Migração rondoniense

Desde o início da década de 1970, muito antes, portanto, do advento do regime profissional, que os clubes do futebol acreano abriram as portas para a importação de jogadores. Se não estou enganado, o Rio Branco e o Andirá é que começaram esse movimento de buscar atletas de fora.

Aí por volta de 1971, chegou ao Rio Branco uma penca de bons jogadores. Casos do volante Padreco e do atacante Fernandinho, oriundos do Paraná. E casos dos armadores Vale e Adauto, ambos extremamente técnicos, que até hoje eu não sei exatamente as suas respectivas origens.

Mas vieram muitos outros, como Ely e Roberval, dois atacantes, que o Estrelão foi buscar em Boca do Acre; Tadeu, Mário Vieira, ambos volantes, e Cleiber, zagueiro, que migraram do futebol amazonense; Luís Carlos, zagueiro, chegado do Rio de Janeiro; Assis, Peroaba… Muitos!

Já no Andirá, cuja família fundadora era influente na política acreana, também nos primeiros anos da década de 1970 chegou um grupo bem encorpado. Enquanto escrevo, lembro de alguns nomes, como os atacantes Luís França e Sabará, os zagueiros Dário e Pará, e o goleiro Duplanir.

O futebol era amador, mas quase todos os clubes pagavam muito bem os seus atletas. Os caras vinham para o Acre com um salário fixo, mais alojamento e comida. E alguns até conseguiam empregos públicos. Vários, inclusive, por conta dessas comodidades, jamais voltaram para seus estados.

No meio desse movimento todo, o que me chamou a atenção por esses dias de lembranças foi o número de jogadores do estado de Rondônia transferidos para o Acre. Isso tanto no tempo do amadorismo quanto depois da mudança para o profissionalismo, a partir de 1989. Uma verdadeira tropa!

Vejam só a quantidade de craques que migraram de Rondônia para o futebol acreano: Manoelzinho, Chicão, Chiquinho e Neórico (zagueiros); Bolinha e Said (armadores); Pintão e Ananias (laterais); Ronildo, Caíca, Babá e Zé Rebite (atacantes); Dida (goleiro). Entre outros, muitos outros.

E todos eles jogaram em alto nível pelos clubes que os contrataram. Receberam, de modo geral, uma grana legal pelos seus serviços, mas retribuíram jogando muita bola e até ganhando títulos importantes. Alguns, como o Ananias, foram campeões a perder de vista no futebol do Acre.

Ao contrário, porém, igualmente me ocorre enquanto escrevo, foram poucos os jogadores acreanos que migraram para o futebol de Rondônia. Um ou outro gato pingado. Lembrei agora do Paulinho Pontes, do Tom e do Eli Roberto. Essa viagem de mão quase única merece um estudo. Merece sim!