Um dia desses eu publiquei numa rede social uma fotografia de três craques do passado do futebol acreano. Mais precisamente uma fotografia onde apareciam com a camisa do Independência, campeão estadual de 1970, os excepcionais atacantes Aldemir Lopes e Jangito e o goleiro Illimani.
Naturalmente, uma fotografia como essa desperta as melhores recordações dos torcedores mais antigos, sujeitos já de algum tempo entrados na terceira idade, que gastaram (talvez esse não seja o verbo mais exato) muitas das suas tardes de corpo presente no Stadium José de Melo.
Cabe esclarecer a essa altura da crônica que durante as décadas de 1960 e 1970 era praxe ser jogada uma partida do campeonato de juvenis como preliminar do jogo principal. Os campeonatos dos adultos e dos juvenis eram jogados no mesmo período de tempo. Rodada dupla: juvenis e adultos.
Como não existiam refletores que permitissem jogos noturnos, na maioria das vezes os juvenis faziam a preliminar sob um sol de fritar ovo no asfalto. Mas nenhum atleta dessa categoria menor reclamava das condições ambientais. Jogar a preliminar era a oportunidade de ser visto pela galera.
Fiz uma digressão nos dois parágrafos anteriores, mas volto para o fio da meada, que foi a publicação da foto dos craques do Independência numa rede social. Fato esse que ensejou a intervenção de alguém, perguntando por onde andaria um juvenil da época conhecido pelo nome de “Dibleta”.
Eu fui contemporâneo do Dibleta, em 1972, como integrante do elenco juvenil do Rio Branco. Eu, volante; ele, atacante de referência. Nem eu nem ele jamais conseguimos a titularidade. Na posição em que a gente jogava havia uns meninos mais velhos que eram os donos das camisas 5 e 9.
Mas o que eu quero dizer mesmo é que o Dibleta (que eu também não sei por onde anda) jogava pra caramba. Cara de extrema habilidade, driblador fantástico, ele fazia o que bem entendia com a bola. E que talvez não tenha crescido no futebol por falta de paciência de esperar sua vez.
Aliás, o Dibleta fazia parte de um trio que se apresentou junto para treinar nos juvenis do Rio Branco. Calçando sandálias de dedo e com tênis Ki-chutes numa mochila, todos oriundos do bairro do Papoco, chegaram ao “José de Melo” as promessas de craques “Mica, Dibleta e Baladeira”.
O Mica e o Baladeira jogavam, respectivamente, nas extremas direita e esquerda. O Dibleta era homem de área. A questão, para azar do trio, na busca de despontar para o futebol acreano, é que o ataque juvenil do Estrelão de 1972 era formado por Guino, Abacate e Zé Garça. Não dava mesmo!