Monstro

Qualquer criatura que chegue ao estrelato, a partir do seu desempenho, seja ele artístico ou técnico, passa à condição de vitrine. E então, por conta disso, tudo que essa tal criatura venha a fazer, até os seus mínimos gestos, qualquer declaração, ganha uma repercussão exponencial.

Uns anos atrás, quando Neymar, o maior craque brasileiro da atualidade, ainda jogava no Santos, um técnico rival, depois de uma explosão de cólera do jogador, alertou para a necessidade de discipliná-lo, sob a condição de, caso isso não fosse feito, o atleta virar um monstro.

O técnico, esse deu uma sumida do noticiário. Provavelmente tirou um ano sabático, em reclusão voluntária depois da última demissão. Neymar, por sua vez, depois de chegar ao futebol francês, brilha cada vez mais, ao ponto de ser indicado para o prêmio de melhor jogador do mundo.

Jogador mais caro da história do futebol, Neymar não deixa pedra sobre pedra por onde passa nas suas arrancadas rumo às traves adversárias. As mais sólidas muralhas, os cofres mais invioláveis, todos ao seu tempo vão ruindo ou se abrindo a cada toque desse verdadeiro mago do esporte.

Vê-lo em ação é estar eternamente na iminência de presenciar o inusitado. Eu diria que as atitudes dele como jogador de futebol materializam a teoria da relatividade proposta por Einstein. O tempo e o espaço se dobram diante dos gestos dele. Num toque a fantasia vira o real.

Para mim, até aquela história difundida por alguns detratores de que ele joga mais no chão do que em pé não se sustenta. As quedas dele não são mais do que estratégias para evitar uma contusão mais séria. Não são tentativas de lograr a arbitragem. Isso jamais. Ele cai para não ser quebrado.

Tanto isso é verdade que ele praticamente não sofre contusão. A não ser quando algum zagueiro criminoso o ataca pela retaguarda, como foi o caso daquele colombiano que desferiu-lhe uma joelhada nas costas num jogo da Copa do Mundo de 2014. Ali ele não teve chance alguma de defesa.

Quanto ao prêmio de melhor do mundo, é só uma questão de tempo para Neymar ganhar mais essa láurea. Melhor que seja logo, para que ele tenha condição de vencer várias vezes, incentivando-o a aumentar o seu já vasto repertório de magia. Mas se não for agora, certamente será depois.

Então é isso, meus caros. A profecia do técnico ao qual eu me referi lá no primeiro parágrafo deste texto acabou, de certa maneira, se realizando. Neymar virou um monstro. Mas um “monstro sagrado”. A bola lhe rende homenagens só destinadas aos mais ardentes e carinhosos amantes. Cracaço!