha, Alano Maia e Carloto durante plenária de prestação de contas da Abrace, referente ao exercício de 2016. Foto/Antônio Assis.
O jornalista Manoel Façanha (penúltimo, em pé, da esquerda para a direita) durante registro da foto oficial da diretoria da Abrace (2017-2021). Foto/Acervo Manoel Façanha.
Congresso da Abrace, ocorrido na cidade de Fortaleza em 2017. Da esquerda para a direita: Garrincha (PI), Afonso Gomes (AC), Alberto Casas (AC), Francisco Dandão (AC), Manoel Façanha (AC) e Gilberto Correia (TO). Foto/Acervo Manoel Façanha
Os cronistas esportivos Manoel Façanha (AC) e Carlos Castilho (PA), abracianos de longas datas, durante o 43º Congresso da Abrace. Na imagem, ambos com a camisa da Acea. Foto/Manoel Façanha.
Os amigos abracianos: Alberto Casas (AC), Severino Rosa (in-memória), Eudes Toscano (PB), Aldeci Lima (PE), Manoel Façanha (AC), Francisco Dandão (AC) e Antônio Assis (AM). Foto/Raimundo Afonso.
No 43º Congresso da Abrace fui presenteado com o livro escrito pelo amigo paraibano e cronista esportivo talentoso, Eudes Toscano. “Tirando de Letra”, é o título da obra. Foto/Antônio Assis.
O cronista esportivo Manoel Façanha, vice-presidente regional Norte da Abrace, faz leitura do seu relatório a respeito dos problema regionais da categoria. Foto/Acervo da Abrace.
Gabriel Cazenave (Aips-América), Gil Correia (TO), Ernesto Ortiz Gomez (CPDU-Uruguai) e Manoel Façanha (Abrace) durante jantar dos congressistas de Brasília. Foto/Acervo Manoel Façanha.

 

 

Os cronistas esportivos Manoel Façanha (AC), Kleiber Beltrão (presidente da Abrace), Adolfo Silva (AP) e José Mira (SC) durante jantar de confraternização do congresso de Brasília-DF. Foto/Acervo Manoel Façanha.
Um brinde de nortistas e sulistas durante o congresso de Brasília. Da esquerda para a direita: Manoel Façanha (AC), Adolfo Silva (AP), José Mira (SC), Artur Eugênio e Sérgio de Carvalho (SP). Foto/Acervo Manoel Façanha.

 

Nesta trajetória de representante acreano na Abrace cheguei a participar de 16 congressos nacionais, um congresso internacional da Aips América (2012) e um jogos da Aips América (2018).

Certificado da  última participação do cronista esportivo Manoel Façanha  em congressos da Abrace

“Orgulho de ter obras na biblioteca do CRFB”

Na literatura esportiva eu tenho a dizer que, meu interesse começou quando da produção do meu TCC para a formação do curso de jornalismo (2006-2009) pelo Iesacre/Uninorte. Certa vez, com o trabalho realizado, o professor/padrinho Francisco Dandão comentou que aquele trabalho (tirei nota máxima na avaliação dos professores) poderia ser transformado num livro, isso pela sua importância de registro. A ideia não saiu da minha cabeça e então resolvi apresentar a proposta da criação do livro no projeto da Lei de Incentivo ao Esporte, em 2012. O projeto, para a minha felicidade, acabou aprovado e o livro “Jornalismo Esportivo no Acre na Era do Futebol Profissional” foi lançado no mês de dezembro do mesmo ano. Outras três obras ainda produzi em parceria firmadas com o professor Francisco Dandão e o jornalista carioca Augusto Diniz.

O livro “Jornalismo Esportivo no Acre na Era do Futebol Profissional” faz parte da biblioteca do Centro de Referência do Futebol Brasileiro (CRFB). Foto/Acervo Manoel Façanha

Um orgulho que trago nestes anos de labuta é o fato de alguns livros, textos e fotos de minha autoria estarem espalhados por diversas partes do país ou até fora (já participei de um congresso internacional de cronistas esportivos (Aips América, na cidade de Manaus, em 2012, onde na oportunidade distribui alguns livros de minha autoria e a peça “Futebol Acreano em Revista”). Também não poderia deixar de informar que na área de literatura esportiva, eu, o professor Francisco Dandão, além do jornalista Augusto Diniz, já termos contribuído com nossas obras para a biblioteca do Centro de Referência do Futebol Brasileiro (CRFB), fato esse que nos deixa deveras orgulhosos de nosso trabalho.

Cronistas esportivos brasileiros reunidos durante congresso da Aips/América na cidade de Manaus em 2012. Na mesa pode ser verificar peça do “Futebol Acreano em Revista”. Foto/Antônio Assis.
Em 2012, o cronista esportivo Manoel Façanha palestrou  na Ufac para os estudantes de Educação Física a convite do professor Nino (in-memória). Foto/Acervo Pessoal Manoel Façanha
O cronista esportivo Manoel Façanha entregou um exemplar da sua obra, “Jornalismo Esportivo no Acre na Era do Futebol Profissional”, para o irreverente Túlio Maravilha. Foto/Manoel Façanha.
Francisco Dandão e Manoel Façanha durante lançamento do livro “Grande Área. Net”. Foto/Arquivo Pessoal de Manoel Façanha.
Os escritores Augusto Diniz, Manoel Façanha e Francisco Dandão durante o lançamento do livro “Personagens do futebol acreano”. Foto/Cedida
O cronista esportivo Manoel Façanha recebia o carinho da madrinha Flora Diogenes (Atlético-AC) e do filho Cláudio durante lançamento de livro em 2014. Foto/Acervo Manoel Façanha

 “Tenho o hábito de colecionar memórias”

Na era digital, cronista esportivo Manoel Façanha garante ter mais de um milhão de imagens no seu acervo. Foto/Danto Freitas.
O jornalista Manoel Façanha já contribuiu com o material do futebol acreano para exposição no Museu do Futebol . Cedido

O meu hábito de colecionador de memórias iniciou ainda na minha época de estudante de primeiro grau da rede pública de ensino  (Escola Natalino da Silveira Brito). O tempo passou e a minha aprovação para o curso de História, em 1991, pela Universidade Federal do Acre (Ufac), fortaleceu ainda mais esse lado de colecionador de objetos ou imagens da nossa história.Com o passar dos anos durante a militância no jornalismo esportivo passei a contar com um vasto memorial de imagens, jornais entre outros, assim passando a ser uma referência local no que diz respeito a memória do esporte acreano, em especial, do nosso futebol. Na última década, colegas de imprensa sempre recorrem aos meus arquivos para fechar uma pauta, principalmente quando o assunto já tem décadas do ocorrido. Como sempre tive um visão de coleguismo, sempre procuro atendê-los no sentido de ajudar para o engrandecimento da memória do personagem, clube, federação, associação que está em pauta. Também já contribui com orientação, entrevistas, textos e imagens para diversos acadêmicos dos cursos de Jornalismos e Educação Física.

Por fim, nos últimos anos, tenho me dedicado um pouco mais às pesquisas em jornais locais. Neles coleto textos, imagens, fichas técnicas de jogo e algo mais que venha a me interessar, seja na esfera política, esportiva ou cultural. Também quero expressar que muitos desses trabalhos realizados são para atender a pedidos de alguns amigos pesquisadores de diversas partes do país para a elaboração de textos ou almanaques de clubes do futebol brasileiro.

“Há mais de uma década trabalho de forma independente”

O cronista esportivo Manoel Façanha fala da nova tendência que virou moda no mercado de trabalho no jornalismo esportivo local. Foto/Sérgio Vale

Há mais de uma década sigo a minha militância no jornalismo esportivo com uma produção independente (sem salário fixo, apenas com uma ajuda de custo para não bancar do próprio bolso as despesas das coberturas). Essa nova realidade virou uma tendência no mercado do jornalismo esportivo local, após o fechamento das redações dos jornais impressos e a política de baixos salários pagos em outros meios de comunicação. Sem uma alternativa a recorrer, boa parte desses profissionais tiveram que se adaptar à nova realidade do mercado de trabalho e passaram a criar o seu próprio meio de produção (site ou blog). Eu, por exemplo, após a saída do jornal O Rio Branco, em 2015, firmei uma parceria de quase nove anos no jornal Opinião (até março de 2024, quando resolvi romper e, posteriormente, firmar uma parceria com o site Acre News).

O cronista esportivo Manoel Façanha durante fechamento de pauta no estádio Arena da Floresta. Foto/Sérgio Vale.

Também quero compartilhar que no próximo mês de agosto o site Na Marca da Cal chegará ao quinto ano de sobrevivência, mas quando achar que eu já dei minha contribuição não relutarei em colocar um ponto final nesta peça que serve de referência para muitos pesquisadores e amantes do futebol.

O cronista esportivo Manoel Façanha durante a pandemia do novo coronavírus fez coberturas das arquibancadas do estádio Arena da Floresta. Foto/Acervo Pessoal Manoel Façanha.

Por fim, quero confidenciar que resolvi usar essa introdução acima para informar que boa parte da comunidade esportiva não conhece a realidade da sobrevivência do jornalismo esportivo local e, também, para dizer que, apesar de alguns conhecerem a nossa realidade nua e crua, preferem ignorar essas particularidade e ainda achar que temos por obrigação realizar as coberturas de seus eventos com o dinheiro do nosso próprio bolso. Sendo que, algumas dessas entidades recebem dinheiro do contribuinte, seja através de convênios firmados com o Governo do Estado ou de emendas parlamentares.

Neste sentido, acredito eu que, após essa imensa “carta” pública, a crônica esportiva acreana merece mais apoio do setor empresarial/comercial e também do poder público para continuar contribuindo com a fomentação do desporto local. Caso contrário, a tendência será pela drástica redução desses profissionais no mercado de trabalho e, consequentemente, a perda de cronistas esportivos qualificados e com vasta folha de serviços prestados ao desporto.

E pra finalizar esse nosso “esclarecimento”, quero lembrar aos “inquisidores” de plantão das redes sociais que eu não sobrevivo dos ganhos financeiros da minha atuação como cronista esportivo. Sou apenas mais um colaborador nato, assim como tantos outros, mas preciso cobrir os meus custos da minha produção jornalística para não fomentar o desporto com o dinheiro do meu próprio bolso, pois já fiz até demais durante essas quase três décadas de militância (compra de equipamentos, gasolina, pneu de carro etc…).

Restando alguns minutos para o encerramento de uma partida do Campeonato Acreano de 2018, o cronista esportivo Manoel Façanha se encaminha para o portão de saída para agilizar o fechamento da pauta. Foto/Sérgio Vale.
Fac símile da pagina de Esportes do jornal Opinião de 28 de janeiro de 2018